14.

62 1 0
                                    

A dúvida já é a resposta.

O despertador tocou às seis da manhã, enchendo meu quarto com seu som insistente. Eu me estiquei preguiçosamente na cama, sentindo o calor confortável das cobertas, mas sabia que precisava levantar. Hoje teria prova na escola, e eu não queria me atrasar.

Levantei-me e caminhei até o banheiro, lavando o rosto para espantar o sono. Olhei meu reflexo no espelho e sorri, um sorriso genuíno, lembrando do garoto simpático do baile de semanas atrás. Ícaro. Queria vê-lo.

Vesti meu uniforme escolar, uma saia azul-marinho e uma camisa branca, e prendi o cabelo em um rabo de cavalo. Desci as escadas, encontrando minha mãe na cozinha preparando o café da manhã.

— Bom dia, mãe — disse, pegando uma fatia de pão integral e espalhando geleia.

— Bom dia, filha. Dormiu bem?

— Sim, muito bem. — respondi com um sorriso e lhe dando um abraço de lado.

Minha mãe olhou para mim com uma expressão de preocupação misturada com ternura. Ela estava se preparando para voltar ao trabalho hoje, depois de um longo período afastada devido à doença. Ela mora no serviço e só aparece em casa de quinze em quinze dias. A ideia de ficar solitária novamente me deixava aflita, mas não queria demonstrar isso para ela.

— Vai dar tudo certo, mãe. Se cuida, viu? — eu disse, tentando soar confiante.

— Pode deixar minha princesa — disse sorrindo. Eu adorava o jeito carinhoso da minha mãe.

Depois de tomar café, peguei minha mochila e saí de casa com o ar fresco da manhã me envolvendo. Caminhei até o ponto de ônibus, onde alguns colegas já esperavam. Trocaram cumprimentos rápidos e eu entrei no ônibus, sentando-me perto da janela.

Durante o trajeto, olhava para a paisagem passando rapidamente, perdida em meus pensamentos.

Ao chegar na escola, encontrei Wes no pátio.

— E aí, Lô? Pronta para a prova? — perguntou Wes sorrindo fraco.

— Sempre pronta. Vamos encarar, amor — respondi, num tom debochado dando um abraço rápido no amigo.

Juntos, caminhamos pelos corredores movimentados, rindo e conversando sobre os planos para o fim de semana.

Confesso que não estava nenhum pouco confiante com o resultado de minha prova. Não havia estudado nada e minha vida estava uma verdadeira bagunça. Mas não me importei muito.

Estava indo embora quando dei de cara com Aleph.

— E ai, morena — disse, dando um de seus melhores sorrisos.

Apenas sorri de volta, tentando não manter muito contato visual. Eu ainda não tinha dado uma resposta a Aleph, e nem estava pronta para isso. Segui caminhando em direção ao ponto, quando ele me chama novamente, dessa vez me chamando para almoçar.

— Ei, espera aí! — ele disse me alcançando. — Bora almoçar lá em casa?

Minha mente ficou uma bagunça. Eu gostava de Aleph, mas estava tão confusa ainda, tudo parecia tão complicado agora.

— Ah, não sei, Ale. Tá meio corrido hoje — menti, tentando fugir daquela situação.

— Só um almoço, nada demais. Vamos, vai ser bom relaxar um pouco — insistiu ele, com aquele sorriso irresistível.

Olhei para ele, tentando decifrar suas intenções. Havia algo em seus olhos que me fazia sentir segura, mesmo no meio de toda a confusão da minha vida. Talvez um almoço não fosse uma má ideia.

— Tudo bem, vamos — disse finalmente, suspirando.

— Minha mãe vai fazer um rango filé, você vai gostar — ele disse, animado.

Caminhamos até a esquina da escola e pude avistar de longe sua moto. Aleph tinha uma Lander 250 preta com detalhes azul, uma vez me disse que ganhou de aniversário de uma tia rica. Queria eu ter uma família rica assim [rss].

Subimos na moto e ele acelerou até sua casa. O vento batia no meu rosto e por um momento, senti-me livre de todas as preocupações. Quando chegamos, tia Ana estava de saída.

— Mãe! A Lorena veio almoçar com a gente — ele disse, sorrindo.

— Lorena, querida! Que bom te ver! Infelizmente, estou de saída para uma reunião, mas tem comida pronta na cozinha. Fica à vontade, viu? — disse ela, com um sorriso caloroso.

Tia Ana trabalhava em uma multinacional de cosméticos, ela tinha conseguido um grande cargo através de seu falecido esposo, padrasto de Aleph, que era muito influente. Aleph também tinha me contado que não conhecia o pai biológico, e que sua mãe sempre fugia do assunto.

— Obrigada, tia Ana — respondi, sorrindo. Adorava a mãe dele.

— Beijos, queridos! — disse Ana, antes de sair apressada.

Entramos na casa e fomos direto para a cozinha. Aleph serviu os pratos enquanto eu me sentava à mesa. O cheiro de comida caseira era reconfortante e, por um momento, me senti em casa.

— Espero que goste — disse Aleph, colocando um prato na minha frente.

— Tenho certeza que sim — respondi, sorrindo.

Enquanto comíamos, conversamos sobre coisas engraçadas, rindo e desfrutando da companhia um do outro. Depois de um tempo, Aleph ficou mais sério, olhando diretamente nos meus olhos.

— Tô com tanta saudade de você, minha morena — disse ele, a voz suave e cheia de sentimento.

Meu coração acelerou. Eu sabia que ele estava sendo sincero e, naquele momento, percebi o quanto eu também sentia falta dele.

— Eu também — respondi, quase num sussurro.

Aleph segurou minha mão por um momento, o calor do toque dele me confortava. Depois do almoço, fomos para a sala, onde ele colocou um filme para assistirmos. Sentamos lado a lado no sofá, e ele passou o braço ao redor dos meus ombros. Enquanto acariciava meus cabelos ele levantou meu olhar em direção ao seu. Sua expressão era cautelosa, parecia que tentava me decifrar. Foi se aproximando, cada vez mais. E eu permiti. Juntou nossos lábios de um jeito calmo, me fazendo sentir uma paz esmagadora tomando conta de todo o meu corpo.

O beijo foi suave e cheio de sentimento, como se ambos estivéssemos tentando comunicar o que não conseguíamos expressar com palavras. Suas mãos foram deslizando pelo meu quadril, quando ele me colocou em seu colo, já pude sentir algo duro.












...

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 27 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

LorenaOnde histórias criam vida. Descubra agora