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Martin.

Acordo com o barulho de moto na rua e a luz da noite entrando na fresta da janela sem cortina. A intenção era vir aqui em casa, tomar um banho e ir pra boca de novo resolver meus BO, mas acabou que fiquei trocando uma ideia com a Catarina e depois capotei.

Depois de quatro dias virados o cansaço bateu forte mesmo e ainda tô com sono pra caralho tá maluco.

Estico a perna direita ouvindo o radinho apitar do meu lado com os moleque falando sobre a segurança aqui na porta, já sou paranóico pra caralho com esses bagulho e agora com a Catarina e a Melissa aqui eu quero segurança em dobro.

Observo a minha foto com a Melissa no colo no dia que ela nasceu, foi a única vez que eu chorei mesmo depois da morte da minha mãe e do meu pai, fiquei puto pra caralho no dia que a Catarina chegou em mim falando que tava grávida mas agora eu sou todo bobão na cria, mimo mermo e os pais que se foda se ela ficar mimada.

Me levanto da cama ajeitando a bermuda Tactel, passo a mão no cabelo que tá com reflexo que fiz especialmente pro baile, abro a porta do quarto saindo e já escuto a voz da Catarina falando com a Melissa.

Catarina: Você também é toda sonsa né bichinha, o macaco pulando em você e você deixando. — O sotaque carioca com um pouquinho do sotaque paulista preenche meus ouvidos e eu fecho a cara descendo as escadas encontrando Melissa no tapete e Catarina cortando batata sentada no sofá.

Eu: Sonsa é você mulucona, deixando esse macaco estranho pular na menina.

Minha voz grave preenche o cômodo atraindo o olhar das duas, Melissa se agita toda ao me ver e Catarina revira os olhos.

Catarina: Ela que tá deixando, então ela que é sonsa. — Me aproximo da Melissa e dou um tapa na bunda do macaco tirando ele do colo dela e pego ela pelos braços.

Eu: Pegar esse macaco feio e pendurar ele pelos pés.

Catarina: E eu penduro você pelo pescoço. — Pego o mordedor da Melissa no chão e dou a mesma, tiro o celular da cintura e me sento no sofá sabendo que tinha que estar na boca a umas seis horas atrás. — Dando a menina o brinquedo que o reizinho tava na boca.

Eu: Criando anticorpos pô. — Melissa solta uma risada como se entendesse alguma coisa me fazendo soltar um sorrisinho de canto e beijar sua bochecha que tá vermelha por causa do calor que faz aqui no Rio. — Vou precisar ir resolver uns bagulho meu na rua e você nem tenta sair de dentro dessa casa, meu comando tá sendo mais ameaçado que o banco do central.

Catarina: Olha seu tio já querendo mandar na gente, Melissa. — A menininha sentada no meu colo olha na direção da mãe. Melissa tem os olhos arregalados e esverdeados igualzinho ao da Catarina e o da minha mãe, se pá até com o meu, dona Gislaine soube fazer a família direitinho, pô. — Fico impressionada.

Eu: Deixa você começar com essas palhaçada que eu te mando pra São Paulo de novo, otária. — Apoio a mão direita nas costas da Melissa e pego o celular na outra mão vendo a mensagem do Coronel.

Catarina para de falar voltando a atenção para as batatas. Desbloqueio o celular com a data de nascimento de Melissa e a idade da Catarina, respondo o Coronel que em um minuto me mandou quinze mensagens falando do malucão do GM e que tem chefe da facção querendo bater papo comigo.

Com o celular na mão ainda ouço o barulho alto de algo caindo no chão, Melissa se assusta no meu colo e eu lentamente tiro o olhar do celular olhando pra direção onde vem o barulho e vejo o macaco na mesa e o vaso que enfeitava no chão, Catarina se levanta deixando o pote no sofá e vai até o reizinho toda preocupada com esse bicho estranho dela.

Catarina: Meu deus filho, daqui uns dias Martin vai fazer você de churrasquinho pros seguranças dele.

Eu: E vou mermo, já é a segunda vez só nessa semana que ele quebra meus bagulho. — Catarina pega o macaco na mão e volta aqui pro sofá colocando ele.

Catarina: Já falei que se você fizer alguma coisa com ele eu faço dez vezes pior contigo, e você fica aí seu atentado. — Aponta pro reizinho que bate na mão dela.

Coloco Melisa sentada no sofá e passo o braço pelo seu corpinho pequeno e delicado, reizinho se aproxima e deita a cabeça na minha mão.

Melissa levanta a cabeça olhando diretamente no meu olho e eu sorrio todo bobinho vendo a beleza dela, o tanto que eu amo essa garotinha é coisa impossível de explicar.

[...]

Coloco o fuzil no muro verde e me sento na cadeira de plástico que tá de frente pra decoração de futebol. Aniversário do molequinho do Coronel, liberei o mano pra fechar a rua e fazer a festa do moleque.

Catarina se senta do meu lado ajeitando a blusinha estranha que ela tá usando, e a Melissa tá com alguém por aí.

Coronel: Cadê o presente do meu filho, seu filho da puta. — Se aproxima de mim com o copo de whisky em uma mão e o baseado acesso na outra.

Catarina: Eu nem sabia que era aniversário dele. — Levanta as mãos em rendição atraindo o olhar do Coronel que engole seco, esse pela saco já foi doidinho na Catarina.

Eu: Presente meu pau, já deixei fechar a rua pro menino. — Natanzinho chega com uma garrafa de whisky e energético na mão, ele enche meu copo e o da Catarina.

Coronel: Vou mandar ele vir aqui te pedir Pix.

Eu: Vai tomar no seu cu, Pablo. — Passo a mão pela calça preta e pego o copo levando até a boca, o gosto forte do whisky preenche meu paladar e eu engulo de uma vez.

Coronel: Pablo minha buceta. — Ele dá as costas e Catarina me olha por baixo.

Catarina: Ele ainda continua bonitinho né. — Travo a mandíbula e viro a cabeça devagar na sua direção.

Eu: Você é casada, vou falar com aquele feio.

Fico ali curtindo o aniversário do Miguel de longe até porque nem da mãe dele eu gosto, mulher barraqueira, só não matei ela ainda por causa do Miguel mesmo, papo reto.

Deito a cabeça da melissa no meu peito e cubro a orelha dela com um paninho branco dela enquanto a mãe dela tá toda soltinha dançando com os moleque.

Passo a mão pelo cabelo da Melissa e acendo a tela do celular vendo que já são quase nove horas da noite.

Coronel corre pro lado de cá com o celular na orelha e o semblante fechado, desligo e celular e me ajeito na cadeira.

Coronel: Parece que a mina lá fugiu, GM tá dando cinquenta mil pra quem achar a mulher e matar ou levar até ele.

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