Já passava das duas da manhã.
Eu estava um pouco bêbado, mas continuava bebendo, e Matt deitou a cabeça sobre os braços e há cinco minutos estava assim, quieto.
O nosso silêncio ainda era profundo e pesado, eu precisava de mais álcool, mais dopamina, qualquer coisa que fizesse minha mente acalmar dos pensamentos frenéticos e incessantes.
Por acaso acabei me lembrando que a casa pertencia a um fumante em recuperação. Pelo menos para o meu pai fumar sempre o ajudou a acalmar em momentos de fúria, talvez funcionasse comigo em momentos de depressão.
Quando levantei para procurar os cigarros nos armários Matt se levantou também e silenciosamente começou a limpar o balcão.
Eu achei uns charutos e fui para perto da janela para acende-lo. Matt pegou a dúzia de latas e jogou fora.
Uma tragada profunda me fez ficar incomodado com o gosto, mas me forcei a continuar inalando a fumaça, assistindo Matt lavar a louça.
Talvez mais por efeito placebo do que por qualquer coisa eu fui me acalmando e conseguindo pensar em palavras.
- Nada do que eu disse mudou, Matt, eu acredito cegamente em você e estou do deu lado até o fim. Você pode confiar em mim para a gente resolver isso juntos? Ou é tarde para eu pedir desculpas por ser egoísta? - Na minha opinião me expressei muito bem, só que Matt riu.
Não de um jeito leve, não de um jeito feliz. Ele foi amargo e sarcástico quando gargalhou baixinho, apenas esfregando casualmente um copo sujo.
- Acredita cegamente em mim? E se ele está certo? - Matt ligou a torneira e deixou o silêncio pairar enquanto enxaguava tudo.
- Como? -
- Você realmente não tem nenhuma dúvida sobre tudo que o Jack te disse? - Ele riu novamente.
- Digo, você mesmo viu que eu tenho uma personalidade explosiva e fico violento quando irritado, você sabe que eu curto umas coisas bizarras na cama e, agora, sabe que o Ben entrou em depressão e tentou se matar um monte de vez por minha culpa. - Matt terminou de ajeitar a louça no escorredor.
- Jack estava certo em tudo que disse. -
- Não, ele não está. - Eu não aguentei aquele frio.
- Posso não te conhecer a muito tempo, mas até agora você só me mostrou uma personalidade resiliente, atenciosa e altruísta. Você é respeitoso em todos os momentos, até mesmo bêbado, e nunca, nem por um momento, me deixou desconfortável seja na cama ou fora dela. -
Eu puxei Matt pelo ombro e olhando nos olhos dele, disse:
- Eu não admiti Jack falando mal de você e o mesmo vale para você mesmo, não ouse dizer mentiras sobre si mesmo, eu vou ficar irritado se continuar sendo teimoso... - Antes de eu terminar o sermão todo o ar do meu pulmão sumiu quando ele me apertou em um abraço abrupto.
Ele era tão bonzinho que às vezes eu me esquecia que não era um garotinho necessitado de ajuda e sim um homem bem forte e bravo.
Eu envolvi seus ombros e o apertei de volta, enterrando meu rosto em seu pescoço e respirando fundo, finalmente tranquilo.
- Desculpa fazer drama... - Murmurou baixinho, todo tímido e envergonhado. Meu coração derreteu.
- Tudo bem, desde que você não diga coisas ruins de si mesmo porque eu não aturo ver pessoas mal dizendo quem eu amo. - Eu me afastei um pouco para olhar em seu rosto.
Todo vermelhinho, que fofo! Lhe dei um beijo nos lábios e imediatamente apoiei minha testa na dele.
- Eu te amo, Matt, não duvide disso nunca, tudo bem? -
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Um acaso curioso
Lãng mạnSpin-off direto de Um Acaso Perigoso, agora a história segue o jovem Nikolai Kuznetsov, um alfa introvertido e com fobia social que não podia se encaixar menos na sua família popular e extrovertida. Na primeira oportunidade que teve para se isolar...