Clarissa
Sento-me à mesa de jantar, coloco a pasta parda na superfície à minha frente e apenas olho para ela. Vinte minutos se passam antes que eu tenha coragem de abrir a pasta e tirar os papéis. Pego uma caneta do copo, coloco a ponta no início da linha pontilhada no canto inferior esquerdo e começo a assinar meu nome. Minha visão turva e lágrimas caem dos meus olhos, caindo no papel abaixo e manchando a tinta. Merda.
Amasso o documento arruinado, pego outra cópia da pasta e começo de novo. Em algum lugar na terceira página, minha mão começa a tremer, mas continuo assinando. Na quinta, eu desmorono e começo a soluçar. Eu nem consigo mais ver o maldito papel, então me levanto e saio da cozinha para me acalmar. Levo mais de duas horas para assinar as três cópias dos papéis do divórcio. Então, eu os selo em um grande envelope, escrevo o endereço de Jimin e ligo para o mensageiro.
Jimin
– Isso acabou de chegar. – Varya me entrega um grande envelope branco. – É de Clarissa.
Rasgo a lateral do envelope, tiro uma pasta com um conjunto de papéis dentro e coloco na minha mesa sem abri-la.
– É melhor não ser o que eu acho que é. – eu zombo com os dentes cerrados, abro a pasta e olho para o primeiro documento.
– Jimin? O que está acontecendo? – Varya pergunta e dá a volta na mesa para ficar ao meu lado.
– Ela quer o divórcio.
Eu agarro a mesa e lanço a maldita coisa em direção ao centro da sala, onde ela cai de cabeça para baixo, enviando o laptop e os papéis pelos ares.
– Ela não vai conseguir a porra do divórcio! – Eu grito.
Clarissa
Os papéis voltam dois dias depois. De pé na porta, rasgo o envelope, tiro os papéis e olho para a linha no canto direito onde está escrito o nome de Jimin. Acima dela, na linha pontilhada onde deveria estar sua assinatura, um grande "Não" está escrito em tinta vermelha. Viro a página. O mesmo grande "Não" vermelho neste. E no próximo. E o próximo.
– Maldito seja, Jimin.
Pego meu telefone e ligo para meu advogado.
– Preciso de mais cópias dos papéis do divórcio.
Eu envio os papéis novamente no mesmo dia. Eles voltam um dia depois, mas em vez de sua assinatura, todo canto inferior direito está queimado.
Da próxima vez que recebo o envelope de volta, não há papéis dentro. Em vez disso, há um monte de cinzas brancas.
Quero gritar e rir ao mesmo tempo, mas acabo chorando de novo. Na manhã seguinte, decido que já chega, pego meu telefone e ligo para ele. Ele atende no primeiro toque.
– Clarissa. Você recebeu minha resposta, eu presumo.
Só de ouvir sua voz me dá vontade de chorar, mas eu me preparo e tento o meu melhor para soar normal.
– Eu preciso que você assine os papéis do divórcio.
– Não.
– Jimin, por favor.
– Eu não estou dando a você a porra do divórcio! – ele grita ao telefone. – Você me deixou, e essa foi sua escolha. Essa é a minha.
– Você quer saber o que eu quero Jimin? Você ao menos se importa?
Ele suspira.
– O que você quer, Clarissa?
– Eu quero pelo menos uma vida remotamente normal, Jimin. Quero alguém que não decida brincar de Deus e servir à sua própria justiça, matando pessoas de quem não gosta. Eu não quero testemunhar isso. Brian era um bastardo, mas eu não queria que ele fosse morto por minha causa. Eu nunca quis isso na minha consciência. Eu lhe pedi e implorei que deixasse estar. E você o estripou como um porco. Ainda tenho pesadelos com aquela noite, Jimin.
Respiro fundo antes de continuar.
– Eu não posso viver em seu mundo, Jimin, onde eu fico fodida de medo toda vez que você vai fazer algum acordo ou algo assim. Achei que podia, mas não posso. Você tem alguma ideia do que isso fez comigo, ficar sentada na janela a noite toda enquanto você estava fora a negócios? Imaginei você em uma vala em algum lugar e esperei que eles o trouxessem de volta, baleado ou morto! Mas acima de tudo, não posso viver com a possibilidade de que um dia você decida estripar outra pessoa só porque ele me olhou de um jeito engraçado, ou algo assim. Não posso! Está me destruindo de dentro para fora. O que você fez com Brian, está me comendo. Essa culpa, saber que alguém está morto por minha causa. Eu não posso comer. Eu não consigo dormir. Continuo vendo seu corpo coberto de sangue, pedaços de seus dedos no chão. Deus, Jimin... Não consigo desver todo esse sangue em suas mãos.
Estou soluçando tanto no final que não tenho certeza se ele entendeu nem metade do que eu disse.
– Você entende, Jimin?
Há apenas silêncio do outro lado da linha, e começo a me perguntar se ele cortou a conexão quando finalmente ouço sua voz.
– Sim. Eu entendo. – ele diz, e a linha fica muda.
Um dia depois, chega outro envelope. Eu abro e vasculho os papéis. Ele assinou. Olho para a assinatura dele e dói tanto que, a princípio, nem vejo o bilhete escrito no topo da página.
"Se você precisar de mim, você sabe o meu número. Se você não quer ter nada a ver comigo, ligue para Maxim ou Mingyu. Eu os instruí que, caso você ligue, eles devem fazer o que você pedir, e não compartilhar comigo. Por favor, ligue para Varya de vez em quando. Ela sente sua falta. Tome cuidado, malysh."
Agarro o bilhete no meu peito enquanto meu coração se quebra em um milhão de pedacinhos.
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Cicatrizes pintadas: enemies to lovers (romance da máfia) - Imagine Park Jimin
Fanfiction(CONCLUÍDA) Clarissa Encantador, cativante e sedutor, E um assassino a sangue frio. Mas me casei com o Pakhan da Bratva russa de qualquer maneira. Eu precisei. Era parte do acordo. Agora, estou fingindo felicidade conjugal, Enquanto eu tremo de medo...