Avesso

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- vocês transaram?! - Hinata quase chamou a atenção de todos, mas Kageyama impediu que isso acontecesse.

- Seu idiota! Quer falar baixo!? - Repreendeu o ruivo - Sim... a gente... t-transou.

- Caralhoooo! - Hinata começou a rir e pular de alegria - Você desencalhou!

Todos os garotos do time olharam para Shōyō e Tobio. O moreno queria matar aquele projeto de gente com as próprias mãos, mas se fizesse alguma coisa, com certeza Daichi brigaria com ambos. Puxou o menino pela barra da camisa para que ele se sentasse e aquietasse ao seu lado.

- Cara, você tá pedindo pra morrer. Fala isso alto de novo que eu vou te mostrar o que é desencalhar. - O pequeno sentou-se quieto, não ousou piscar - Só porque você não consegue pegar ninguém, não significa que eu não consiga. - O moreno sorriu se gabando, estava na frente de Hinata.

- Vai se fuder, é só porque ela teve dó de você viu! - Kageyama empurrou Hinata que ria de sua cara.

Quando estava com ele, não pensava em mais nada. Era apenas divertido e descontraído. Tinha sorte por tê-lo em sua vida, por mais que sempre estivesse irritado com o ruivo. Sentia-se aliviado por uma amizade tão verdadeira como essa. Sabia que, independentemente das circunstâncias, poderia contar com seu amigo, e isso lhe dava uma sensação de segurança e pertencimento que poucas coisas na vida poderiam oferecer. Nos momentos de alegria, riam juntos até tarde; nas dificuldades, apoiavam-se mutuamente sem hesitação. Essa conexão, construída ao longo dos meses, era uma âncora em meio às tempestades da vida. Poderia confiar em Hinata para tudo, por mais que ele fosse exagerado.

O treino passou mais rápido do que esperava, mas poderia se encontrar com Sora. O problema é que a garota não respondia suas mensagens e isso o deixava aflito. Talvez estivesse somente dormindo, ou o celular estava descarregado, porém isso não impediu que a preocupação tomasse conta de seu corpo. Ela estava bem, pensou o caminho todo, afirmando para si mesmo que não precisava se preocupar com coisa tão pequena. Andava voando na bicicleta, podendo se acidentar a qualquer momento, apenas para chegar logo na casa de Sora e vê-la. Porém o lugar estava escuro e silencioso, apenas ouvia o latido do cão vizinho. Começou a ficar ansioso, suar frio e suas mãos tremiam. Todas as vezes que ia para o hospital, Todoroki avisava ou deixava um recado com sua mãe.

- Merda, merda, merda! - Kageyama tentou ligar para Sora, mas só dava caixa postal - Cadê você...?

- Kageyama? - O garoto virou-se e encontrou Sra. Saito, a vizinha da frente - Está procurando Sora? Ela saiu para o hospital já tem um tempo.

Tobio agradeceu e saiu correndo para o hospital. Sabia onde era, já tinha ido com ela várias vezes. Estranhou a falta de comunicação da garota, já que sempre deixava avisado para ele onde estava. Por sorte, sua mãe estava com a Sra. Todoroki na entrada do hospital compartilhando um cigarro.

- Oi filho. - Sua mãe abriu um sorriso forçado, tentando confortar Kageyama.

- Cadê ela?!

- Calma, meu amor... - A mãe de Sora se aproximou para consolá-lo - Ela está bem, apenas teve que ser internada.

Por isso não havia respondido, mas isso não o aliviava nem um pouco, deixava-o mais aflito. Se estava internada, é porque nada ia bem, nunca viu ninguém ser internado por estar bem. Agora não tinha o que fazer, apenas esperar e torcer para que Sora ficasse bem. A Sra. Todoroki avisou que daqui uma hora a garota estaria liberada e poderia receber visitas. Então esperou. Esperou por uma, duas, três horas sem algum sinal de Sora. Eram quase nove horas da noite, todos estavam cansados daquele lugar. Kageyama queria ser forte e não chorar, mas era impossível, ia no banheiro a cada cinco minutos para descarregar todo o peso que sentia. Chorava igual criança mesmo, com direito a grito e soluço. Não queria sentir aquilo sozinho, essa porra era injusta demais. Por que todos tinham que sofrer? Por que logo com Sora?

