Depressão

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Gatilhos MUITO pesados: agressão física, infantil e psicológica explícita, sequestro, crises de pânico explícitas, entre outros. Se não conseguir ler, NÃO insista!

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Griffin ofegou com as mãos nos ouvidos devido à gritaria de seu pai contra o detetive que lhe dera a foto.

Seu corpo tremia em seu pequeno casulo enquanto sua mãe sussurrava belas promessas para lhe acalmar.

"Eu vou te proteger";

"Eu estou aqui com você";

"Ele não vai te alcançar";

"Ninguém irá te machucar de novo".

Mas Griffin não conseguia acreditar nelas.

Soltando-se um pouco da pressão que fazia contra seu próprio corpo, Griffin levantou o olhar para ver seu pai. Ele agarrava o responsável pelo seu surto pela gola enquanto o detetive restante tentava acalmar a situação.

Griffin trilhou o olhar dos homens até o chão, lentamente chegando até a foto, que estava virada para cima. Da distância em que estava, não era possível observar claramente o que lhe aguardava, mas aquilo era uma ótima notícia.

Sua mãe lhe encarou com uma expressão preocupada e seguiu seu olhar até a foto. Assim que a avistou, levantou-se apressadamente para retirá-la de seu campo de visão.

O garoto assistiu à sua mãe entregando a imagem de volta para o detetive e o empurrando para longe. As vozes estavam abafadas, Griffin não conseguia entender a conversa. Era só tão barulhento, mas também silencioso.

Seus pais desviaram o rosto e se viraram até si, caminhando com pressa. Griffin os olhava confuso, seus olhos desnorteados e procurando respostas para dúvidas que nem tinha ainda.

— Vamos, filho. - Seu pai chamou calmamente e estendeu a mão.

Griffin se manteve congelado, encarando a palma alheia sem sentir vontade alguma de agarrá-la. Seus pais trocaram um olhar e seu pai suspirou, decepcionado.

Naquele mesmo instante, Griffin se colocou de pé.

Ele não podia decepcionar ou sofreria com as consequências. Oh. Mas quais consequências?

Absorto em dúvidas que se remetiam a sua sobrevivência, Griffin seguia seus pais, cabisbaixo.

Ele estava envolto por paredes de concreto, homens fortes e preparados, proteção familiar. Mas Griffin ainda sentia, ele ainda sentia aqueles malditos olhos claros, que, aos poucos, transformavam-se com o vermelho de seu sangue.

Não estava seguro ali. Não estava seguro no carro. Não estava seguro fora de casa.

Griffin precisava voltar para seu quarto, trancar tudo imaginável, enterrar-se nas cobertas e prestar atenção aos sons.

Em um acordo silencioso, assim que a família entrou no carro, ela partiu para casa. Vance Hopper não era relevante.

××××

Griffin estava soterrado por cobertas, sufocado por travesseiros. Ele não queria tirar o rosto deles.

Seus pais bateram na porta cerca de cinco vezes, perguntando se estava tudo bem. Ele murmurou como resposta em todas elas, porque sabia que, se não respondesse, eles violariam o espaço de seu quarto e entrariam para lhe punir pelo silêncio.

O tempo não fazia muito sentido, Griffin não tinha muita noção. O sol do lado de fora não havia movido sequer um centímetro e sua barriga não havia denunciado a falta de comida, então provavelmente nem era a suposta hora do almoço.

Dores SolitáriasOnde histórias criam vida. Descubra agora