Fim.

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— Hoje faz dez anos desde que você se foi e eu acho que nunca mais consegui gostar de ninguém. Todo mundo seguiu em frente, mas acho que sou o único parado no tempo. Queria poder falar isso pessoalmente, falar que ainda te amo e nunca te esqueci depois de tanto tempo. Todas as vezes que venho para Miyagi, eu passo no seu túmulo e sempre desejo que ele não esteja aqui. - Kageyama deixou o buquê de lírios no chão, em frente ao túmulo de Sora - Hinata, Yuu e eu, a gente sempre vem te ver no seu aniversário; hoje você faria 27. Passamos a tarde conversando sobre a vida. Yuu montou uma banda, chama "Sora no Hōkō" (Rugido no céu), e eles cantam rock, é muito bom, seria legal se você pudesse escutar. - Ele olhou para o céu com um sorriso pequeno nos lábios - Hinata está namorando, acredita? Não quero entrar em muitos detalhes, mas só digo que não gosto dela. Só que ele não foi o único, Yuto se casou há alguns meses. Às vezes ele também vem te ver, diz que sente falta da sua companhia. - Kageyama passou a mão no rosto para afastar os pensamentos depressivos que insistiam em tomar conta de sua mente - Estou em um time de vôlei, quem diria que eu seguiria essa carreira... meu número é 17, idade em que você se foi. - Kageyama limpou as lágrimas que insistiam em cair de seus olhos - Hoje minha filha nasce, estranho né? Eu tenho uma filha... parece que uma parte de mim nasceu de novo, mas eu queria que fosse sua. Conheci a mãe dela e acabou acontecendo, foi apenas um lance inconsequente, eu estava bêbado e acabou rolando. O nome dela é Hana e ela é uma mulher incrível, mas eu não a amo... espero ser no mínimo um bom pai. - Ele colocou a mão sobre a lápide de Sora - Eu queria que fosse você... na verdade eu não sei nem se estaríamos juntos se estivesse viva, mas seria melhor do que assim. - O homem sorriu enquanto lágrimas molhavam todo seu rosto - Hoje é seu aniversário e é o dia em que minha filha nasce... que coincidência... - Kageyama limpou os olhos e levantou, ficando de frente para o túmulo - Eu só queria te atualizar e dizer que nunca te esqueci e nem vou. Eu ainda te amo, Todoroki Sora... queria que estivesse comigo.

  Kageyama respirou fundo e saiu do cemitério. Não conseguia esquecê-la nem se tentasse e há muito tempo deixou essa ideia de lado. Carregava consigo o pendrive de Sora para todos os lugares e sempre escutava sua voz antes dos jogos e quando passava horas viajando. Hoje não seria diferente, precisava de acalmar antes de finalmente conhecer sua filha, então colocou um áudio da pasta "para quando estiver feliz".

"Cara, todos os dias eu penso em como será minha vida daqui... sei lá, uns dez anos? É muito tempo, vou ter quase trinta. Será que já vou ter formado uma família? Se sim, prefiro que seja com você, Bakageyama, seus olhos são lindos demais para desperdiçar uma genética dessas."

  O homem riu da frase infeliz de Sora. Como podia ser tão boba mesmo à beira da morte?

"Espero que seu filho seja lindo, se puxar o pai aí sim será perfeito. Quero formar uma família com você, acho que nunca amei tanto alguém como eu te amo. Mas se tiver ouvindo isso, significa que meus planos não deram certo... que saco... queria tanto duas crianças correndo pela sala, um a sua cara e o outro a minha, imagina que lindinhos? Infelizmente isso não será possível, mas forme sua família e seja feliz, eu só te desejo isso: felicidade. E, ah... não esquece de mim."

  Aquilo foi o tempo suficiente para que chegasse ao hospital. Já tinha deixado Hana lá para fazer uns exames quando saiu para visitar Sora, foi no caminho que recebeu a mensagem de que seria naquele dia. Talvez o destino tivesse preparado o momento perfeito, nunca saberia. Era apenas uma enorme coincidência. A tristeza já não era tão presente quanto antes, agora seus dias estavam repletos de felicidade, por ter amigos incríveis e uma mãe incrível para sua filha. Faria de tudo para que a pequena fosse feliz em sua vida e a protegeria de todos os males, trocaria tudo para vê-la bem e saudável.

- Oi... - Hana sorriu ao ver Kageyama ali - Obrigada por me acompanhar

- É o mínimo que eu deveria fazer... - O homem sorriu de volta para a mulher.

  Não demorou muito para que sua filha viesse ao mundo. Ela era tão pequena, tão delicada e tão linda. Parecia uma boneca, uma verdadeira princesa. Kageyama não conseguia conter as lágrimas ao vê-la, era como se todo medo e tristeza não fizessem mais parte de seu corpo, era apenas alegria. Olhou brevemente para a porta da sala de parto e viu uma mulher de estatura mediana, um cabelo avermelhado e um sorriso magnífico. Ela estava ali.

- Qual vai ser o nome da princesa? - A enfermeira perguntou ao casal, mas Hana olhou para o homem esperando que ele respondesse.

  Alguns meses antes de descobrirem o sexo, combinaram que se fosse menina Kageyama escolheria e se fosse menino Hana teria esse poder.

- Sora. O nome dela é Sora.

  As lágrimas de felicidade caíam de seu rosto. Seu coração finalmente estava remendado, preenchido por aquela pequena garota. Era o dia mais feliz de sua vida, encontrava paz e alegria depois de tantos anos de turbulência. A história de Sora não acabaria com sua morte, sua filha teria uma mulher para se inspirar além de Hana.

  Todoroki Sora. A mulher mais forte do universo, a mais inteligente, a mais bonita, a mais simpática e a mais perfeita. Sora era a mais e agora seria a garota mais amada por Kageyama.
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  Choro livre 👉

  Meu Deus, não estou aguentando. Eu decidi escrever essa história porque não estava em um bom momento e precisava jogar tudo para fora. O resultado foi esse.

  Espero que tenham gostado tanto quanto eu e não se esqueçam que a vida é só uma. Aproveite o máximo que puder enquanto podem, pois nunca se sabe quando será a última vez.

Rugido do Céu | Kageyama TobioOnde histórias criam vida. Descubra agora