- Filho da puta! Por que com ela e não comigo? - Kageyama estava na calçada, olhando para o céu. Não ia para a igreja mas acreditava em Deus, sentia que aquilo era culpa dele - Você podia fazer isso com qualquer pessoa mas escolheu justo ela? Que caralho! - Não poupava lágrimas, chorava alto, todos da rua podiam ouvi-lo.

Estava atrapalhando alguém? Não ligava. O sentimento de perda era muito pior do que a vergonha de levar um esporro de alguma enfermeira. Seu coração doía muito, estava pesado, e sua cabeça latejava junto com seus olhos. Era uma sensação horrível e desnecessária. Tinha colocado toda sua força em uma coisa incerta: a vida de Sora. A qualquer momento ela poderia falecer e não estava preparado para isso, apenas desejava que a garota ficasse bem.

- Kageyama, a Sora... - O moreno virou-se rapidamente para receber a notícia, tinha certeza de que não seria algo bom - O médico liberou para vê-la, quer ser o primeiro?

Um alívio estrondoso consumiu seu corpo inteiro. Não hesitou nem por um segundo, levantou como um jato e correu até o quarto onde a garota se encontrava. Seu corpo relaxou completamente quando viu aquele sorriso, debilitado, porém lindo. A garota estava mais pálida que o normal, parecia fraca e muito doente.

- Oi lindinho, ficou preocupado?

- Pra caralho! Você não tem noção do quanto eu senti sua falta. - Kageyama puxou um banquinho para sentar ao seu lado e segurou a mão da menina.

- Eu também s-senti a sua... você está bem?

- Não importa, você que tem que estar bem. - O garoto beijou todo o peito da mão de Sora e juntou seus lábios cuidadosamente em um selinho.

- Eu vou ficar bem... senti falta do seu cheiro, sabia? É um saco ficar aqui fazendo milhares de exames, principalmente sem você.

- Deve ser mesmo... não consigo imaginar o quanto você deve estar sofrendo. - Sua voz saiu embaraçada por causa do choro que segurava em sua garganta.

- Não estou, fica tranquilo. Não estou sofrendo.

Confiou naquelas palavras, por mais que não parecessem verdadeiras. Passaria todo o tempo com ela, mesmo que significasse faltar à escola ou ao clube, nada mais importava. Sentiu-se aliviado por ela estar viva e ali na sua frente, como ganhar uma partida depois de duas horas de jogo. Era um sentimento intenso, como uma fogueira que queima com o fogo mais forte, que não se apagaria facilmente nem com a mais violenta ventania. Seria impossível eliminar a chama do amor que crescia dentro do seu peito, nem a morte abalaria aquele sentimento. Jurou para si mesmo amar somente uma única pessoa: Sora. E não desistiria dela tão fácil, nem se precisasse morrer para isso.

- Queria que fosse eu no seu lugar...

- Cala a boca! Não fala isso nunca mais, ouviu!? - Sora estava irritada, não deixaria que o garoto falasse aquilo novamente - Se aconteceu comigo é porque tinha que acontecer comigo! Não é culpa sua, nem perto disso.

- Eu te amo... - Sora foi pega de surpresa com aquelas palavras, sentia-se da mesma forma.

- Eu também te amo, bakageyama... - Ela sorriu e juntou seus lábios em um beijo delicado. Sentia falta daquele toque que a levava para os céus.

- Ah, qual é... Bakageyama, Sorabo? - O moreno sabia que ela também odiava aquele apelido.

Os dois ficaram ali, apenas aproveitando a companhia e o beijo do outro. A noite não poderia terminar melhor, finalmente se encontravam em paz.
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Não aguento o Kageyama fofinho demais cara 😭

Quase no final, ai ai ai

Rugido do Céu | Kageyama TobioOnde histórias criam vida. Descubra agora