Capítulo onze

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Eleanor Quinn

Mantive total segredo sobre a mensagem para não preocupar meu pai ou meus amigos. 

Aquela mensagem ainda não tinha saído da minha cabeça. Eu queria saber o que aquilo significava, queria saber quem havia me mandado aquilo e por que haviam me enviado aquilo. Porém eu não conseguia encontrar nenhum motivo além de impôr medo.

Para ser bem sincera, quem quer que tinha enviado a maldita mensagem, conseguiu me deixar com medo, já que eu estou com medo. Tenho medo de que ele faça alguma coisa contra mim ou contra aqueles que eu amo. Tenho medo, porque eu sei do que ele é capaz quando tem um objetivo a ser alcançado.

Toda vez que eu me lembrava daqueles olhos tão lindos e sombrios, que me davam arrepios, eu sentia o medo disseminando pelo meu corpo, acumulando-se em minhas veias, pronto para explodir a qualquer instante. Durante todo o passeio com Ivy, tive medo de olhar para o lado e encontrar aqueles olhos me encarando, perseguindo-me por todos os cantos e fitando-me até se chocar contra meu âmago. Era um olhar sério e inabalável, como se tivesse tudo sob controle, e era exatamente isso que me assustava, porque ele me tinha sob controle, não importa o quanto eu negasse, nós dois sabemos disso.

Além de medo, eu sentia ódio dele e até de mim mesma. Eu não gostava de parecer vulnerável para ele, não gostava de parecer frágil na frente dele sem que ele tivesse que fazer muito esforço; um simples olhar dele, uma simples curva dos lábios, um simples suspiro e um simples andar dele já eram o suficiente para me deixar fraca.

E eu odiava isso.

Eu tinha acabado de chegar em casa, aliviada por ter conseguido esconder sobre a mensagem da Ivy e cansada por andar tanto, apesar de que eu já deveria saber que sair com Ivy era uma tarefa extremamente cansativa.

Assim que abri a porta e entrei, vi meu pai. Ele estava sentado no sofá com os braços cruzados e uma expressão séria em seu semblante. Mas não pude deixar de notar que havia também um reflexo de preocupação ali. De qualquer forma, sua seriedade me assustou.

Eu estava com problemas.

Respirei fundo e coloquei minha bolsa no balcão da cozinha, esperando que ele começasse a conversa. Mas ele não fez isso, pelo contrário, manteve-se em silêncio enquanto observava minhas ações.

Ficamos em silêncio por um, dois, três minutos até que ele suspirou e passou as mãos pelo rosto, levando-as para o colo logo depois. 

- Onde você estava? - não havia nenhuma raiva ali, no máximo um pequeno incômodo e preocupação, o que me deixou menos tensa.

Eu não queria falar sobre nada com ele, não queria conversar com ele agora, eu estava cansada de tanto andar e falar com Ivy. Mas ele era meu pai, eu tinha esse pequeno dever de dizer por onde andei e ele tinha o direito de saber.

- Bem... - sentei ao seu lado - Nada aconteceu, já aviso de antemão. Eu estava com a Ivy, pai. Fomos sair um pouco pela cidade, nada muito sério. Não fomos muito longe, apenas em cafeterias, lojas de roupas, lojas de maquiagem e lojas de livros, só isso. - Esperei por alguma fala, mas ele continuou em silêncio, então resolvi continuar falando - Foi muito divertido, obrigada por perguntar - zombei, mas não parei - Foi só um passeio entre amigas que queriam conhecer a cidade ao invés de ficar dentro de casa, isso e apenas.

- Você queria sair e eu respeito isso, Elen - começou - O que eu não gostei foi que eu não fui avisado, filha. Quando cheguei e vi que você não estava, fiquei muito preocupado pensando que algo aconteceu com você, porque você sempre me avisa e dessa vez não avisou. 

Eu entendi o ponto dele e ele tinha razão e direito de ficar preocupado. Eu também estaria assim se eu estivesse no lugar dele.

- Tem razão, pai...sinto muito, eu deveria ter te avisado antes. - Confessei e vi um sorriso sutil se formar nos lábios dele.

- Está tudo bem, Elen, só quero que isso não se repita, certo? - se aproximou e deu um beijo no topo da minha cabeça - Topa ver um filme?

- Vou fazer a pipoca. - Me levantei e fui preparar a pipoca.

Bem, eu não estava tão encrencada. Acho que ele entendeu bem o meu lado assim como eu entendi o dele.

Mas será que ele ficará assim quando souber que eu escondi dele sobre a foto? Porque ele vai descobrir, os pais sempre descobrem...

Me desculpe pai... Acho que essa "coisa" mal resolvida entre eu e Maven deve ser resolvida entre eu e ele, mesmo que você só queira me proteger, afinal, sua filha cresceu e já sabe se proteger sozinha.

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