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Merliah.

Depois de vestir uma saia e uma blusinha preta de manga que marcava minha barriguinha me sento no banquinho que tinha ali e começo a enrolar um esparadrapo no meu corte da perna sentindo uma dor infernal. Guilherme sai do banheiro cheirando a um perfume que ele sabe muito bem que me deixa enjoada e eu vomito sempre. Termino de enrolar o esparadrapo na perna, me levanto do banquinho procurando alguma sandália confortável e que sirva no meu pé que tá parecendo um pão de tão inchado que tá.

GM: Cê tá achando que vai com esse corte e esse olho roxo amostra? Pode ir colocar uma calça e passar uma maquiagem.

Eu: A única calça que me serve tá toda suja de sangue e meu olho tá doendo muito Lara passar maquiagem por cima. — Respondo ele enquanto continuo procurando uma sandália que logo acho e me sento na cama, no mesmo segundo sinto um puxão no meu cabelo que me faz cair deitada de mal jeito na cama, gemo de dor sentindo minha perna bater na cama e minha costela doer.

GM: Tô mandando você tampar esses caralho, quero saber se tá doendo não porra, mandei você tampar e você vai.

E de novo sinto as lágrimas rolarem pelo meu rosto, o bebê se mexe me fazendo sentir um desconforto na barriga, coloco a mão por cima sentindo um chute na minha mão e sorrio em meio das lágrimas de dor.

GM: Seus vinte minutos acabam daqui cinco minutos, se você não dar um jeito eu vou dar.

Guilherme abre o guarda roupa pegando uma roupa e volta para o banheiro. Me levanto da cama desamarrando meu cabelo pegando uma base e um pó, me sento na cama apoiando meu celular na cabeceira da cama e desbloqueio o mesmo indo até a câmera, o rosto manchado por lágrimas e o olho roxo me fazem pensar o motivo de eu ter subido esse morro para vir no baile em busca de diversão, desobedeci a minha avó e vim a esse maldito baile.

Minha avó sempre falava que se eu subisse e algum bandido sentisse atração por mim eu nunca mais sairia daqui e ela estava coberta de razão.

Faço uma maquiagem leve e prendo metade do cabelo deixando o resto solto, minha raiz preta já está me incomodando mas nunca que o Guilherme deixaria eu ir no salão retocar o loiro, na última vez que eu fui junto com a Vanessa foi motivo de eu apanhar por uma hora e ficar sem comer por dois dias seguidos.

GM: Tá linda, paixão — Sua voz me dá nojo, ele me dá nojo e repulsa. — Coloca uma calça, princesa.

Os apelidos carinhosos depois das agressões eram sempre os mesmos, ele sempre fazia isso porque em um dos nossos primeiros encontros eu fiz questão de falar para ele o quanto eu amava ser chamada de forma carinhosa.

Guilherme tinha o cabelo preto, cheio de tatuagens pelo corpo, inclusive o nome de uma das amantes dele, ele fez questão de tatuar após uma de nossas brigas, a tatuagem só nome Isabelly se destacava no seu antebraço. Ele estava vestido por uma calça preta e uma camisa azul escuro da Lacoste.

Eu: Eu já te falei que tá suja. — Repito calçando a minha sandália e saindo do quarto seguida por ele. — Se você faz tanta questão de mim lá vai ser vestida assim.

GM: Se perguntarem alguma coisa fala que você caiu por cima de umas garrafas quebradas na rua. — Solto uma risada irônica desacreditada no que acabei de ouvir.

Eu: Você mais do que eu sabe que todo mundo já sabe o que você faz comigo dentro dessa casa, acha mesmo que vão acreditar nesse papinho seu? — Sua mão passa pela minha cintura me arrastando até a rua onde seu carro estava estacionado.

GM: Foda se então caralho, só eu sei o que eu passo contigo me confrontando.

Eu: Te confrontando o caralho, Guilherme, e mesmo se eu estivesse te confortando isso não justifica as agressões. Cara, você já me deixou internada por uma semana, você matou a minha avó, Guilherme. — Grito a última frase e vejo os olhares de dó de alguma dos seus seguranças que ficava seguindo ele para onde ele ia.

No dia que eu recebi a notícia que o Guilherme tinha matado a minha avó, meu mundo caiu, ali eu já sabia que a única família que eu tinha, tinha acabado de morrer pela pessoa que prometeu cuidar de mim para ela. Minha avó nunca foi a favor do nosso casamento, ela sempre falava que na primeira oportunidade Guilherme tentaria me matar, e ela não mentiu.

GM: Matei e mato de novo se for preciso, caralho. — Ele grita e eu fico sem emoção nenhuma, ele abre a porta do passageiro me jogando ali dentro e entra pela porta do motorista. — Eu tento ficar de boa contigo e você sempre vem com essas porra, se ela não tivesse feito nada eu não tinha matado ela caralho.

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