☆𝕮𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 𝟓☆

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Um dia, eu voltei a trabalhar e o Kazuki ficou preocupado. Enquanto me arrumava pra ir no centro da cidade, ele me seguia, mas estava me ajudando.

— Tem certeza que quer fazer isso? Pensei que você estivesse se decidindo já. — Kazuki falou me ajudando a colocar as coisas no carrinho de mão.

— Eu também pensei, mas por enquanto eu vou fazer o que sei fazer de melhor. Fique à vontade aí e não morre! — Sorri.

— Claro!

Me despedi do mais velho e fui trabalhar. Mal cheguei lá e o padeiro logo me avisou e me ajudou com as coisas.

— O que aconteceu pra você não ter trabalhado nesses últimos dias? Deixa eu adivinhar, foi aquele cara que te obrigou, não é?! — Perguntou segurando e andando com o carrinho cheio de frutas, legumes e verduras.

— Não! — Respondi com um tom de teimosia. — Claro que não! Eu só precisava de um tempo pra mim!

— Uhum. Sei. — Ele ficou desconfiado, mas o silêncio voltou entre nós.

— Finn... — Ele me olhou curioso ao mesmo tempo que quebrava o silêncio entre a gente. — O senhor é padeiro porque você gosta ou porque os outros disseram pra você ser um?

— Hum? Pergunta difícil, mas é fácil de responder. Eu gosto da minha vida. Desde pequeno eu sempre gostei de cozinhar, mas todos ao meu redor sempre diziam que é coisa de mulher, então eu insisti no que mais gosto de fazer e hoje em dia eu tenho uma padaria só minha!

— Mas o senhor não ficou triste pelo que os outros disseram pra você?

— Idai? A vida é minha e tudo oq faço hoje é porque gosto. Assim como você ama vender seus produtos frescos!

Ele sorriu enquanto ele ia na frente e eu fiquei para trás de propósito. "...você realmente gosta da sua vida?" As palavras do Kazuki ecoavam sobre minha mente e eu não soube como reagir.

— Mia? Você está bem?

O padeiro perguntou e eu apenas respondi com um simples sinal de cabeça, afirmando com sua pergunta. Ele não perguntou mais nada, apenas me ajudou com os produtos e eu apenas agradeci. O centro estava apenas cheio de crianças então não conseguia ter muitos clientes hoje, mas uma senhora de cabelos grisalhos, vestido simples de cor vinho, se aproximou de mim com sua bengala e perguntou com sua voz doce e rouca.

— Oh pequena Mia. O que aconteceu pra você estar assim? Pensei que você estaria animada depois de voltar das férias.

Eu apenas suspirei e disse:

— Eu sei que vai soar um pouco estranha essa pergunta de repente, mas a senhora que já é mais vivida que eu... Então... A senhora já se arrependeu amargamente de não ter feito algo que gostaria de ter feito na juventude?

— Hum... que pergunta interessante. Você parece estar bem pensativa nesses últimos dias, mas bem, irei responder a sua pergunta. — Ela se sentou no banco feito de madeira, que fica ao lado da minha barraca. — Sim. Eu sempre quis ser uma guerreira do palácio, mas nunca tive porte o suficiente para ser uma.

— Não me diga?! A senhora já quis ser um soldado? — Me sentei ao seu lado curiosa e bem surpresa.

— Claro! Quando criança como aqueles jovens alí, sempre quis quebrar os padrões e sempre quis ser uma guarda para conseguir um namorado mais rápido, mas acabei arranjando uma mulher tão durona quanto eu. Reprovei em quase todos os testes e obviamente não passei. Mas isso não me impediu de ver o meu amor. Posso ter perdido o meu sonho, mas consegui algo muito melhor!

— Que história triste, senhora Margô. Mas porque a senhora nunca me contou isso? Eu amo histórias de romance imperfeitos!

— Eu sou uma idosa criança, é claro que vou me esquecer, mas consegui me lembrar justo agora. Mas nunca vou me esquecer quando você foi na minha casa, quando era mais nova, querendo a minha torta de banana com geleia de morango. Aqueles momentos eram incríveis!

— Sim... eram... — Meu sorriso começou a desaparecer aos poucos enquanto olhava para o chão chateada. — E se eu acabar igual a senhora? Mas sozinha? Sem nenhum "namorado" pra ficar do meu lado?

— Você pode simplesmente seguir o seu sonho, pequena. Esqueceu dele?

— Eu nem lembrava que tinha um. E qual era?

— Era explorar o mundo e encontrar o seu eu interior. Típico de princesas dos seus livros de história. — Ela falou com tanto orgulho que nem eu consegui reagir.

— Que clichê.

— Eu sei. Mas não era a minha culpa se você amava ler livros de aventura e romance.

— Ei?! — Fiquei envergonhada.

— Mas relaxe pequena, logo logo você encontrará o seu propósito na sua vida! — Ela se levantou com ajuda de sua bengala e antes que ela pudesse ir embora, eu a interrompi ficando na sua frente.

— Espera! Mas como a senhora sabia que eu queria isso?

— Aah pequena Mia. Eu consigo sentir seus sentimentos, esqueceu? Consigo sentir seu sentimento de culpa, desespero, tristeza... Eu sei que você não se sente bem e tem alguma coisa te incomodando. Eu sei que não sou a melhor pessoa do mundo a desabafar sobre isso... Bem, vou ter que ir. Tenho netos esperando por mim.

— Ah... tudo bem. Volta pra casa bem, senhora Margô! — Permaneci sentada, acenei para a senhora com um pensamento na cabeça. O mesmo que estava antes.

Mas esses meus pensamentos foram interrompidos quando uma das crianças começou a gritar e pedir socorro.

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