Com o bebê deitado na cama e escorado por travesseiros a sua volta, Seok me leva até o quarto com a porta trancada.
Ao entrar percebo que é um quarto normal mas aparentemente pertence a um jovem com poster de grupos femininos colado nas paredes.
Estava um pouco bagunçado, a cama não estava arrumada e tinha roupas jogadas em algumas partes. Seok fica parado em silêncio olhando tudo com cuidado.
Os raios de sol que entravam pela janela faziam eu me sentir melancólica como se o tempo ali naquele quarto fosse diferente, como se estivesse parado.
Seok então se aproxima da cama e puxa uma mala que está debaixo dela. Me aproximo para ver e são roupas de bebê.
- Era do meu irmão, estão um pouco velhas mas talvez sirvam.
O rapaz me olha e percebo seus olhos marejados, minha intuição grita e já consigo imaginar o que aconteceu.
Seu rosto está em sofrimento mas ele continua.
- Sempre quis ter um irmão, mas minha mãe tinha dificuldade para engravidar quando conseguiu eu já tinha 10 anos e logo em seguida meu pai sofreu um acidente no trabalho. Então eu me tornei o homem da casa e cuidei dos dois. Eles eram tudo pra mim mas com o tempo minha mãe adoeceu, ela sentia falta do meu pai e o câncer tomou conta dela. Aos 20 eu tomava conta dele sozinho. Não podia me formar na universidade pois trabalhava o dia todo e apesar do cansaço no final do dia chegar em casa e ver aquele pirralho era a melhor coisa. E assim os anos se passaram e ele já era um adolescente, inteligente, bondoso, eu tenho tanto orgulho dele. - Os olhos dele estavam distante com as lembranças. - Então tudo começou e nós mudamos para cá. Escondidos de tudo e de todos. Estava tudo bem até que em um dia que saímos para pegar comida ele pediu para entrar em uma loja onde vendia Mangá, eu fiquei olhando ele indo em direção da loja e quando ele pôs as mãos na porta... Ele caiu. - Seok fica uns segundos em silêncio. - Corri para ver o que tinha acontecido, tinha sangue saindo de seu nariz e ele apertava a cabeça com força.
Ele gritava de dor, e eu tentava acalmá-lo, mas logo o silêncio tomou conta e ele.A voz de Seok embarga, meu coração está apertado e não me dou o trabalho de segurar as lágrimas. Sem pensar duas vezes o abraço, apesar de não ser fã de toque físico eu já tinha me esquecido da sensação e para minha surpresa não era ruim abraçá- lo.
A princípio ele fica rígido mas logo me abraça de volta e chora, um choro que eu só conhecia vindo de mim mesma. Um choro de desespero, um choro de saudade.
Depois dos longos minutos de choro nos recompormos ao escutar o pequeno reclamar no quarto do lado.
Seok trouxe a mala e consegui algumas peças que coubessem naquela mini pessoa.
Já de fraldas, devidamente vestido e com uma chupeta na boca ele parecia mais feliz e os bracinhos balançavam o tempo todo.
- Ele é tão fofo!
Fofo... Tá aí uma palavra que não imaginava o supervisor Seok falando. Ele também era fofo, até muito mais que isso. Era um homem bonito, forte e alto, o corte de cabelo baixo dava a ele todo o charme e virilidade necessários.
- Está parecido com meu irmãozinho.
- Como ele se chamava ?
- Yohan!
- Eu lamento, Seok! Mas ele devia ser um rapaz incrível.
- Ele era. Vocês iam se dar bem. Ele também gostava de k-pop.
- Como sabe que eu gosto ?
- Porque veio pra Coréia ?
Penso por um momento e percebo que ele tem razão.
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O brilho de seus pequenos olhos
Ficción GeneralSeria possível encontrar o amor em um mundo distópico e sombrio ? Esse pequeno conto baseado em um sonho mostra que podemos achar o amor nas pequenas coisas e lutar pela felicidade.