10.

62 3 0
                                    

Me leu, mas não soube interpretar.

Quarta-Feira, 12:30 PM

Pov Lorena

Acabei de sair da escola e estou indo ao mercado para fazer algumas compras. Mamãe está em casa e precisa se alimentar bem.

Já se passaram mais de duas semanas desde que comecei a ficar com Aleph, e tem sido ótimo.

Nesse tempo, algumas coisas mudaram. Minha mãe tirou uma licença do trabalho por estar doente. As coisas apertaram um pouco, mas minha guerreira sempre dá um jeito!

Eu continuo na mesma rotina de sempre: escola, casa e, às vezes, alguma festa ou baile no fim de semana.

Sexta passada, encontrei Rennan na gaiola. Ele estava ao lado de dois homens fortemente armados, todo bicudinho, lindo!

Me esforcei para ser notada, mas, diferente do que eu imaginava, ele nem me deu bola. Fiquei um pouco chateada, mas faz parte da vida.

Talvez seja um sinal de que não devo insistir. Se envolver com bandido só dá problema.

Além do mais, pretendo algo sério com Ale.

Fiz minhas compras, peguei o ônibus e fui para casa. Cheguei e minha mãe já estava fazendo nosso almoço, mesmo doente ela não consegue ficar parada.

— Mãe, a senhora não pode fazer esforço. Melhora um pouquinho e já quer mostrar as asinhas — falei, repreendendo-a.

— Oh filha, cozinhar não é esforço para mim, é terapia. Não estou forçando nada, daqui a pouco já volto ao trabalho — disse ela, sorrindo.

— Mesmo assim, dona Nair, podia ter me esperado. Eu não cozinho tão mal assim — falei, arrancando uma risada gostosa dela enquanto guardava as compras no armário.

— Seu namorado passou aqui agora pouco, estava preocupado porque você não atendia o telefone. Liga para ele — disse rapidamente.

— O Ale não é meu namorado, mãe, mas vou ligar — falei e fui para o quarto trocar de roupa.

Sentei na cama e liguei para ele, que atendeu logo em seguida.

Ligação On 📱

Lorena: Oi bebê, você estava me procurando?

Aleph: Lógico, onde você tava?

Lorena: No mercado. O que foi?

Aleph: Ia te chamar para comer num lugar diferente.

Lorena: Não vai dar, minha mãe tá cozinhando e não posso fazer desfeita. Mas eu posso ir mais tarde.

Aleph: Beleza, linda. Eu te busco de tarde então, vou desligar aqui porque estão me chamando. Beijo.

Lorena: Um beijo.

Ligação Off 📱

...

17:30 PM

Estava no chuveiro quando escutei buzinas na minha porta. Gritei avisando que podia entrar e me apressei para sair do banho.

Sai enrolada na toalha e fui até a sala para vê-lo. Aleph estava sentado conversando com minha mãe.

Fui vestir minha roupa, optei por um vestidinho leve e uma sandália Melissa. Penteei meus cabelos, me perfumei, peguei o celular, a bolsa e fui até a sala.

— Vamos? — perguntei.

— Vamos — respondeu ele, dando um abraço em minha mãe.

— Mãe, talvez eu volte um pouco tarde, tá bom? — disse, e ela assentiu sorrindo.

Dei um beijo nela e seguimos.

Fomos primeiro até a casa dele. Aleph subiu para pegar a carteira que havia esquecido. Seu telefone, que estava em cima do sofá, começou a apitar freneticamente. Mesmo sabendo que não era certo, resolvi ver o que era.

Sabia a senha: o nome do cachorro dele.

Entrei no WhatsApp e vi inúmeras mensagens de uma mulher perguntando onde ele estava e dizendo que estava com saudades. Rolei para ver a conversa anterior e me decepcionei.

Vitória: Você esqueceu seu boné. (foto)
Vitória: Eu tava até agora de pernas bambas kkkk
Aleph: Da próxima te deixo andando torto hahaha
Aleph: Passo aí pra buscar outra hora, sua gostosa.
Vitória: Já estou com saudades, amr.
Aleph: 😘😘

Eram mensagens de quatro dias atrás. Ele havia me dito que estava trabalhando até mais tarde. Sentei no sofá, querendo chorar. Bloqueei o celular e escutei ele descendo as escadas.

— Achei, vida. Bora? — Aleph disse, vindo em minha direção.

Assim que percebeu minha cara de choro, veio correndo perguntar o que eu tinha.

— Quero ir embora — falei, tentando limpar as lágrimas que insistiam em descer pelo meu rosto.

— Pelo menos me fala o que aconteceu!? — perguntou.

— Pergunta pra sua amiga Vitória. Não é ela que você vai deixar andando torto? — joguei o celular em cima dele. — Responde! Não é ela que você anda comendo enquanto me fala que tá trabalhando??? — esbravejei.

— Vida, não é isso que você tá pensando. Essa menina é louca, ela vive se jogando pra mim, mas eu não quero — falou, tentando se aproximar.

— Eu vou embora, não adianta vir atrás de mim! — gritei, abrindo a porta e saindo a pé.

— Deixa eu te levar em casa, por favor, acredita em mim — implorava, encenando uma cara de choro.

Fiquei em silêncio enquanto aguardava o Uber que acabei de pedir.

— Sai de perto de mim! — gritei, tirando as mãos dele do meu braço.

Ele sentou numa pedra e começou a chorar feito criança. Meu ódio só aumentava com toda a falsidade. Filho da puta, traidor.

Assim que o Uber chegou, entrei e fui embora. Cheguei em casa deprimida, me sentindo uma otária por ter confiado nele.

Embora estivéssemos ficando há pouco tempo e aparentemente "sem compromisso", ele mesmo havia me dito que queria algo sério. Só não assumimos nada porque eu queria ir com calma.

Ele me fez acreditar que era o início de um compromisso, e eu caí como uma idiota!

Mamãe já estava em seu quarto dormindo. Ele não parava de ligar e mandar mensagens. Bloqueei seu número, desliguei o celular e passei a noite toda chorando até cair no sono.

...

Mais de uma semana se passou desde que terminei com Aleph. Ele veio até a porta da minha casa todos esses dias, até que avisei que chamaria a polícia se ele não me deixasse em paz. Parece que entendeu, pois faz dois dias que ele não aparece mais.

Apesar de não termos feito nada além de beijos e amassos, sinto como se tivesse vivido um grande relacionamento. Ele dizia que me amava e, bom, nossa conexão era tão forte que eu acreditava em tudo.

Fiquei muito mal, mas levantei a cabeça e resolvi seguir em frente.

Já superei coisas muito piores.

LorenaOnde histórias criam vida. Descubra agora