Irmão de todos

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Esperar sentado naquele corredor foi sufocante, aliás, nunca gostei de frequentar hospitais. Vi pacientes trocando de quartos transportados em suas macas de um lado para o outro. Pelo que contei, passaram-se cinco doentes na minha frente. Sei que o hospital é adequado para tratar os doentes, mas quando se pensa que algum deles pode morrer, aí a perspectiva muda. Um hospital guarda muitas mágoas.

- Nathan? - chamou uma enfermeira jovem de cabelos dourados e fina de corpo. - Pode vir visitá-lo, mas só por apenas 20 minutos, tá? Me acompanhe.

O coração batia forte. Ainda não sabia detalhes sobre o estado de Pietro, o que me deixava apreensivo. Eu fiquei duas noites sem dormir direito com a cena dele ferido vindo pelas minhas memórias. Não nego, chorei, mesmo sabendo que agora o pior já passou. Mas será mesmo?
A enfermeira loira abriu a porta, e logo avistei uma ampla janela transparente. Ao lado desta, encontrava-se a cama de Pietro, ele, e mais para perto, Nikel. Os dois estavam trocando gracejos. Meus batimentos do coração agora palpitavam quentes. Quando ambos pararam de rir, fitaram-me, e logo em seguida Nikel me acolheu de braços abertos.

- Fala, Nathan! Como vai? - abraçou, e como de costume manteve-se sorridente. Quando percebeu que não iria falar nada por enquanto, olhou de soslaio para Pietro, em seguida ao relógio em seu pulso, me encarou, e por fim prosseguiu: - Infelizmente não posso ficar, meu tempo acabou. - mostrou o horário. - Imagino que vocês têm muito o que conversar, né? Fiquem a vontade, mais tarde eu trago um lanchinho pra vocês. - e saiu, de sorriso estampado no rosto.

Me direcionei à Pietro. Ora me encarava, ora afastava o olhar. O clima daquele quarto podia ser melhor, podia não ser aquele quarto, e sim o nosso, aquele que podíamos agir como quiséssemos sem medo. No entanto, agora estamos com medo. Enfim, era o que era. Vê-lo fugir ao invés de me encarar de volta me fez sentir um aperto.
Encaminhei para um banquinho ao seu lado cujo Nikael usou momentos atrás. Pietro fitava os próprios pés, carrancudo, prestando atenção em tudo menos em mim. Gostaria de ter tido o mesmo ânimo que Nikel obteve para fazê-lo rir, mas faltou experiência.

- Pietro... - a voz saiu trêmula. - Que bom vê-lo bem.
- Digo o mesmo. - ajeitou a postura.
- Está bravo comigo? - é claro que está! Me arrisquei mais de uma vez, e ele só queria que eu o esperasse!
- Ainda pergunta? - Respondeu, áspero.
- Pietro - segurei sua mão. - me perdoa? - enfim seus olhos encontraram os meus. Senti seus dedos entrelaçados aos meus apertarem. Sem perceber, minhas covinhas surgiram, tristemente. - Não farei mais isso, eu juro! Irei te dar ouvidos com mais frequência! Tudo isso é novo para mim... e eu estava com muito medo de te perder, Pietro! Nada disso justifica meu egoísmo, ou o fato de eu segurar numa arma, mas... mas... eu precisava te ver! Se não te achasse, não ficaria tranquilo. Eu me sentia indefeso, entende? Fiquei desesperado por pensar em perder vocês, você e Nikel! Sei que não faz muito tempo, mas já considero os dois importantes para mim! - uma lágrima escorreu pelo meu rosto enquanto o nariz formigava. - Não queria que tudo isso tivesse acontecido...

De repente, sua outra mão encostou acima da minha cabeça e me guiou até seu peito. Não havia mais como aguentar tanta culpa, tanta ansiedade, tanta preocupação! Chorei feito criança, e esperneei feito um mimado, ao passo que ele afagava meu cabelo.

- Ei - susurrou em meu ouvido. - Não foi culpa sua tudo isso que aconteceu, tá? O que importa é que estamos bem, não vê? Seu homem tá aqui...
- Seu homem? - como assim "Seu homem"? Indaguei, confuso.
- Sim. - chegou mais perto, à ponto de quase encostar seus lábios aos meus. - Eu sou o seu homem. Perco a postura com você se preocupando tanto comigo, sabia? - e me beijou.

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