Quartas de final

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O sol já começa a se pôr e Chris e Nolan sentavam na arquibancada junto a mim aguardando o jogo começar. Nolan era um garoto do segundo ano que Chris estava conhecendo. Um garoto da mesma altura do meu amigo, mas mais corpulento e musculoso. Era o único que compartilhava comigo a a empolgação de estar prestes a torcer pelo time da escola e por Hailee. Nolan tentava me explicar algumas regras mais complexas sobre futebol e dava pra perceber que Chris estava levemente irritado por não ser o centro das atenções do garoto.

- Sinto que estou sobrando neste trio. - Chris cruzou os braços fazendo birra.

Nolan carinhosamente o abraçou e deu um beijinho rápido no rosto de Chris.

- Agora não está mais. - Nolan falou e a cara amarrada de Chris se desfez na velocidade da luz.

Os times começaram a se posicionar em campo e eu já conseguia ver Hailee toda séria e concentrada pulando e se mexendo pra se manter aquecida. Quem via essa Hailee séria e de cara amarrada, não fazia ideia da pessoa divertida e espontânea que existia ali por trás. Eu mesma caí nesse erro quando só a conhecia de vista e éramos obrigadas a nos cumprimentarmos por educação quando por causa de Chris nos encontrávamos. E era sempre um pouco desconfortável porque eu achava que Hailee me odiava. Hoje, às vezes, me pegava ansiosa para encontrá-la, jogar conversa fora, dar risada, falar de coisas sérias. A companhia dela tinha se tornado algo pelo qual eu ansiava e era estranho. Era uma sensação que eu só lembrava de sentir quando eu estava apaixonadinha por alguém, mas eu não estava apaixonada por Hailee. Eu nunca me apaixonei por mulher nenhuma. Eu já tive uma leve obsessão por Megan Fox, mas quem não teve? Podia ser isso! Uma leve obsessão o que eu estava sentindo por Hailee, certo?

O árbitro apitou a plenos pulmões e jogo começou. Meu senso de competitividade, que se aflorou na época em que eu jogava tênis, tomou conta de mim e quando eu dei por mim, eu estava mais aflita e inquieta que a técnica das meninas. Nolan se dividia entre dar atenção a Chris e prestar atenção ao jogo.

O jogo começou equilibrado, mas logo o outro time começou a apertar nas investidas e por mais que as meninas do nosso time fossem rápidas e enérgicas, o primeiro gol do jogo foi do time adversário. Nossa torcida ficou desolada e até Chris parou para prestar atenção nessa hora. Observei Hailee de longe retomando sua posição com a cara fechada, parecendo irritada.

O primeiro tempo passou depressa e aproveitamos para comprar bebidas e comidas para aguardar o segundo tempo.

- O outro time tá marcando muito alto a saída de bola e nosso time insiste em tentar criar jogadas com passe curtos, se continuar assim vai ficar difícil. - analisou Nolan.

- Eu acho que entendi o que você tá falando. - falei rindo.

O segundo tempo começou e nosso time entrou com algumas jogadoras novas que haviam entrado após substituição. Hailee continuava em campo e com pouco tempo de jogo o cenário já era outro. Nosso time começou a pressionar muito mais com mais cruzamentos e mais chutes ao gol. Em um jogada genial, Hailee driblou uma jogadoras 2 vezes o tamanho dela, puxou a bola para direita do campo e fez um cruzamento que se encaixou perfeitamente na cabeça de uma das colegas de time dela. A cabeçada da garota jogou a bola no fundo da rede do gol adversário e fomos todos à loucura. Nolan abraçou eu e Chris enquanto pulávamos e gritávamos escandalosamente.

Nolan explicou que o caso o empate persistisse, a disputa seria diretamente levada aos pênaltis e isso me angustiou como se eu fosse ser um das meninas que passar pela disputa. No entanto, quando o relógio do placar indicava faltar cerca de 15 minutos para o jogo normal encerrar, Hailee entrou em cena mais uma vez. Depois de um chute forte que uma das meninas do nosso time deu ao gol, a goleira espalmou a bola diretamente nos pés de Hailee que nem sequer dominou e chutou de primeira fazendo um golaço que fez a torcida inteira ir ao êxtase. O time inteiro correu pra abraçar Hailee, mas assim que ela cumprimentou todo mundo, ela correu sorrindo em nossa direção e apontou pra mim e murmurou algo que eu interpretei lendo os lábios dela como um "pra você". Naquela hora, um sorriso enorme brotou no meu rosto e apontei de volta pra ela. Ela realmente fez o que falou que faria e só conseguia sorrir.

