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Sora saiu do quarto, deixando Kageyama sozinho. Pensava em explorar o local, afinal além de afastado, também era velho, com certeza encontraria algo divertido para fazer. O hotel foi construído na década de 20, então tinha uma arquitetura muito marcante da época. O saguão era enorme e dava acesso para todos os outros lugares, tinha dois elevadores que levavam para os quartos e um corredor que ia direto para a área externa, onde estavam as piscinas e salas de jogos; era enorme e não ficaria atoa durante a semana. Por sorte, encontrou uma sala de música perto das piscinas, poderia passar o tempo da melhor forma.

Sora estava trabalhando em uma música que usariam para o concurso de bandas de Sendai e seus colegas acharam que a garota era a melhor para compor, porém precisava de inspiração para isso. O concurso era em dezembro, então tinha seis meses para trabalhar e aperfeiçoar a música. Precisava de uma musa ou algo grande para que ficasse excelente e inspirador. Estava há mais de uma hora naquela sala tentando fazer alguma coisa funcionar, mas era difícil sem qualquer estímulo.

And I don't know how it gets better than this
You take my hand and drag me headfirst
Fearless
And I don't know why but with you I'd dance
In a storm in my best dress
Fearless

Uma voz masculina e suave ecoava pelo lugar. Era um homem cantando Fearless, não existia nada mais perfeito que aquilo. Yuto odiava as músicas da Taylor Swift, por mais que Sora fizesse de tudo para que ele escutasse, segundo o garoto, aquilo era "música de menininha". Ouvir a música em uma voz masculina era com certeza a oitava maravilha do mundo. Precisava encontrar o dono daquela voz angelical e super afinada, então resolveu procurar por todos os lugares perto dali até chegar em um garoto moreno que estava sentado no sofá da sala de televisão, que ficava ao lado esquerdo da onde a garota se encontrava. O menino mexia no celular com os fones nos ouvidos, ignorando tudo ao seu redor.

- Kageyama!? - Sora não podia acreditar que ele era dono daquela voz maravilhosa e muito menos que ele gostava de Taylor Swift. Se não fosse por seu temperamento, ele seria o homem perfeito - Não sabia que você cantava tão bem! - A garota sorria e resolveu sentar junto de Tobio.

- Você nunca me perguntou, como saberia? - Ele era grosso e irritante, mas Sora não tinha com quem conversar, então tentou apenas ignorar.

- Desde quando ouve Taylor?

- Ouvi Fearless quando lançou, mas não era fã. Acho que faz uns dois anos que realmente me apaixonei por ela. - Kageyama não tinha confiança em falar sobre isso, afinal existia um pequeno preconceito com um homem ouvindo músicas românticas e sensíveis - Não fala pra ninguém... por favor. Acho que os meninos acabariam comigo se descobrissem.

- Não vou falar, não sou desse tipo... qual sua música favorita? - Desde que se conheciam, não tinham nada para conversar, pois seus gostos eram distintos.

- The Way I Loved You, sem dúvidas. E a sua? - Por que era tão bom conversar com ela sobre isso? Como se as diferenças fossem inexistentes e irrelevantes.

- Better Than Revenge. - Sora sorriu.

- Nunca imaginei que a senhorita rebelde gostava de músicas tão... diferentes.

- Nunca julgue um livro pela capa, Tobio. - Ambos riram. Pela primeira vez conversavam civilizadamente e sem nenhum peso, como se fossem amigos há anos e se conhecessem melhor que qualquer outra pessoa.

Ficaram horas conversando, não só sobre Taylor Swift, mas tudo que acharam em comum. Os dois gostavam de fotografia, arte, a estação favorita era outono e eram apaixonados por iogurte natural. Não sabiam em quantas coisas eram parecidos e se continuassem ali, achariam ainda mais conversa. Teriam mais seis dias para conhecer um ao outro e fariam isso, seja na piscina ou no quarto. A animação tomava conta dos dois, pois seus amigos não tinham os mesmo interesses, reprimindo seus gostos.

Estranhamente poderiam ser eles mesmos, afinal compartilhavam seus lados secretos. A visão que tinha de Kageyama mudou completamente, ele não era só aquele garoto preprotente e arrogante que estava acostumada, era muito mais que isso. Tobio podia ser sensível e educado e Sora o achava cada vez mais atraente. Engraçado como a personalidade influencia a beleza das pessoas. Agora que realmente estava o conhecendo, não achava ele tão feio. Na verdade começou a reparar mais em suas características físicas, como seus olhos preto azulado e a franja que cobria sua testa, mas dava um charme a mais para ele.

Para Kageyama as coisas não eram diferentes. Sempre repudiou os cabelos avermelhados da garota, mas agora via o constraste que eles tinham com a cor bronzeada de sua pele. Perdia o ar quando prestava atenção em todos os detalhes dela. A boca da menina tinha o tom perfeito de vermelho, tudo harmonioso em seu rosto. Nunca tinha encarado Sora daquele jeito, tão delicado e romântico, pensava que ela só poderia ser grossa e rebelde, incapaz de demonstrar qualquer sentimento profundo e doce.

Tinham visões diferentes da realidade. Não eram ruins como imaginavam, pelo contrário. Se ficassem o silêncio, com certeza seria possível escutar a música mais calma de todas, porém antes não era assim. Quando estavam sozinhos, apenas ruídos e gritos podiam ser escutados, mas agora não existia nada além de paz. Claro que não eram isentos de defeitos, todos tem, mas eles pareciam muito menores que anteriormente. Talvez essa viagem não tenha sido tão ruim.

- Yuto nunca conversaria comigo sobre isso. - Tobio fechou o rosto ao ouvir aquele nome. Não suportava o menino, ele era tão soberbo e arrogante, mais do que qualquer outra pessoa que conhecia.

- Você ainda namora ele?

- Claro, por que não?

- Ele é um baita idiota, Sora. Como você aguenta? - Não conseguiu deixar a garota responder, o nariz dela começou a sangrar repentinamente - Seu nariz! Está tudo bem?

- O que...? - Todoroki colocou a mão no local e percebeu o sangue. Que merda, onde tinha se machucado? - Deve ser o tempo seco, fica tranquilo. - Ela levantou-se para encontrar algum banheiro e limpar aquilo. Não sabia da onde vinha, mas desejava que não fosse nada muito preocupante.

Sora se despediu de Kageyama e subiu para o quarto. De repente estava sentindo uma fraqueza estranha, talvez fosse o cansaço da viagem e fome acumulada. Era melhor ficar quieta no quarto e descansar até o dia seguinte, certamente estaria melhor pela manhã. Desejava que aquilo passasse, não estragaria a viagem de seus companheiros com um mal estar idiota.

Poderia ter certeza de que não passava de algo bobo e sem importância, também não contaria a sua mãe. A mais velha tinha muitos problemas para se preocupar com ela.

Não contaria a ninguém, estava tudo no mais perfeito estado.
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Agora vai aprofundar mais na relação deles.

Espero que gostem. Por mais que não seja uma obra grande, quero que seja marcante e sensível.

Rugido do Céu | Kageyama TobioOnde histórias criam vida. Descubra agora