Chovia naquela noite, a festa estava quase acabando quando Natália resolveu criar coragem, ou talvez fosse o álcool em seu sangue fazendo efeito? Ela não sabia, só sabia que Carolina estava linda com os cabelos úmidos e um sorriso nos lábios.
E aquele era o problema de Natália, aquele sorriso combinado com aqueles olhos incrivelmente verdes. Talvez o álcool tenha lhe dado o impulso que ela precisava, naquele dia Natália acabou com a melhor amizade que tinha, naquele dia ela perdeu uma parte de si mesma.
Ela se aproximou de Carol, que dançava na chuva como se aquilo fosse a coisa mais legal que já havia feito, o sorriso em seu rosto não deixava dúvidas de que ela estava gostando.
- Carol! - sua fala saiu meio embolada, seus olhos estavam turvos e Carol reconheceu aquilo rapidamente.
- Oi Nat, você não acha que bebeu demais? Tenho certeza que não deveria estar tão perto da piscina agora - ela apontou, sabendo que Natália fazia coisas imprudentes quando estava alta.
- Não, eu tô bem, eu queria falar com você. Preciso te confessar algo, tô guardando isso aqui dentro de mim e acho que um dia isso ainda vai me matar.
Carolina ficou curiosa, desde quando guardavam segredos uma da outra? E por que Natália achava tão importante contar aquilo agora?
- Eu.. eu amo você, Carol, sou completamente apaixonada por você. Amo tudo em você, seus olhos, seu sorriso… sua timidez, tudo. Eu acho você tão bonita, mesmo que você não ache - era possível sentir a apreensão de Natália no ar, o tempo havia parado enquanto Carolina digeria tudo que ela disse.
Natália pôde ver claramente o momento em que o sorriso de Carol desapareceu de seu rosto, quando seus olhos ficaram nublados.
- Mas eu não te amo desse jeito, eu nunca vou Natália. Isso deve ser coisa da sua cabeça, é loucura, Natália - sua voz não era baixa, nem mesmo medida, Natália tinha certeza que se não fosse pela chuva e pela música alta todos teriam ouvido.
Talvez se não fosse pela chuva e pela música Carolina tivesse ouvido o coração de Natália se quebrando, mas seus ouvidos estavam surdos para isso.
- Eu não sou louca, Carol, eu sei o que sinto. Não pedi que você me desse nada, não pedi seu amor de volta - a voz de Natália já estava embargada, a chuva disfarçava duas lágrimas, mas seus olhos não escondiam nada.
- Por favor, Natália, esquece isso. Deleta essa ideia de amor da sua cabeça, quem seria capaz de te am- talvez tenha sido ali que Natália desistiu dela, ou talvez tenha sido quando ouviu por Lara que Carol iria embora.
O soluço de Natália passou pelo coração de Carol como uma bala e, antes que ela pudesse retirar o que disse, Natália correu pela casa. Passou pelos corpos animados dos adolescentes ali e desapareceu na chuva.
Naquela noite Natália só queria esquecer de tudo, ela bebeu demais e na outra manhã acordou nua e acompanhada em um quarto aleatório da casa de Helena, sem lembrar de nada que aconteceu naquela noite.
Entre ser ignorada por Carolina, evitada em todos os lugares que se encontravam e não receber mais os convites das amigas para encontros em grupo, Natália sentia seu corpo pesado e cansado. Os enjoos vieram em algum momento e seu pai quase a deserdou quando descobriu que estava grávida.
Foram sete meses de puro pânico e ódio de si mesma, antes de parar no aeroporto, afastada de todas as amigas, para observar seu amor ir embora do país. Carolina a estava evitando o suficiente para que não fosse preciso esconder sua barriga, ela não precisou pedir para as amigas manterem a gravidez dela para si mesmas já que Carolina implorava para não ouvir nada dela.
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When I'm gone
FanfictionEla assistiu o avião partir, de longe, com os olhos marejados, levando o amor de sua vida. Talvez demoraria para a dor passar, talvez ela nunca passasse, mas era disso que se tratava o amor. Ele machuca, ele dói, não deveria, mas dói. Ela levaria aq...