De tapas dados à beijos roubados | | Thiago Messi - (PAUSADA)

Capítulo 2

A primeira aulas foi péssima. Além de ser de matemática, a sua querida professora de História faltara, no segundo horário, um professor chato e com voz irritante dava aula à eles.
__Que bom te ver! - Thiago passou o braço pelos seus ombros, quando parou ao seu lado, no bebedouro.
__Sai fora, garoto! - se livrou dele.
Com quase quinze dias que estudava naquela escola, as implicâncias entre os dois eram frequentes.
__Você vai no Festival La Mercè? - perguntou fechando sua garrafinha.
A garota o encarou. Por que queria saber? Dane-se, não ia cair um pedaço de sua língua só por responder o pobre - , que de "pobre" não tinha nada -- do garoto.
__Bem... - ele a encarou, já esperava uma patada. - Sim. Vou dormir na minha avó no sábado. Vou com ela no domingo, minha mãe odeia "muvuca"... acho que sou diferente dela. - deu uma risadinha, tampando por fim sua garrafa.
O garoto estranhou. Era a primeira vez desde que se conheceram, há quase uma quinzena, que ela o respondia sem nenhum palavrão ou má resposta.
Antes de seguir para sua sala, ela se virou:
__De qualquer forma, espero não te encontrar - os dois se sorriram, sem sarcasmo (que era algo um tanto quanto incomum entre os dois).
__Eu sei que, no fundo, tudo que você quer é me ver lá. - disse, entre um sorriso.
__Até parece. - ela corou.
__Porém, no meio de toda aquela multidão, acho que é meio improvável. - continuou.
Quando os dois já estavam seguindo para suas respectivas salas, o garoto a chamou:
__Luana.
__Que é?
__Manda um beijo para o seu professor favorito por mim - deu uma piscadela. Se tinha um professor que Luana odiava, era o substituto.
__Aqui, ó - e mostrou o dedo do meio.
Aquela era a Luana que ele conhecia!
Pelo resto do dia, Thiago pensou no porque de ela ter sido tão gentil com ele.

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__Luana, minha filha, você tem certeza? - perguntou sua mãe, com o carro parado na porta da vó de Luana. A idosa já a esperava na porta, ansiosa e com um sorriso no rosto.
Luana suspirou.
__Mãe, pelo amor! - olhou para o rosto da mãe. Ela sempre costumava ser muito superprotetora. - Ela é minha vó, sua mãe!
__Mas esse festival... - segurou o queixo da filha.
Luana teve a leve impressão de que sua mãe não queria que ela fosse e sempre ouvia dizer que mãe tem sexto sentido, e quando elas falam "não vá!", você não deve ir, pois na maioria das vezes acontece algo ruim.
__A senhora não quer que eu vá? - perguntou, triste. Ela queria tanto ir.
A mulher sorriu amargamente. Momentos simples e comuns, com deixar a filha na casa de alguém próximo, para a sua mãe era tão preocupante como deixá-la no aeroporto para ir sozinha para outro continente.
__Meu bem, não é que eu não quero que você vá, é que... - fez uma pausa. - a sua vó...
__Devia confiar na sua mãe - disse de cabeça baixa. - Eu confio na minha.
A mulher sorriu.
__Eu confio na sua vó, para certas coisas, mas... sei lá, ela é que nem você "largadona", despreocupada. Vocês duas juntas, no meio daquele tanto de gente...
__Mãe, você quer que eu vá ou não? A vovó já está sem paciência lá fora - a mulher olhou pela janela. A idosa batia o pé e olhava do relógio pro carro.
__Você não quer que eu te leve? - disse apressada.
__A senhora vai odiar! Sempre odiou.
A mulher parecia ansiosa.
__Tudo bem, filha, pode ir. - disse e deu um beijo na bochecha da filha, que corou.
Ela já ia abrir a porta, quando viu que a mãe nem sequer havia tirado o cinto de segurança e permanecia com as mãos no volante.
__Não vai descer e cumprimentar sua mãe?
_Ah, sim. Sim! Esqueci, filha.

Estava comendo uma fatia de bolo Magdalena (com a supervisão da senhora), quando ela perguntou à neta:
__Demoraram para sair do carro. Martina, como sempre estava fazendo drama, não é mesmo?
A garota fingiu uma cara de impressionada.
__Como ho vas endevinar? - disse, em catalão (com um sotaque carregado), o que era incomum entre as duas, já que ambas costumavam conversar em "carioquês".

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A sua avó contava pela décima terceira vez a história de como Martina se perdeu no festival, quando chegaram.
__Lindo com sempre. - sorriu Luana, então tirou o celular da cintura para tirar uma foto.
__Vocês, jovens... - começou a criticar, a velha, quando saiu do carro. - Mal sabem aproveitar o momento! Só ficam tirando "retrato" pra postar nesse "instragam". Na minha época, era luxo tirar foto. Pensa num troço caro e demorado!
__É insTAgRam. E sinto muito se na época dos dinossauros não existiu smartphone. - brincou, sarcástica.
__Olha que menina atrevida! - disse, boquiaberta.