Eu to voltando pra onde eu sangrei pra sair.
Foram caminhos pra eu me tirar daqui,
Talvez seja um tanto imbecil,
É que as coisas tem seguido um rumo hostil.
Eu vou voltar
Para o lugar
Que pra me tocar e fugir,
Eu tive que sangrar,
Sangrar pra sair.
Eu vou voltar,
Não por desejo
Mas por vício,
Afundar-me no abismo.
Prefiro deitar sob espinhos
Do que não ter onde deitar,
Eles machucam
Mas ao menos estão lá.
Não é o que eu preciso,
Não é o que eu mereço,
Não é o que eu quero,
Mas é o que eu tenho,
E isso já basta.
Quem só aceita luxo, não teve que sobreviver com migalhas,
Luxo de não ser chamada por outro nome,
Luxo de não ser referida como outro,
Luxo de não ser desprezada por boa parte do mundo
Por causa de tecido, pintura e vibração de ar.
Nunca entenderiam as migalhas,
Migalhas de ser a única faminta,
Com fome da própria identidade.
É por isso que eu vou voltar,
Voltar pra onde eu sangrei pra sair.
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A Garota que Engolia Navalhas
PoezjaDesespero, desesperança, insuficiência, murmúrios, lamentos e criação. Tecendo com os fios da própria agonia como uma navalha afiada, cortando fundo nas feridas da própria existência fragmentada. Descubra a beleza sombria dos poemas que emergem de u...