Fúnebre

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Não conseguia se arrumar para o funeral. Chorava todo segundo, sendo impossível de parar, mesmo se fosse seu maior desejo. Teria que encarar todos os amigos e familiares de Sora consolando Sra. Todoroki e até mesmo ele, pois era seu namorado. Não tinha estrutura para encarar tal situação, queria apenas sumir e evitar tanta dor. Seus amigos do Karasuno estariam ali, Yuu, Yuto e até mesmo Keiko, que era colega de classe de Sora e seu ex "amor". Teria que olhar para todos e agradecer as condolências, não queria. Passou o velório sem falar com ninguém, apenas abraçou Sra. Todoroki o mais forte que conseguiu e ambos derramaram todos seus sentimentos ali. Ver o corpo dela no caixão foi devastador. Sua mãe tinha arrumado uma peruca avermelhada para colocar em sua cabeça e Sora estava ali, do jeito que sempre se lembrava.

- Eu s-sinto muito... - Hinata estava com o rosto molhado e os olhos vermelhos, ele sempre foi muito emocionado, mas era bonito ver o quanto se importava com Sora.

- Tudo bem, não é culpa sua... não é culpa de ninguém. - Kageyama queria ser forte, já não tinha mais lágrimas para derramar, apenas dor para sentir em seu peito.

Yuu também foi conversar com o moreno, assim como seus colegas de clube, todos estavam presentes para confortá-lo. Eles sabiam que as palavras não seriam suficientes para aliviar a dor de Tobio, mas a presença deles era uma tentativa de mostrar que ele não estava sozinho. Yuu, com seu jeito animado e enérgico, sentou-se ao lado de Tobio, oferecendo um sorriso tímido.

- Ei, Tobio - Começou, a voz baixa e suave - não precisamos falar sobre nada se você não quiser. Só queremos que você saiba que estamos aqui para você, sempre.

Os outros colegas de clube se reuniram ao redor, alguns colocando as mãos no ombro de Tobio, outros apenas permanecendo em silêncio respeitoso. Eles compartilhavam olhares de preocupação e solidariedade, entendendo que, às vezes, a simples presença pode ser um consolo profundo. Tobio, ainda envolto em sua dor, sentiu uma leve onda de gratidão. Ele olhou para seus amigos, as pessoas que sempre estiveram ao seu lado nas vitórias e nas derrotas. Era um lembrete silencioso de que, mesmo nos momentos mais sombrios, havia luz na forma de amizade e apoio.

- Obrigado, pessoal. Eu... eu realmente aprecio isso. - Murmurou. Sua voz era rouca e trêmula, mas sincera. Os amigos assentiram, oferecendo sorrisos encorajadores.

Aos poucos, Tobio começou a sentir um pouco do peso se dissipar. A dor ainda estava lá, aguda e persistente, mas a presença de seus amigos trazia um conforto inesperado. Eles ficaram com ele, conversando sobre coisas triviais, compartilhando histórias engraçadas, tentando arrancar um sorriso de Tobio. E, embora fosse apenas um pequeno passo, foi um passo na direção certa. Tobio sabia que o caminho para a cura seria longo e difícil, mas com seus amigos ao seu lado, ele sentiu uma centelha de esperança. Eles eram sua âncora, e com eles, ele poderia começar a reconstruir as partes quebradas de seu coração.

Aquele terrível momento acabou na casa de Todoroki. A mãe dela tinha preparado um lanche junto com a Sra. Kageyama, para que não ficassem sozinhos. Yuto e Keiko estavam lá, muito abatidos e silenciosos, apenas encarando o vazio. Sora era muito querida por todos, seu velório estivera lotado por vizinhos, alunos e até mesmo professores, todos sabiam de sua condição e rezavam para que ela melhorasse.

- Kageyama? - Yuto aproximou do moreno e sentou ao seu lado - Eu falei com Sora antes de... enfim. - O mais velho respirou fundo - A gente terminou faz muito tempo, mas eu acho que nunca perdi o carinho que sentia por ela. - Yuto virou seu rosto para Kageyama que fez o mesmo - Ela te amava muito. Obrigado por ficar com ela nesse tempo tão difícil, eu não sei se conseguiria. Dava pra ver o quanto sua presença era importante para Sora... eu sinto muito. - O garoto sorriu para confortá-lo e saiu, deixando-o sozinho.

- Kageyama? - A Sra. Todoroki o chamava - Sora pediu para que fosse no quarto dela, acho que tem alguma coisa para você lá. - A mulher abriu um sorriso enorme. Estava corroída por dentro, mas ainda encontrava forças para sorrir e ser otimista como sempre foi.

Tobio subiu as escadas e entrou no quarto da garota. Estava arrumado, do jeito que sempre foi. Sua guitarra encontrava-se pendurada na parede, sua cama ajeitada e na sua escrivaninha tinha apenas um papel. Ainda sentia a presença de Sora no local, como se ela ainda estivesse ali com ele. Passaram tanto tempo naquele lugar que era quase como uma segunda casa para Tobio. Aproximou da mesa e segurou a folha com as mãos trêmulas. Era uma carta e não sabia se estava preparado para aquilo.

  Abriu um sorriso ao ler aquelas palavras e colocou o papel no peito, apertando com força

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Abriu um sorriso ao ler aquelas palavras e colocou o papel no peito, apertando com força. Ela não estava bem e mesmo assim escondeu sua dor para que Tobio não sofresse.

- Sua boba... como pode fazer isso comigo? - Suas lágrimas se misturavam com a risada que não queria segurar. Era um misto de emoções adversas, não entendia o que estava sentindo naquele momento, tudo passava dentro de seu peito.

Kageyama ligou o computador da menina e colocou o pendrive que estava na gaveta. Tinha várias pastas com áudios para ele ouvir quando estivesse triste, com saudade, feliz e até mesmo com raiva, e a última era uma só com músicas. Colocou a música que Sora havia pedido, queria ouvir sua linda e doce voz antes de descer as escadas e encarar o mundo real.

"Eu não posso ser seu amor
Olhe, é muito trivial para você agora
Oh, minha vida está desmoronando
Talvez ninguém vá perceber se eu desaparecer

Mas eu vou rezar por você o tempo todo
Se eu pudesse estar ao seu lado
Eu te daria minha vida, minhas estações

Eu não posso ser seu amor
Porque tenho medo de arruinar sua vida

Enquanto as folhas murcham
E crescem de novo
Você foi pra longe
Eu estarei empurrando margaridas
E trago todas as chances para cá

Mas eu vou rezar por você o tempo todo
Se eu pudesse estar ao seu lado
Eu te daria minha vida, minhas estações
Ao seu lado, eu serei suas estações

Meu amor"

Kageyama se sentia feliz e aliviado por saber o que se passava dentro da cabeça de Sora. Ela era especial e agora era seu anjo da guarda, que estaria para sempre com ele em todos os momentos, bons e ruins. O garoto continuou um pouco mais ali no quarto apenas ouvindo a risada dela, sentiria tanta falta daquilo. Seu peito apertava com força a cada letra que saía da boca de Sora. Como pode a vida ser tão fugaz? Algo que deveria durar tanto quanto o frio do inverno, o sol do verão, as folhas do outono e principalmente os lírios da primavera, eles tinham o mais belo e puro significado: amor eterno.
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Cara eu chorei muito kkkkkk

Penúltimo capítulo, agora é o fim 😭

Rugido do Céu | Kageyama TobioOnde histórias criam vida. Descubra agora