Até agora me rememoro do momento,
Do dia em que eu disse
Que me vivenciava falha,
Que me tinha um desastre,
Que me conhecia azarada,
Que experimentava atrair tudo de ruim
Enquanto tudo de bom que me atrai
Parecia que se repelia sobre mim.
Você me presenteou
Com um olho lindo e refinado,
Um olho para o meu dia,
Um olho para a minha noite.
Um belo de um colar.
Você acredita afastar o mal,
Um louco acredita atrair azar,
Eu acredito que o olho me aproxima das nossas memórias juntas.
Mas sistemas de crenças expiram,
Se deterioram,
Se desconstroem
E abrem espaço para crenças novas.
Sua crença vai morrer aparelhada à humanidade,
A crença dele vai morrer ligada à uma pequena parte dela,
A minha morrerá comigo, no íntimo da minha mente.
Porque construções sociais não são nativas da natureza.
Construções caem com o tempo, sempre caem.
Mas até lá eu acreditarei e tirarei energias,
Forças do meu olho de presente.
— Feliz aniversário.
— Muito obrigada.
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A Garota que Engolia Navalhas
PoesiaDesespero, desesperança, insuficiência, murmúrios, lamentos e criação. Tecendo com os fios da própria agonia como uma navalha afiada, cortando fundo nas feridas da própria existência fragmentada. Descubra a beleza sombria dos poemas que emergem de u...