Segundo mês

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2 meses, 2 fudidos meses.
Jamais vou me acostumar a não ter a sua presença e acho que você já não se importa mais em não me ter ao seu lado. Fica confuso, eu sei. Mas não recebo mais as suas mensagens e não vejo mais nada da sua vida. A segunda parte é minha culpa, mas a primeira... uma coisa pela qual jamais vou te perdoar.
Na verdade, capaz de eu perdoar, porque sou completamente besta por você.
IDIOTA.
É isso que eu me considero.
Você fugiu.
Foi embora.
Me deixou.
Me deixou como todos aqueles que passaram pela minha vida, menos o Pedro, ele infelizmente ou felizmente, não sei dizer, fica.
Minha exposição foi um sucesso e vou abrir uma na Bahia. Uma agência de moda importantíssima gostou do meu trabalho e quer levar um pouco da exposição pra Salvador. Vou ficar 3 meses lá, vivendo e aproveitando um dos lugares mais lindos que tem.
Viu, Ana Carolina? 3 meses e não infinitos anos.
Tô indo na próxima semana mesmo, não tem nada que me prenda aqui e acho que vou gostar desse tempo sozinha, mais sozinha na verdade.
Ok, fiz um pouco de drama. As meninas me ligam constantemente e sempre estamos nos reunindo, acho que isso tem um pouco de dedo seu, pelo menos gosto de acreditar que mesmo de longe está cuidando de mim.
Então, obrigada por isso. Obrigada por tentar consertar um pouquinho do que você quebrou.
Voltando a exposição, terá várias fotos da Tais, então ela vai na inauguração. Helena disse que também quer ir, então no final estou vendo que todas elas aparecerão por lá. Eu gosto disso, finalmente me sinto parte de um grupo e sinto que elas se preocupam de verdade comigo. Não é como na época do curso de inglês onde eu era apenas a irmã do Bruno, do garoto popular. Me sinto parte delas e sinto que sem elas tudo estaria pior, acho que é isso que as amizades fazem, consertam partes suas que não foram elas que quebraram.
As meninas estão sempre neutras, eu não sou de falar muito sobre os meus sentimentos, mas elas sempre procuram entender meu lado e nunca deixaram você de fora, por mais que eu tente deixar. São imparciais e parecem estar próximas de você até hoje, mas eu não pergunto sobre isso, só sinto.
Bom, vou arrumar as minhas coisas e deixar essa cidade. Vou tentar esquecer você nessas semanas e me dedicar como nunca a fotografia, ela que tem me salvado.
Outra coisa, Helena está mais do meu lado que nunca. Muito estranho, até improvável, mas eu gosto de não ser a única maluquinha do grupo.
Como eu sempre digo, espero que esteja feliz e realizada no seu novo laboratório. Espero um dia poder compartilhar dessa felicidade contigo sem sentir nenhuma tristeza.
Quando sair a exposição, não vou te chamar e espero que você não brigue comigo. Só sei que você não vem e não estou pronta pra ter essa realidade escancarada na minha frente.

Cartas para Ana CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora