XX - Fragmentos do passado

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POV Matthew

Para uma criança normal de cinco anos, tudo que existe no mundo são os pais, a escola e o desenho preferido de televisão.

Para uma criança normal de cinco anos, depois de chegar da escola ela corria até os pais, contava animadamente sobre o dia e então sentava para assistir seu desenho preferido até o jantar ficar pronto.

Meu problema, desde os cinco anos, era que eu não era normal.

Cheguei correndo de escola, ansioso para explicar a teoria das cores que aprendi, era simplesmente genial poder criar cores a partir de outras, eu queria testar em meus desenhos, mas minha mãe colocou o dedo na frente da boca e se afastou, com o telefone no ouvido.

"Tudo bem, a mamãe é ocupada" pensei inocentemente e voltei a correr pela enorme mansão até o terceiro andar onde o papai trabalhava e entrei apressado.

- Céus, Matthew! Eu não te mandei bater na porta antes de entrar!? - Ele gritou como cumprimento.

Com ele havia uma mulher de vestido e cabelo loiro, não entendi porque os dois estavam tão perto, mas também não liguei porque estava assustado demais para levantar o rosto.

- Papai, eu aprendi a misturar as cores, olha... - Mostrei minha folha com os exemplos para saber o que misturar com o que.

- Tsk, Matthew, não tenho tempo para essas besteiras, estou ocupado. Vá achar sua mãe e mostre para ela. - Mandou abanando a mão.

Eu obedeci e silenciosamente sai da sala.

Dessa vez, sem correr e sem sentir ansiedade por animação, eu andei pelos corredores quietos e brancos e com decorações sem significado até meu quarto.

Talvez fosse a única coisa normal naquela casa horrível. Estava cheio de lápis de cor, tinta e giz de cera. Papéis estavam espalhados por todos os lados e alguns desenhos prontos pendurados nas paredes, os que eu mais gostava.

Eu amassei o papel das anotações legais e joguei no lixo antes de ir para a cama e me esconder debaixo dos cobertores.

A esse ponto eu deveria estar acostumado, era assim todo dia, mas ainda sim para uma criança cada vez doía ainda mais.

Minha barriga doía e já estava muito escuro, mas eu não conseguia sair da cama porque estava com medo de colocar os pés para fora, medo de monstro. Não demorou até a situação ficar realmente fora de controle, eu queria chorar e fazer xixi, mas o medo do desconhecido era tão mais forte que eu não aguentei...

"O papai vai me bater, eu tenho que esconder." Era o que eu pensava sempre.

Maldito pensamento... Eu nunca vou perdoar meus pais por terem me criado para pensar assim.

Com sete anos, quando comecei o ensino fundamental, eles contrataram um jovem filho de alguns amigos para me dar aulas particulares em matemática, eu era horrível.

No começo ele era legal, me ensinava matemática com desenhos, a gente ia para o quintal para brincar também e ele sempre trazia cookies gostosos. Pela primeira vez me senti normal, eu tinha alguém com quem conversar e para quem contar coisas legais do dia a dia.

Lentamente ele conquistou espaço até que podia me tocar a hora que quisesse da forma que quisesse e eu nunca ia achar estranho.

Claro, eu não gostava muito quando eu tentava levantar, mas ele me forçava a ficar sentado enquanto me apalpa, mas * falava que ia ficar triste se eu saísse, então eu aguentava firme.

Isso durou um ano inteiro, até meus oito.

A esse ponto o que antes era toques discretos e "brincadeiras" havia virado beijos desconfortáveis que me deixava sem ar e ele também me pedia para fazer coisas com eles que eu não gostava de jeito nenhum. Me assustava.

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⏰ Última atualização: Sep 17 ⏰

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