Conversa com um 'amigo' (entre aspas.).

2 1 0
                                    

Lembranças desagradáveis começaram a ressurgir, como fantasmas do passado. As lembranças ruins nunca morrem, só ficam esperando para me atormentar.

As brigas, as provocações, as humilhações.

Meu rosto se fechou, como uma porta cerrada.

— Drake Parker... — falo, minha voz baixa e tensa, ainda olhando para o chão, como se buscasse refúgio na terra.

Ele, contudo, parecia não notar a mudança em meu tom.

— Você não se lembra de mim? — perguntou, com uma lerdeza que me irritou.

"Esse cara é cego ou só anda fazendo teatro?", pensei o encarando com fúria nos olhos e mordendo a mandíbula, como se quisesse conter uma palavra amarga.

— Lembro. — disse em um tom de desprezo, como se a própria memória fosse veneno.

Era impossível esquecer alguém que havia causado tanto desconforto em minha vida.

— Mesmo? Que bom. — comemorou ele, animado, segurando meus dois ombros com uma força que me fez desconfortável, como se quisesse reprimir minha liberdade.

"Solta-me, ou vou precisar de um exorcista!", pensei, porém acabei disfarçando com um sorriso falso e concordando com um balançar de cabeça e repetindo:

— Sim, sim... — Arrependido de ter esperado ali.

O mesmo sorriu e comentou de forma inesperada e egocêntrica:

— Faz muito tempo mesmo que não nos vimos, você desapareceu sem deixar rastros desde do dia em que seu pai falec-

— Sim, sim. — interrompi repetindo novamente me recusando a ouví-lo, tentando mudar o foco da conversa, para afastar as sombras do meu passado, ao menos não com ele. Drake não tinha minha autorização para tratar de tal assunto comigo. — Eu vim morar em Blizzard, recomeçar minha vida. Há quanto tempo você continuou morando em Hot River?

"Por favor, diga que ele não veio para cá", pensei, torcendo para o mesmo responder que...

— Ainda moro em Hot River. — respondeu ele, o que para mim foi um pequeno alívio.

— Jura? Que interessante. — comentei com nenhum interesse na conversa, porém, sendo obrigado a responder pois tive educação em casa. "Por Warrior! Obrigada destino por não tê-lo trazido para cá!", pensei comigo mesmo. Não suportaria ter a presença dele no reino em que vivo agora.

— Porém... — o mesmo continuou falando sobre si mesmo. "Ele nunca para de falar?", pensei, esperando o mesmo terminar. — estou em uma missão em que a princesa me colocou. Agora eu sou um cavaleiro de prata, então, é preciso ajudá-la.

"O que ela viu nesse cara?", pensei, e fiquei ainda mais irritado com sua última afirmação. "Cavaleiro de prata?!"

— Faz sentido... — disse com desinteresse, como se estivesse falando de algo que não me concernia (estou interessado, mas não quero demonstrar.). No entanto, minha curiosidade gritava mais alto que meu ego. — Qual é o intuito da missão?

"Acho que vou precisar ouvir isso", pensei.

– Acho que o rei deseja aprimorar a dedicação dos aprendizes de cavaleiros, só tem pessoas abaixo de 15 anos sendo chamadas. — explicou o mesmo, tirando minhas dúvidas e me fazendo questionar as atitudes da realeza.

"Aquilo poderia ser considerado exploração!" disse eu comigo mesmo, lembrando-me das palavras de minha tia, que afirmava que tal trabalho era inapropriado para crianças.

Scott Carter - O guerreiro afávelOnde histórias criam vida. Descubra agora