☆𝕮𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 𝟒☆

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Alguns momentos se passaram após o nosso jantar e, vou cuidar de seus ferimentos. Por um momento achei que o mais velho iria excitar, mas depois que tudo aquilo aconteceu, ele permitiu que eu mesma cuidasse de seus ferimentos, o que não eram poucos e nem leves. Ao mesmo tempo em que cuidava de seus ferimentos na sala, sons vindos da natureza como grilos, pequenos músicos da floresta, e ventos suaves e gentis passavam entre as folhas das árvores produzindo um som como um assobio. Termino de cuidar dos ferimentos dele, mas algo o fez ficar incomodado, notei logo quando ele não ficou satisfeito após cuidar do seu último ferimento.

— Aconteceu algo? — Ele ficou confuso e logo o alertei — É que todas as vezes que eu faço curativos em você, sempre ficava satisfeito.

— Ah! Na verdade eu agradeço por você cuidar de mim todos os dias, apesar que consigo fazer isso sozinho.

— Mas então... Porque você sempre deixa eu cuidar de você todos os dias? — Perguntei confusa.

— É que seus curativos são bem melhores que os meus, — Sorriu sem jeito. — mas não me vem ao caso. — Fiquei confusa enquanto demonstrava erguendo uma das sobrancelhas. É sobre você, ainda está com um peso depois de ter expulsado seu amigo?

Me toquei no assunto e, meus olhos que estavam fixos no homem, foram indo em direção a flor que Rion que estava num pequeno jarro na nossa frente

— É que...Eu e Rion somos amigos desde que saí do colégio. Eu comecei a vender minhas verduras, legumes e frutas por causa dele. Porque foi ele que me deu a ideia. Eu sabia que ele gostava de mim porque Charlotte sempre me contava, mas achei que era gostar como gosto de você, por você ser meu amigo e sempre achei que era normal os amigos falar "Eu te amo" sem ter nada por trás disso... — Respirei fundo e rapidamente soltei o ar — Mas estava enganada.

O silêncio dominou pelo cômodo todo por segundos, até o homem se sentar mais próximo de mim e falar com sua voz grave e relaxante:

— Parece que você não sabe de muita coisa da vida, não sabe? — Perguntou enquanto apoiava minha cabeça nas minhas mãos, que se apoiaram nas minhas pernas.

— O que quer dizer com isso?

— Você salvou um estranho que poderia, e posso, facilmente te atacar. Não sabe muito bem sobre sentimentos e não tira um tempo pra você. Pela sua rotina nem parece que você descansa direito. Isso é prejudicial pra você. Tudo o que acabei de citar, é ruim pra você em vários aspecto e mesmo assim... você prefere ajudar um estranho que poderia ter te matado faz dias do que ficar na sua.

— É o meu jeito desde criança. Para ser bem sincera com você. Todos os dias penso se estou vivendo...ou apenas existindo. Eu não sei explicar bem, mas a única coisa que sei falar pra você, é que sempre e ainda sou curiosa com um monte de coisa. Eu nunca experimentei o amor, tanto paterno quanto... romanticamente pelo um amigo. Nem sei se essa palavra existe. — Minha voz saiu um pouco arrastada e, do jeito que estava exausta, saiu como se estivesse acabado de chorar por horas.

— Então você é órfã...? — Perguntou.

— É... quase ninguém me ensinou as coisas da vida. Apenas algumas das pessoas desse vilarejo que me ajudaram a me ensinar as coisas, por exemplo, botânica, economia e até mesmo em alguns cuidados com o corpo. Mas ninguém me ensinou ao certo como é viver de verdade, ao invés de só existir em uma rotina cansativa.

Sentia seu olhar em mim e quando meus olhos voltaram a olhar para os dele, ele parecia entender a situação.

— Se você tivesse oportunidade de sair de sua casa e ir para uma aventura sem nenhum tempo de volta para casa, você iria? — Perguntou confiante.

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