Só amigos?

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O céu do começo da tarde cria uma atmosfera quente e acolhedora que contrastava com a agitação típica da saída das aulas. Oliver esperava pacientemente na frente da escola, as mãos no bolso e um sorriso gentil nos lábios, observando os colegas passarem apressados em direção às suas casas.

Não demorou muito para que Beatrice aparecesse, seu uniforme impecável e seus cachos castanhos caindo suavemente sobre os ombros. Ela acenou para Oliver, os olhos brilhando de alegria ao vê-lo ali à sua espera. Os dois se aproximaram e trocaram cumprimentos amigáveis, compartilhando sorrisos cúmplices que denotavam a forte ligação entre eles.

Antes que pudessem iniciar uma conversa mais profunda, um jovem alto e moreno aproximou-se, com um sorriso malicioso nos lábios. Era Zack, o irmão mais novo de Beatrice, conhecido por sua personalidade extrovertida e seu jeito brincalhão. Ele lançou um olhar travesso para Beatrice e começou a relembrar histórias constrangedoras da sua infância, envolvendo situações hilárias e embaraçosas que a garota preferiria esquecer.

Oliver ouvia as histórias com um misto de surpresa e diversão, observando a forma como Beatrice reagia. Em vez de se irritar ou se envergonhar, ela entrava na brincadeira, rindo junto com Zack e admitindo as trapalhadas infantis com um sorriso nos lábios. Sua capacidade de rir de si mesma era encantadora e revelava sua personalidade cativante, capaz de transformar momentos constrangedores em memórias divertidas.

O sol da tarde invadia a sala de aula, iluminando as carteiras e as paredes decoradas com pôsteres de ciências. O professor de química, Sr. Martins, anunciava os grupos para o trabalho prático da semana, que consistia em criar um composto químico usando os elementos disponíveis no laboratório. Beatrice, Oliver e Agatha foram designados para trabalharem juntos, o que gerou um misto de emoções na turma. Beatrice era a estudiosa e aplicada, Oliver o popular e carismático, e Agatha a garota gótica e misteriosa.

Em seguida, os três alunos se reuniram no laboratório, cada um responsável por uma parte do experimento. Beatrice lia atentamente as instruções do professor, Oliver misturava os componentes com destreza e Agatha observava tudo com seus olhos verdes porém escuros e intensos.

Enquanto trabalhavam juntos, uma pequena tragédia aconteceu. Beatrice, distraída, derramou um frasco de ácido em seu pé desprotegido, causando uma queimadura dolorosa. Ela soltou um grito de dor e segurou o pé, lágrimas brotando em seus olhos.

Sem hesitar, Oliver correu até ela e a pegou no colo, ignorando as roupas manchadas de químicos. Seu rosto estava sério e determinado, seu coração batendo forte de preocupação. Ele a levou rapidamente até a enfermaria, onde a enfermeira de plantão, Sra. Madeleine, estava pronta para ajudar.

A enfermeira fez um curativo cuidadoso no pé de Beatrice, aplicando pomada e cobrindo a queimadura com uma gaze esterilizada. Beatrice sentia uma mistura de dor e gratidão por ter Oliver ao seu lado, segurando sua mão com firmeza e transmitindo-lhe força e apoio.

Enquanto a enfermeira terminava o curativo, Oliver olhou nos olhos de Beatrice com doçura e preocupação. Seu toque era gentil e reconfortante, como se quisesse transmitir toda a sua energia positiva para ela. Beatrice sorria levemente, sentindo o calor da mão de seu amigo como um bálsamo para sua dor. Quando finalmente o curativo estava pronto e Beatrice estava mais calma, Oliver a ajudou a se levantar da maca e a levou de volta para a sala de aula. Os outros alunos olhavam curiosos vendo a cena de cuidado e “amizade” entre os dois. Eles suspeitavam que existia algo a mais entre eles.

Oliver caminhava calmamente pelos corredores movimentados da escola em direção à cantina, pensando nas tarefas que ainda precisava terminar para a próxima semana. Seus passos eram firmes e determinados, sua mente focada no que precisava ser feito.

No entanto, seu trajeto foi interrompido abruptamente quando uma voz melodiosa e cheia de entonação o chamou. Ele virou-se e deparou-se com Erica, a líder de torcida mais bonita da escola, com seus cabelos loiros e olhos azuis hipnotizantes. Ela sorriu para Oliver de forma sedutora, deixando claro o interesse que nutria por ele.

Erica se aproximou, com um brilho provocador nos olhos, e começou a elogiar Oliver pela sua beleza e inteligência. Ela fez questão de ressaltar que ele se destacava dos outros colegas, não sendo mais um dos garotos que estavam caidinhos por ela. O elogio causou um misto de surpresa e desconforto em Oliver, que não estava acostumado a esse tipo de abordagem direta.

A líder de torcida continuou sua investida, perguntando o que Oliver via em Beatrice, uma garota simples e sem grandes atrativos. Erica confessou seu ódio pela garota, evidenciando o ciúme e a inveja que sentia em relação a ela. Ela queria saber se Oliver realmente gostava de Beatrice e o que ele via nela, já que a considerava como uma amiga tão próxima.

Oliver piscou surpreso diante da pergunta direta de Erica, ponderando suas palavras com cuidado antes de responder. Com sinceridade, ele explicou que não via Beatrice como uma possível namorada, mas sim como uma amiga preciosa e fiel, alguém em quem confiava e admirava profundamente. Seus sentimentos por ela eram puros e desprovidos de segundas intenções amorosas.

Enquanto Oliver falava, Beatrice observava a cena de longe, seu coração apertado pela revelação do amigo. Ela sentia-se magoada por perceber que Oliver não a via como uma mulher, mas apenas como uma amiga ou irmã. A dor da rejeição embalou seus pensamentos, deixando um gosto amargo em sua boca e um nó apertado em seu peito.

Os olhares de Beatrice e Oliver se cruzaram por um breve instante, comunicando silenciosamente uma tristeza mútua e uma sensação de incompreensão. Enquanto Erica seguia sua investida sedutora, os dois amigos sabiam que algo havia mudado entre eles, trazendo à tona emoções complexas e complicadas. E, naquele momento de vulnerabilidade, o destino parecia ter preparado uma reviravolta inesperada em suas vidas.

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