11.

53 3 0
                                    

Conexão é raridade.


Sábado, 14:00 PM - Praia de Copacabana

Pov Lorena

Já fazia algum tempo que eu não ia à praia. Hoje, decidi que seria um bom dia para relaxar, curtir o mar, o sol e o som das ondas. Mamãe parecia estar melhor, então aproveitei para me afastar um pouco da rotina e clarear a mente.

Chamei a Andressa para me acompanhar. Ela topou na hora, dizendo que também precisava desestressar. Nos encontramos na entrada da praia, que estava movimentada como sempre, cheia de ambulantes vendendo de tudo, desde mate gelado a biscoito Globo. Encontramos um lugar para estender nossas cangas.

— Amiga, você tá com uma cara ótima! — Andressa comentou, sorrindo. — O que houve? Tá apaixonada de novo?

— Queria, viu? Mas tô tentando me recuperar do Aleph ainda — respondi, meio sem graça, enquanto ajeitava meu biquíni e olhava o mar.

— Sabe que ele não te merece, né? Você é muito pra ele. Mas, e aquele cara do baile? Rennan, né? — ela perguntou, curiosa, enquanto pegava um coco gelado do vendedor ambulante.

Suspirei. Rennan. Ele ainda mexia comigo, mesmo depois de todo o desprezo que ele me mostrou.

— Ah, amiga, esquece. Aquele bofe é b.o. você sabe. Eu tô querendo algo diferente agora, alguém tranquilo, que realmente me valorize — falei, tentando convencer a mim mesma.

A praia estava cheia de vida. Pessoas conversavam, crianças corriam, vendedores anunciavam suas mercadorias e o cheiro de protetor solar se misturava ao aroma de salgadinhos e milho cozido. Passamos o dia conversando, tirando fotos, rindo e tentando esquecer os problemas. O sol começou a se pôr, pintando o céu com tons de laranja e rosa, e Andressa me convidou para um pagode que aconteceria à noite.

— Vai ser divertido, prometo. E quem sabe você não conhece alguém novo? — ela disse, animada.

— Pode ser uma boa. Acho que preciso disso mesmo — concordei.

Nos despedimos e fui para casa me arrumar. Escolhi uma roupa leve e confortável, um vestidinho floral que passava a vibe menininha mas que marcava bem as curvas do meu corpo. Passei um tempo me olhando no espelho, tentando recuperar a confiança que Aleph havia quebrado. O som e risadas animadas já podia ser ouvido ao longe, ecoando pelas ruas da cidade.

Chegamos no pagode, que estava rolando em um bar na Lapa, cheio de gente dançando e se divertindo. A música era alta, com batidas que faziam o chão vibrar. O ambiente cheirava a bebida e perfume barato, uma combinação típica das noites cariocas. Logo no início, percebi alguns olhares em minha direção, o que me fez sentir um pouco mais bonita e segura de mim mesma.

Foi então que vi um rosto familiar no meio da multidão: Aleph. Ele estava sozinho, encostado na parede, com uma expressão pensativa. Meu coração disparou, mas tentei manter a calma.

Andressa, percebendo meu nervosismo, cutucou meu braço e sussurrou:

— Vai lá. Fala com ele. Pode ser que vocês precisem resolver isso de uma vez por todas.

Respirei fundo e, contra meu instinto de fugir, caminhei na direção dele. Ele me viu se aproximando e se endireitou, com os olhos cheios de uma mistura de arrependimento e esperança.

— Lorena — Aleph começou, mas eu o interrompi.

— O que você tá fazendo aqui? — perguntei, tentando soar firme.

Ele estava vestindo uma camiseta preta, simples, mas que destacava seus ombros largos. O cabelo, um pouco bagunçado, dava um ar despreocupado, mas seus olhos revelavam um tumulto de emoções.

— Vim procurar você. Eu preciso te explicar. Aquilo... foi um erro, eu estava confuso. Mas não é o que você pensa. Eu nunca quis te magoar — ele disse, com a voz carregada de emoção.

Senti o olhar curioso de algumas pessoas próximas. Elas fingiam não prestar atenção, mas era claro que estavam tentando ouvir cada palavra.

— Confuso? Como alguém fica confuso ao ponto de mentir e trair? — retruquei, tentando manter a calma, mas sentindo as lágrimas ameaçarem cair.

Ele cheirava a uma mistura de colônia fresca e cigarro, uma combinação que me trazia memórias conflitantes.

— Eu sei que errei, mas tô muito arrependido. E te amo, Lorena. Percebi isso de verdade quando achei que tinha te perdido. Por favor, me dá uma chance de provar que sou diferente do que você pensa — ele implorou, com a voz baixa e desesperada.

Fiquei em silêncio, tentando processar tudo. Andressa, observando de longe, me encorajava com um olhar firme e reconfortante. Eu não sabia se estava pronta para acreditar nele, mas algo em seu olhar parecia genuíno.

— Aleph, eu não sei se consigo confiar em você de novo. O que você fez me machucou muito — admiti, sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto.

Ele deu um passo à frente, hesitando antes de segurar minhas mãos, que tremiam levemente.

— Eu entendo, e vou fazer o que for preciso para reconquistar sua confiança. Se você me der essa chance, vou provar que te mereço. Eu te amo, Lorena. De verdade — ele sussurrou, olhando nos meus olhos.

Respirei fundo, lutando contra meus sentimentos conflitantes. Eu ainda o amava, mas o medo de ser magoada novamente era grande.

— Eu preciso de um tempo. Tempo para pensar e ver se posso te perdoar — disse finalmente, soltando suas mãos.

Ele assentiu, visivelmente aliviado, mas também compreensivo.

— Eu vou esperar, e não vou desistir de você — prometeu, antes de se afastar lentamente.

Voltei para o lado de Andressa, que me envolveu em um abraço apertado, trazendo o conforto que eu precisava.

— Você fez o certo, amiga. Agora é só seguir seu coração e ver como ele se comporta — ela disse, me confortando.

Enquanto observava Aleph se afastar, senti um misto de esperança e cautela. O futuro ainda era incerto, mas sabia que precisava ser forte e confiar no meu instinto.

A noite continuou, mas meus pensamentos estavam longe...

LorenaOnde histórias criam vida. Descubra agora