A eleição

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Era um dia peculiarmente barulhento naquela escola. Haveria uma apresentação de bandas da galera do colégio e não tinha um aluno que não estivesse animado. Era todo mundo cantarolando, guitarristas e metidos a guitarritas trocando arcodes e animando grupinhos. No gramado da escola já começa a juntar algumas pessoas perto do palco e em algum lugar por ali encontrei Chris, Nicole e o novo namorado da Nicole, cujo nome eu nunca me lembrava se era Peter ou Steve. por isso me limitava a cumprimentá-lo sempre com um "olá" e leve toque no braço. 

- E aí, meus queridos! Preparados para o Coachella do Westport High School ? - falei debochando, porém eu também estava animada.

- Estamos, meu anjo! Essas movimentações por aqui sempre geram boas fofocas e risadas. - disse Chris em um tom mais gay do que ele já era por natureza. 

- E a gente ainda fica sem ter aula. Melhor coisa de todas. - Peter ou Steve... sei lá... lembrou.

O novo namorado de Nicole tinha acabado de se mudar para Westport vindo de alguma cidade do Tennessee e conseguiu ser titular do time de futebol americano da escola com uma facilidade que deixou alguns metidões do time meio emburrados. Embora fosse alto e musculoso, tinha os cabelos encaracolados e uma barba loira que dizimavam qual possibilidade de ele parecer um tipo malvadão. Só fazia o tipo de Nicole pq era forte e jogador de futebol americano. 

As pessoas começaram a se amontoar em frente ao palco porque a hora de iniciar os shows já se proximava. Hailee, a irmã gêmea de Chris ia cantar e tocar guitarra em uma das bandas que ia se apresentar e Chris queria estar lá e obrigar todo mundo a dar apoio moral à irmã. 

Desde que cheguei a Westport há 2 anos, Chris e Nicole que já eram amigos há anos me acolheram e me integraram à dupla para que formássemos um trio mais descolado da escola. Parece muito presunçoso assumir que somos os mais descolados e é mesmo, mas é ótimo ser presunçosa. 

O festival foi passando e finalmente a banda da irmã do Chris tocou e como esperado, foram muito bem. Hailee não era a cantora principal da banda, mas quando soltava a voz, era notável que tinha talento. 

Hailee, apesar de ser irmã gêmea de Chris, não costumava andar com nosso grupo. Não era que eles se odiassem, muito pelo contrário, Chris e Hailee se protegiam e degladiavam como saudavelmente se espera que irmãos façam, mas Hailee tinha seus amigos que não batia com a mesma vibe que a nossa. Então minha convicência com ela era superficial. Eu troca poucas palavras com ela quando precisávamos estar no mesmo ambiente. A impressão que eu tinha é que às vezes ela não me suportava. Outras vezes, sentia que ela só não ligava para a minha existência. Hailee era difícil de ler, mas transparecia um figura óbvia. A garota baixinha nerd com cara de poucos amigos - alguns um pouco estranhos, diga-se de passagem-  que não curtia a galera cool da escola, embora o querido irmão dela fosse parte dessa galera.  

O festival estava terminando e logo após a última banda tocar sua última música, a diretora a senhora White se apossou do microfone e anunciou empolgada, depois falar coisas óbvias que todos falam depois de qualquer festival:

- E antes de liberá-los para casa, anuncio com muita empolgação que a Universade de Yale está provomendo em várias escolas um votação para eleger o melhor aluno do último ano de várias escolas pelo país e com, muito mérito, fomos escolhidos como uma dessas escolas. - os buburinhos já comecaram a ser ouvidos no meio da pequena mutidão de alunos parados em frente ao palco. - Vocês votarão para escolher o aluno mais inteligente, pró-ativo, politizado, gentil e promissor que estiver disposto a se candidatar ao posto. - mais burburinhos- Os professores também votarão. Além de chamar atenção de uma das maiores univerisades do país, ganhar pontos extra-currculares, o vencedor ganhará uma viagem para visitar à sede da universidade em New Haven e um prêmio em dinheiro de cerca de 5 mil dólares. 

A plateia ficou mais animada. Poucas pessoas ali realmente se importavam como esta eleição, mas, pra mim, um luzinha acendeu na minha cabeça. Ser aceita em Yale e estudar Direito era o meu plano e eu vinha fazendo tudo certinho para isso acontecer. Uma das melhores alunas, uma conduta perfeita fora e dentro da escola. Ser uma promotora de sucesso igual minha mãe foi e honrar a memória dela seguindo exatamente os mesmos passos era o que eu mais queria. Meus olhos até marejavam sem minha permissão quando pensava naquilo e na oportunidade que estava na minha frente. Chris logo percebeu minha imersão em meus próprios pensamentos e prontamente segurou meu braço falando:

- Amiga! Você PRECISA ganhar isso.

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- Eu sei que eu tenho alguma chance de ganhar, mas tem outras pessoas que podem conseguir ganhar isso mais fácil que eu. Tipo Nina Slatus, George Green , e outros CDFs mais dessa escola. 

- Olha, pra ser sincera, não acho que nenhum desse consegue te bater na votação nem com os professores e nem com a galera da escola. - disse Nicole apalpando os braços imensos do namorado. 

- Concordo com a Nicole! Acho que a única pessoa que pode te atrapalhar nisso e com certeza ele vai tentar atrapalhar é o Marcus Smith. - soltou Chris. - Marcus é carismático, bonito, gay, queridinho dos professores e só tira notão em tudo. Ele pode ser seu grande adversário. - Chris parecia se divertir analisando o perfil de Marcus como se estivesse criando estratégias para uma guerra. - De qualquer forma, acho que podemos fazer você ganhar e garantir uma vaga em Yale. 

O incentivo de Nicole e Chris me encheu de empolgação. Aquilo poderia ser divertido e ao mesmo tempo me premiar ao final com uma vaga quase certa na universade que eu queria e com 5mil dólares no bolso. 

Eu iria me candidatar. 

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