Quando a euforia do gol da virada passou um pouco, Chris olhou pra mim e com o queixo meu caído e não disse nada, mas eu sabia que ele estava surpreso e acho que satisfeito porque aquilo era mais um esforço para fortalecer nossa narrativa de namoro. O que ele não sabia, era que aquilo havia sido planejado naturalmente por nós duas e o destino e talento de Hailee trataram de dar uma mãozinha.

Os últimos 10 minutos de jogo foram uma tortura. O time adversário partiu pro tudo ou nada e voltou a pressionar, mas o apito final veio nenhum gol mais saiu. Dois a um pras nossas meninas e a vaga na semi-final garantida. Nossa torcida estava em polvorosa

- Eu não sabia que minha irmã era tão boa assimno futebol. - Chris soltou no meios dos gritos da torcida.

- Você saberia se viesse assistí-la mais vezes. - devolvi com um sorrisinho sarcástico.

- Ela realmente foi a estrela desse jogo. uma assistência e um gol. Incrível! - Nolan elogiou.

Esperamos até Hailee deixar o campo e nos achar no meio das muitas pessoas que se aglomeravam para cumprimentar outras jogadoras. Ela veio sorrindo em nossa direção. Sem pensar muito, eu dei uma leve corridinha na direção dela, abracei apertado e a levantei do chão.

- Não, eu tô toda suada! - Hailee exclamou.

- Está, mas incrivelmente continua cheirosa, como sempre. - deixei escapar e ela corou.

- Oi, sou o Nolan, amigo do Chris. Você foi a jogadora da partida hoje, hein? - Nolan se apresentou tecendo elogios.

- Olá, Nolan! Sou Hailee. Obrigada pelo elogio e por ter vindo assistir. - Hailee falou simpática.

- Gata, você simplesmente fechou o jogo, rasgou o véu da viúva, deu as cartas e quebrou a banca. Arrasou demais! - Chris elogiou a irmã do jeitinho dele.

Ninguém aceitou minha ideia de ir comer em algum lugar para comemorar, então decidimos ir pra casa. Nolan voltou sozinho e se despediu de Chris com um abraço e outro beijinho mais demorado no rosto. Deu pra perceber que Chris queria mais, mas respeitou o tempo de Nolan. Hailee, Chris e eu voltamos juntos no carro que os irmãos dividiam desde que completaram 16 anos, um velho Toyota Corolla ano 2015. No carro, Chris não esqueceu de questionar:

- E o que foi aquela dedicatória de gol, hein? Deram show na atuação!

-Na verdade, não foi bem atuação, não. Eu disse a Renee que eu não costumo fazer muitos gols, mas que se fizesse, dedicaria pra ela. E, bom, cumpri a promessa. - Hailee respondeu tímida.

- Ah, e foi? - Chris tentou confirmar.

- Exato! Ganhei um gol, pode chorar de inveja. - falei provocando Chris.

Chris só riu e não falou mais nada, mas pareceu pensativo.

Chegamos a minha casa e do banco de trás e comecei a me despedir dos dois.

- Me diverti muito hoje e acho que vou começar a assistir mais futebol a partir de agora graças a você, Hailee. - revelei.

- Que bom que você curtiu! As semi-finais serão daqui a 2 semanas e você já está convidada. Convide Nolan também, Chris! - Hailee pediu.

- Se ele não me der um pé na bunda até lá... - Chris pensou.

- É mais fácil você dar um pé na bunda do garoto. Aliás, adorei ele!

-A gente quase não conversou, mas achei ele simpático e bem gatinho. - Hailee concordou.

Chris fez cara de deboche e não comentou mais nada.

Antes de descer do carro, agradeci mais uma vez a noite divertida e beijei o rosto de Chris e automaticamente me virei e beijei o rosto de Hailee também. Um tipo de contato físico que a gente nunca tinha tido, mas acho que nossa maior aproximação me deu margem para aquilo e eu me senti confortável.


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⏰ Última atualização: Jun 12 ⏰

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