4 » 𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘

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Logo após ter terminado o trabalho com o Serafim e de sem querer ter falado algumas verdades, eu vim direto para o meu quarto, nem passei pela biblioteca, eu não estava com cabeça para ler, estou deitada em minha cama o dia todo e já são 19:58.

Amanhã é um novo dia e para terminar o meu dia de hoje eu preciso apenas tomar o meu banho reconfortante. Levanto da cama na qual eu estava jogada como se estivesse morta e caminho até meu guarda-roupa, está frio então vou vestir um conjunto moletom para ficar confortável e quente durante a noite.

Eu queria poder ficar aqui debaixo dessa água quente para sempre, não quero que acabe, este momento é como um ritual de paz que eu tenho que fazer todos os dias para me sentir bem em pelo menos um momento do meu dia terrível. Olhando para minhas cicatrizes eu percebi que finalmente achei uma pomada que funcione bem, de várias outras que eu comprei para sumir rápido com essas marcas que me assombram, essa foi a melhor até agora. Depois de me secar eu passo os devidos remédios nos machucados e em seguida passo o meu hidratante, minha pele é toda machucada mas felizmente é macia por conta dos cuidados que eu passei a ter para tentar diminuir as minhas inseguranças e imperfeições, faço a minha skin care e me visto.

Me deito para dormir, sempre tenho pensamentos profundos sobre tudo, talvez eu não deva ter tanto medo relacionado a Serafim, ele não fez tanto bullying comigo quanto os outros garotos fizeram e provavelmente não vai demorar para ele esquecer da minha existência, acho que pensar dessa forma pode ser melhor.

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Essa droga de despertador insiste em me lembrar que estou viva, infelizmente. Acordo cedo como sempre e começo a minha rotina.

Já pronta com um laço lilás no cabelo, saia quadriculada em branco e roxo, uma blusa de lã preta por cima de uma camisa social branca e meus sapatos pretos por cima de uma meia que vai até o joelho. A roupa me agrada, estou bonita, não tão maquiada e com o meu penteado de sempre. Meu objetivo na minha aparência é sempre estar bonita de uma forma que eu goste e que também agrade às outras pessoas.

Pego minha bolsa jogada na cama, arrumo minhas coisas nela e saio de meu dormitório, descendo as escadas percebo algumas pessoas me olhando, olhares não me incomodam mais depois que me acostumei com outras coisas.

Caminho pelos corredores até chegar ao refeitório, talvez seja melhor comer alguma coisa hoje, vou até a mesa com o café da manhã, pego um pedaço de bolo e um copo com café, ponho leite e açúcar nele e logo em seguida caminho até uma mesa distante das que estão cheias. Como um pedaço do bolo e tomo um gole do café, minha barriga dói, ficar cinco dias sem comer realmente não faz bem, peguei esse costume no meu segundo ano aqui, as críticas constantes fizeram algo com a minha cabeça que me fez parar de comer, eu quase nunca sinto fome e quando sinto apenas tomo água só que as vezes fica uma dor e um vazio insuportável que me obriga a comer algo, quando sinto muita dor costumo ir à enfermaria e tomar algum remédio para dor de barriga ou simplesmente algum que me faça dormir. Esse bolo está gostoso, o cheiro das comidas pela manhã me enlouquecem, quando sinto muita vontade de comer, eu como, mas sempre que como demais acabo dando um jeito de conseguir vomitar tudo no banheiro depois, assim parece que eu não comi nada, talvez tudo isso seja meio doentio e alguns diriam que eu preciso de um médico e alguém para conversar mas eu sei que não é culpa minha, é culpa deles, fizeram meu cérebro criar esse sistema contra a comida e isso prejudica muito o meu corpo, mas pelo menos me ajuda a perder peso. Estou comendo também porque acordei com muita tontura e eu não quero desmaiar na frente de todo mundo e virar assunto só porque não comi.

-Ei, pisca-pisca. Não precisa fazer mais nada para o trabalho né? Você está comendo?! Eu nunca vi você comendo!- Serafim diz se aproximando da mesa e ficando chocado ao me ver comendo, entendo o motivo de tanta surpresa, eu quase nunca como e quando como é só no meu dormitório então as pessoas comentam sobre isso.

-É, estou comendo, não é nenhuma descoberta, nós almoçamos juntos ontem!- Falo séria vendo ele tirar suavemente o sorriso idiota do rosto.

-Não, eu almocei ontem, você nem tocou na comida, ou pensa que eu não vi? E pelo visto você se esqueceu da nossa conversa né, vagalume.- Ele diz com certeza e levanta uma sombrancelha enquanto cruza os braços e aguarda a minha resposta.

-Desculpa, Serafim. Não me esqueci da conversa que tivemos. Respondendo a sua pergunta, não precisamos fazer mais nada para o trabalho, o que fizemos já é o suficiente então só vamos precisar apresentar.- Eu falo séria e volto a comer.

-Tá, se não precisa fazer mais nada então eu já vou, aliás, você parece um porco comendo, é engraçado.- Ele diz rindo enquanto se afasta me deixando paralisada, eu odeio ele, odeio ele, odeio ele, odeio ele, odeio ele! É por isso que eu não como na frente de ninguém, eu só estava comendo, tranquilamente, não posso fazer isso também? Por que eu tenho que ser julgada e criticada em tudo o que eu faço?

Deixando o prato e o copo vazios ali, eu pego minha bolsa e saio correndo para a biblioteca, eu me deito na minha bagunça e eu choro, choro mais e mais, já falaram algo parecido pra mim no meu primeiro ano aqui, eu não levei a sério porque não entendi, mas agora, uma simples frase mexeu tanto com a minha cabeça, eu não vou comer mais, não vou comer, eu posso até desmaiar mas eu não vou comer,nem dentro e nem fora do meu dormitório!

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Não consegui dormir, passei a noite pensando no que tinha de errado comigo para ser vista como me vêem, para ser tão julgada, criticada, maltratada, injustiçada e outras coisas. Hoje eu tenho que apresentar o trabalho com o Serafim, tá, se acalma, o truque é viver sem se importar, fingir que já vai acabar e simplesme deixar acontecer o que tiver que acontecer, eu não sei fazer isso, sei que tudo vai ficar martelando na minha cabeça o dia todo, não tenho disposição para nada.

-Quem ele pensa que é? Acha que pode sair falando isso e eu não vou me importar? Minha vida já estava ruim aí depois que aconteceu essa merda de trabalho parece que tudo piorou, e tudo por culpa daqueles filhos da puta!!-Eu digo com muita raiva e percebo que estou andando de um lado para o outro em meu dormitório.

-Opa, o que aconteceu agora? Você parece irritada, tem algo a ver com o seu trabalho com o Serafim?-Hilarry fala parecendo preocupada e anseia por minha resposta, o que ela está pensando com esse sorriso minúsculo no rosto?

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Oiê, dê estrelinha para que eu saiba que você está gostando da história e não se esqueça de salvar! Bjss.

𝑂𝑙ℎ𝑜𝑠 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑖𝑚 - 𝐇𝐞𝐥𝐞𝐧𝐚𝐂Onde histórias criam vida. Descubra agora