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Martin.

Observo seu rosto sem expressão nenhuma e abaixo a arma de novo, passo a mão esquerda pelo cós da calça e coloco a arma.

Eu: Depois de mó cota decidiu fugir? Assim do nada? Não nasci ontem não, mina. — Ela respira fundo fechando os olhos lentamente e abre novamente me olhando no fundo dos olhos.

Merliah: Pode ter certeza que se eu tivesse tido a oportunidade que eu tive hoje eu já teria fugido das mãos daquele nojento a muito tempo.

Dou um passo para frente me aproximando dela sobre a luz da lua e de um poste próximo de nós.

Eu: E qual foi essa oportunidade revolucionária? — Pergunto em tom sarcástico, escuto o barulho de arma sendo destravada atrás de mim e olho por cima do ombro vendo os moleque tudo ali armado.

Merliah: Guilherme me deixou no postinho do morro dele e as enfermeiras me ajudaram a fugir de lá, inclusive me deram esse celular aqui. — Levanta o celular pequeno.

Eu: Tá me falando que elas arriscaram a vida delas pra salvar a sua? — Merliah afirma de leve com a cabeça e eu solto uma risadinha. — Tá devendo um favorzão pras mina, pô. Vou te livrar dessa e te ajudar.

Seu corpo relaxa e ela sorrir de leve fazendo  o olho meio roxo fechar um pouquinho e as sardas no nariz ficarem mais visíveis mesmo no escuro da noite.

Merliah: Eu posso ficar só até vocês conseguirem matar o GM e eu me estabilizar financeiramente para cuidar da minha filha.

Eu: Pensa nisso agora não pô, relaxa, esses bagulho não faz bem pra cria não. — Viro de costas indo na direção da minha moto sendo acompanhado pela mulher loira. — Podem abaixar as armas, tá podendo andar de moto?

Merliah afirma com a cabeça, me sento na moto e pego na mão dela ajudando a mesma a subir.

Sigo na direção de uma casa que eu tenho aqui pelo meio do morro, tô confiando na mina mas não ao ponto de colocar ela dentro da minha casa com a minha sobrinha e minha irmã lá dentro.

Acelero a moto virando na esquina e Merliah aperta minha camisa do lado que a arma tá. Estaciono a moto na porta da casa amarela e desço assim que Merliah desce.

Eu: Tu vai ficar aqui. — Tiro o molho de chave do bolso da calça e abro o portão.

Merliah: Você mora aqui? — Pergunta entrando dentro da casa e eu nego a cabeça destrancando a porta de ferro e dando de cara com a sala praticamente vazia. — Eu vou ficar aqui sozinha?

Eu: Quer baba?

Merliah: Não é isso, é porque achei que você me deixaria na sua casa ou algo do tipo, eu gosto da ideia de ficar sozinha, só tenho medo do Guilherme me achar e me matar.

Eu: Caralho, relaxa essa mente sua ae, ele né nem doido de subir essa porra aqui, GM é um fudido vai fazer nada contigo mais não e muito menos dentro da minha favela.

Merliah: Você não tá entendendo o nível de loucura dele, o GM é louco, maluco, sociopata e tudo de mais ruim que você imaginar.

Eu: Remédio pra maluco é um mais maluco que ele, deixa vim até porque disposição e armamento não falta.

Merliah: Vai realmente arrumar confusão na favela por isso?

Eu: Porra, você não quer que mata o cara? E agora tá nessa, se liga caralho. — Falo um pouco mais alto e vejo ela dando um passo pra trás, encolher o ombro e olhar para baixo . — Cê para de neurose que eu não vou te machucar igual aquele pau no cu não, sou sujeito homem porra.

Merliah: Desculpa... É que, sei lá, só me desculpa mesmo, vou ficar aqui quietinha até isso tudo ser resolvido. — Fala toda mansa e eu coço a nuca incomodado pelo medo que ela sentiu só por eu falar um pouco mais alto.

Eu: Vou desenrolar umas roupas pra você e um celular melhor que esse aí. — Pego meu celular no bolso entrando no whatsapp e mandando tudo direto pro baiano que fica na minha segurança, ele visualiza na hora.

Merliah: Não precisa disso tudo, só uma roupa já tá bom.

Eu: Vai conversar comigo por telepatia? Ainda virei vidente pra saber como você vai ficar não pô. — Ela levanta o celular e eu olho por baixo. — Com essa porra aí até você me responder já vou ter achado que o seu maridinho pegou você de novo.

Merliah: Sem piada sobre o Guilherme, por favor, só eu sei o que eu passei nas mãos dele e eu não desejo isso pra ninguém.

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