Quinto mês

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Não sei o que falar... agradecer? Te ligar? Mandar uma mensagem? Não sei mesmo. A Taís tá insistindo pra eu te ligar e por incrível que pareça, Helena também . Só que não sei como reagir, não tinha que ter sido dessa forma.
Hoje depois de cinco longos meses, tenho que te agradecer, mas não pelas flores.
Estranho, eu sei. Só que eu sou estranha e você mais do que ninguém, sabe disso. Eu passei a minha vida inteira ligada as pessoas, tinha um sério problema em não me achar sozinha e finalmente consegui.
Estou falando isso, porque passei minha vida toda ligada ao Bruno, mesmo após a sua morte e quando nós nos reencontramos, me liguei a você. Me liguei ao amor que sentia, a paixão que floresceu e pela nossa amizade. Achei que seria insuportável viver num lugar onde você não estivesse, mas eu aprendi. Não só aprendi como gostei. Acho até um crime falar isso, mas como ninguém nunca vai saber, tudo bem.
Eu aprendi a ser eu, a achar a minha melhor versão e a fazer as coisas que EU gosto. Tem noção do quanto isso é importante pra mim? As meninas falam que estou no meu melhor momento, no meu maior período de felicidade, de aceitação e compreensão e quer saber? Elas estão mais que certas.
Cada uma do seu jeitinho me fez perceber e entender diversas coisas. E se antes eu dizia que não precisava delas, hoje eu continuo dizendo, mas a diferença é que eu prefiro e gosto de estar com elas.
A Lígia me ensinou que a gente não precisa das pessoas, não estou falando de convívio social, mas de uma em específico. Eu não preciso de você pra ser feliz, não preciso do Bruno pra viver e nem do Pedro pra cuidar de mim.
Claro que seria mais divertido com você aqui, eu amaria. E óbvio que eu amo o fato do meu irmão sempre estar preocupado e me cuidando, mas sei que hoje eu consigo sozinha.
Acho que esse é o verdadeiro sentido da liberdade. Não sei ao certo explicar qual é, mas eu sinto em tudo que escrevi até aqui. A terapia me fez entender muitas coisas, me rendeu muitas noites trancadas no quarto chorando, mas também me rendeu momentos de felicidade que jamais esquecerei.
Então... obrigada, Carol. Por me ensinar mesmo de longe e com a sua passagem na minha vida, pelas flores maravilhosas também. Acho que eu já posso voltar a ser sua amiga e ter contato se ainda quiser. Vou te ligar, sério mesmo. Sinto que consigo entender seus sentimentos agora, mesmo aqueles que você não explicou. Na verdade, não é entender, mas compreender e aceitar que os sentimentos eram meus, eu tinha que lidar. Por mim eu me afastei de você, porque era doloroso te ver partir, era doloroso ficar longe. Mas agora, agora eu acho que consigo me fazer presente mesmo de longe. Talvez algumas chamadas de vídeo? Não conheço sua casa e nem o seu trabalho, acho que valeria a experiência.
Por mais que você não saiba de tudo que aconteceu até agora por mim, espero um dia desses criar coragem e mandar uma mensagem. Sinto sua falta.
Um beijo,
Natália Cardoso.
Obs: primeira carta que eu assino e consigo te dar um tchau, acho que evoluí nisso também.

*Gente, finalmente chegou a última carta e o próximo capítulo já começam as narrações e a história em si. Espero que estejam gostando. Tô muito ansiosa pra lançar a primeira narração e vocês verem um pouco do ponto do vista da Carol. Beijinhos

Cartas para Ana CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora