Começo do fim

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Todoroki Sora conhecia Kageyama Tobio desde que eram crianças. Eles não se gostavam, mas precisavam conviver, já que suas mães se conheciam desde o Ensino Médio. Ambos eram fechados e raramente conversavam, por mais que vivessem na casa um do outro. Tobio morava na mesma rua da garota e estudavam na mesma escola no fundamental, Kitagawa Daīchi, porém sempre se evitavam. Ela não gostava da personalidade do rapaz, por mais que não fosse diferente, sempre entravam em conflito.

Faziam o ensino médio na mesma escola também, suas mães desejavam que algo acontecesse entre eles, mas Todoroki não suportava as manias do rapaz. Odiava vôlei e conhecia a fama que o moreno tinha quando era mais novo. "Rei da quadra". Não era um apelido convidativo, ele era arrogante e prepotente, tratava os outros com ignorância e era um filho da puta. Os dois eram completos opostos. Enquanto Kageyama era ridículo, Sora fazia de tudo para não ser mal educada. A opinião dos outros era indiferente para ela, mas não queria ser grossa e pau no cu igual o menino.

A convivência dos dois era estranha, sempre presentes fisicamente, mas nunca mentalmente. Estavam juntos toda hora e não trocavam uma palavra, o que intrigava os amigos de Kageyama e Todoroki. O clube de vôlei do moreno não disfarçava quando os via juntos e Hinata Shōyō, melhor amigo de Tobio, vivia no pé de Sora, querendo fazer amizade. Ele era extrovertido e hiperativo, o que irritava a garota, pelo menos Kageyama não era assim.

- Ahn... Sora? - O moreno se aproximou da garota que ouvia sua música no maior volume. Ela não respondeu, apenas retirou os fones e olhou para o rapaz - Minha mãe chegou. - Todoroki guardou seu caderno de desenhos na mochila e saiu sem falar com o rapaz. Sempre evitavam trocar palavras desnecessárias, por isso a conversa dos dois vinha somente de um dos lados.

Suas mães decidiram passar uma semana em um hotel afastado de Sendai, estariam sozinhos e acompanhados ao mesmo tempo. Que ótimo, mais um dia da sua vida aturando aquele moleque insuportável, mas não podia reclamar, afinal não era dona do seu próprio nariz. Agora estava presa em um carro com Tobio ao seu lado e suas mães cantando horrivelmente nos bancos da frente, tinha como piorar? Sempre tem como piorar.

- Como foi a aula, crianças? - Odiava quando sua mãe a chamava assim.

- Normal, tia. - Kageyama debruçado na janela do carro, entediado com a paisagem sem graça.

Sora não respondeu, na verdade nem ouvia o que eles falavam, estava concentrada em sua música alta. A garota participava do clube de música e não tinha um instrumento que não sabia tocar e por mais que tivesse uma voz linda, não tinha confiança para cantar, então preferia sua guitarra. Seu pai não gostava daquela "rebeldia", para ele aquilo não era coisa de mulher e sempre criticava a cor avermelhada do cabelo de Sora. Era assim que ela expressava seus sentimentos e se sentia muito confiante daquele jeito, sendo rebelde ou qualquer outra coisa que falassem para rebaixá-la.

- Filha! - Kageyama cutucou a garota para que ela respondesse a mãe - Não suporto quando fica com esses fones, nunca me escuta!

- Não precisa brigar comigo na frente dos seus amigos. - Sora odiava quando a mais velha falava assim.

- Também sou sua amiga, querida. - A mãe de Kageyama entrou na conversa pela primeira vez.

Queria dizer o contrário, porém preferiu o silêncio, era a melhor resposta. Evitaria estragar a viagem com sua positividade.

(...)

Foram quatro horas naquele carro ouvindo músicas dos anos 80 com duas mulheres de 40 anos que não sabiam cantar e um adolescente arrogante que não gostava de nada. Uma viagem extremamente relaxante e maravilhosa, não poderia desejar algo melhor. Mas quando tem uma coisa ruim, sempre uma coisa pior está por vir e eu já disse isso antes, mas a vida é assim. Quando sua mãe disse dois quartos, imaginou que cada uma ficaria com um filho, claro que não.

- O quarto de vocês é o 34, fica no 3° andar. - Ela entregou a chave para Kageyama que tinha uma expressão tão ruim quanto de Sora.

- Você ficou maluca!? Vou ter que dormir com ele? Isso é loucura mãe, pelo amor de Deus. - Sora estava revoltada, mas fala sério, ela tinha motivo. Dormir com a pessoa que não simpatizava era um pesadelo, principalmente quando essa pessoa tinha 180cm, cabelos pretos e um cheiro maravilhoso.

- não tem outro quarto disponível? Desculpa, não quero dormir com a sua filha. - Evitavam o contato visual, não queriam se constranger mais.

- Infelizmente não. Eu e Mio vamos guardar nossas coisas, nos vemos depois. Beijos crianças. - A Sra. Kageyama saiu com a mãe de Sora e os deixaram sozinhos.

Não queriam conversar, muito menos dormir no mesmo ambiente. Desejavam ficar no frio a compartilhar o quarto, porém não existia saída. Se Yuto, namorado de Sora, descobrisse aquilo ele ficaria irritado e talvez até terminasse com ela. Eles começaram a namorar há seis meses, o garoto era dois anos mais velho, estando no 3° ano, e também fazia parte do clube de música, era o baterista da banda escolar. Yuto deveria ter a mesma altura de Kageyama, cabelos grandes e escuros e um piercing nos lábios, aquele típico badboy de série americana.

Tobio não namorava, mas era apaixonado por uma garota do 2° ano, Keiko. A menina tinha a pele pálida e os cabelos loiros e compridos, seus olhos pareciam um portal para uma outra dimensão de tão escuros, quase como um buraco negro no meio de seu rosto. Fazia parte do clube de teatro e era particularmente muito boa nisso, Kageyama não perdia uma peça da garota.

- Bom... não podemos dormir juntos. - O moreno olhou para Sora.

- Claro que não! Tá louco? Nem morta eu durmo com você. - A garota pegou sua mala e os fones, pretendia deixá-lo ali e subir para o quarto. Não ligava se ele teria onde dormir ou não.

- Problema seu, Sora. Não vou dormir pra fora. - Kageyama fez o mesmo que ela e a seguiu.

O tempo no elevador foi constrangedor. Poderia ter sido evitado se os dois fossem no mínimo amigos, mas seria impossível que acontecesse. Na verdade, não faziam ideia de quando começaram a se desprezar, afinal não tinham motivos. Por que aquele sentimento era tão forte? Se não fosse raiva reprimida, então o que seria? Passariam uma semana juntos e presos naquele fim de mundo, sem amigos ou namorados, teriam que arrumar um jeito de conviver bem.

- Ok. Se vamos mesmo ter que ficar no mesmo quarto, então estabeleceremos algumas regras. - Kageyama não suportava aquele jeito mandão da garota, mas concordava com ela - 1°: Se for trocar de roupa, faça em um lugar que eu não precise olhar esse seu corpo desnutrido; 2°: Não fala comigo sem necessidade, principalmente quando eu estiver deitada; E 3°: Quando for falar com seus amigos, faz isso lá fora. Eles são irritantes.

- Você é insuportável, como o idiota do Yuto consegue namorar você? - Sora ignorou o comentário infeliz e colocou sua mala na cama. Esperava que a convivência fosse razoável, para que nenhum dos dois se irritassem.

Seria uma ótima semana, mal podia esperar.
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Essa história vai ser descontraída no começo, algo a mais espera no final.

Espero que gostem bastante e aproveitem o plot.

obs: Todoroki Sora significa Rugido do céu ou céu estrondoso. Vai fazer sentido ela ter esse nome.

 Vai fazer sentido ela ter esse nome

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Rugido do Céu | Kageyama TobioOnde histórias criam vida. Descubra agora