Epílogo | A melodia mais bonita

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Jake e Heeseung começaram a ser reconhecidos, um pela voz angelical, outro pelas habilidades na guitarra, e ambos pela aparência física. Não havia uma única pessoa que não ficasse abismada com a beleza daquela dupla em cima do palco. Eles se tornaram músicos de verdade.

Claro, na maioria das vezes, essa admiração desparecia completamente quando descobriam que eles não eram apenas amigos mostrando seu talento em troca de dinheiro, e sim um casal. As pessoas daquela época não estavam preparadas para lidar com dois garotos se beijando - embora não fizessem isso na frente de ninguém, por puro medo.

Apesar disso, ainda eram destemidos o bastante para expressar esse amor de outras formas na frente de uma multidão, como mudar os pronomes femininos de alguma música para masculinos, como se estivessem se referindo um ao outro, além de trocarem olhares apaixonados de vez em quando. Era a coisa mais bonita de se ver.

Heeseung ainda estava aprendendo a lidar com seus traumas e inseguranças, e tinha suas próprias maneiras de demonstrar que possuía sentimentos genuínos por Jake, como fazer o café da manhã, aprender a tocar suas músicas favoritas, ajudá-lo a desenvolver histórias.

Contudo, mesmo que não fizesse nada disso, ainda era perceptível através do brilho de seus olhos, as emoções ardentes que se misturavam em seu interior quando estava perto do australiano, ou simplesmente quando mencionavam seu nome.

Jake tinha muito a falar sobre Heeseung, tanto que aquele bloco-diário não foi o suficiente. Se arrancasse todas as folhas em que os textos eram dedicados ao mais velho, poderia cobrir o chão do quarto com elas, ou encher uma lixeira até transbordar.

E era assim que se sentia: como se estivesse transbordando, e não era o melhor nadador do mundo. Aquela onda de sentimentos já cobriu seu pescoço e estava quase atingindo o queixo, mesmo quando estava na ponta dos pés. Jake estava prestes a se afogar naquele amor que sempre lia em livros e desejava vivenciar.

Estava sonhando acordado, fantasiando tudo aquilo enquanto olhava para o céu meio cinzento através da janela da cozinha. Porém, foi arrastado de volta para a realidade quando ouviu a porta da frente abrir.

- Desculpe a demora. - Heeseung pediu, empurrando a porta com o pé, já que as duas mãos estavam ocupadas carregando sacolas - Tive que esperar uns minutos até o mercado abrir, aí eu fiquei um tempão procurando aquele tipo de massa de que você gosta, e...

- Amor. - interrompeu, aproximando-se para segurar seu rosto - Está tudo bem.

O Lee ainda se explicava quando achava que tinha feito qualquer coisa errada, como se atrasar um pouquinho para chegar em casa, embora soubesse que Jake jamais seria como Sunoo e lhe cobraria explicações a menos que fosse necessário.

Ainda estava se acostumando com a calmaria de um relacionamento saudável, após tanto tempo aprisionado na adrenalina de um relacionamento tóxico. Estava, aos poucos, libertando sua alma e confiando seu coração nas mãos da pessoa correta, que realmente estava disposta a cuidar dele.

- Obrigado por comprar para mim. - voltou a dizer após depositar um selinho demorado nos lábios alheios.

As sacolas foram colocadas sobre a bancada da cozinha, onde o caderno de anotações de Jake estava aberto. Ele estava planejando os capítulos finais de seu livro. Heeseung passou a ponta dos dedos pelas frases escritas a lápis, percebendo que até mesmo os rascunhos do australiano eram cativantes.

Ele deu um leve suspiro, apaixonando-se pelas palavras do homem pelo qual também era apaixonado. Cada pequeno traço dele continuava o conquistando todos os dias, cada parte sua desejava cada parte dele.

Fazia-o se sentir o cara mais sortudo do mundo até mesmo assistir ao estrangeiro arrumando o cabelo em frente ao espelho, ajeitando os óculos pelo menos dez vezes em todos os diálogos, ou comendo seu cereal favorito no sofá sem retirar os olhos da televisão. Jake tinha suas particularidades, e Heeseung amava todas elas.

cartas e acordes • heejakeOnde histórias criam vida. Descubra agora