Voz e violão

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   Ao som de Veigh, transamos com maior saliência. Pietro agarra meu cabelo e me penetra com força, sem dó. Ficando mais rápido a cada segundo, gemo baixinho a cada impacto, ambos chegando mais próximo ao ápice do prazer. Foi intenso. E quando terminamos ele finalizou com tapa.
Uma experiência adorável, de fato. Porém sua brutalidade tem seus motivos. Sei disso, pois o que ele não fala, sinto ele descontar na transa. Me cobri com o edredom, e me deitei para perto dele. Se há algo que o atormenta, logo saberia.

— Pietro. Tá tudo bem? — o encarei.
— Tô. Porque?
— Você parecia meio... Bruto, hoje.
— Cê acha, é? — sorriu de canto. — Foi bom?
— Bom, foi, — me deixou corado, todavia prossegui. — porém eu sinto que é desta maneira que você age quando tem algo te incomodando.
— Onde está querendo chegar? — fungou.
— Aconteceu alguma coisa lá?
— No QG, você diz? Nada. — revirou os olhos para a televisão.
— Não acho que seja "nada".
— Tá, legal. Quer saber? Tô preocupado desde da hora que tu brotou por lá. Não sei o que estão pensando de nós, e isso me frustra. E...
— Tá com medo, Biribinha?
Biribinha? Quem foi que te falou isso?
— Foi o Nikel. — ri. — Por causa dele, não consigo mais olhar no seu rosto e não lembrar disso.
— Ah, você falou com o Nikel? E para de me chamar de Biribinha! Não curto.
— Ele fez questão de me dar carona, Biribinha. — provoquei.
— Considere um bom sinal, ele ter te dado carona significa que foi com a sua cara. — pôs o cigarro na boca, baforou finamente. — Pelo menos isso. E pare de me chamar de Biribinha.
— Tá bom, Biribinha.

   Me beliscou com força na tentativa de parar de chamá-lo assim, mas teimoso do jeito que sou, só desisti depois que ele apertou meu rosto com força e me concedeu um beijo, afim de me calar. Adoro isso da nossa relação. Ele sempre foi marrento e engraçadinho, do jeito que me agrada, e eu, rebelde e com sede de sexo, do jeito que ele gosta. Tem como ser mais intenso do que nós? Amanhã, quando amanhecer, fará um mês que estamos juntos. É um grande avanço para um casal que diz não ter envolvimento um com o outro, e que só transam por diversão. Até hoje não sei dizer o que temos, no entanto seja o que for, me apeguei.

   ...

   Acordei meio atordoado, quando vi o relógio, descobri porque. Eram 06:00. Pietro está tomando banho, e eu pretendia voltar a adormecer, porém seu celular começou a apitar tantas vezes que logo me atiçou curiosidade, ou talvez... Ciúmes. São mensagens do Nikel. Escritos... - Hã? Quê? -.
   Esperei sentado sobre a cama até que Pietro saísse do banho. Balançei o pé de um lado para o outro, para frente, para trás, sob pernas cruzadas. Desta vez foi a minha chance de interrogar.

— Porque não me disse que fui convidado pelo Nikel? — perguntei.
— Você bisbilhotou meu celular? — mirou no dispositivo na minha mão.
— Me responda! Era isso que estava te incomodando de madrugada?
— Era, e continua incomodando! Eu disse que não queria você pegando intimidade com eles, portanto é melhor cortar a raíz logo de uma vez.
— Pietro, — me aproximei lentamente. — não acha que se eu não fosse, poderia piorar a situação? Isto seria uma desfeita enorme a eles, não acha?
— Prefiro que você não vá. Eu posso conversar com o Nikel e...
— Calma. Não acha que tá se precipitando? — coloquei delicadamente o indicador na sua boca. — Eu entendo que está com medo, mas... — a ideia de novo ressoou em mente. — Eu posso fazê-los com que nos aceitem, do jeitinho que somos.
— Nathan, não cansa disso, não? Isso nunca vai dar certo!
— Não foi isso que senti quando o próprio Nikel escreveu para você por mensagem para me convidar a um churrasco. — intervi. — E além disto, se formos, será apenas nós três, correto? Quase não terá riscos.
— Você não desiste, né? — suspirou, e acendeu mais um cigarro, mesmo apenas de toalha. — Vou pensar. Ah, não mexe mais no meu celular escondido, beleza? Não foi uma atitude de respeito.
— Desculpa, Pietro. Mas me conta na próxima vez, tá?

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