› Pesadelo ‹

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As paredes com desenhos florais e tons de vermelho me faziam sentir uma certa dor interna, algo que eu desconhecia, a cada passo que dava no longo e estreito corredor daquele imenso castelo parecia que meus pés afundavam no piso de mármore, minhas pernas pesavam. Fecho os olhos por um breve instante ao sentir uma ardência, ao abri-los me deparo com algo incomum a minha frente, uma sombra que se assemelhava a uma silhueta humana estava parada não muito longe de onde eu estava, paro de andar, uma força parecia me prender, eu sentia que seria espremido, o ser não se mexia, nem mesmo parecia se importa com minha presença, ele apenas estava ali, parado.

Tento me virar para sair dali, mas antes que desse qualquer passo ouço uma voz dizer algo quase inaudível próximo ao meu ouvido, me viro por completo ficando de costas para a criatura, meu corpo inteiro se arrepia, o sinto queimar, levanto o olhar para o caminho de volta, o corredor ficou ainda mais comprido e estreito, e parecia se modificar ainda mais a cada segundo, logo eu seria comprimido entre as paredes. Uma outra forma aparece, dessa vez mais proxima, ela era maior e mais densa, tinha a sensação de que poderia tocá-la. As duas sombras se fundem em apenas uma, me deixando sufocado e preso dentro do breu ao redor, meu corpo pesa cada vez mais, sentia mãos tocarem meu corpo, tento afastar o toque. Sinto minha pele arder cada vez que passava as mãos, minha visão girava e girava, minha mente não conseguia formular nada lógico, eram como artes abstratas em minha cabeça, ouço o som do tecido sendo rompido, uma dor de cabeça começa.

Pareciam ter passado horas que eu estava ali e nada havia mudado, o breu que me envolvia me fazia querer arrancar os olhos, e eu quase o fiz, até que ouço uma batida em uma superfície de madeira, um cheiro de bolo recém assado entrava em minha narina, tudo volta a ficar claro, as sombras se dissipam e os corredores voltam ao normal. Minhas bochechas ardiam e cosavam, sinto meu corpo mais leve porém dolorido, o analiso por instinto e me assusto ao ver cortes por todos os lados, minhas unhas estavam quebradas e sujas de sangue, minhas roupas rasgadas e manchadas de vermelho, grito em agonia sentindo a dor ao encostar meus braços ao corpo, passo a mão no cabelo e ele estava desregular, as lágrimas faziam aumentar a ardência, mas não conseguia impedir que caíssem, grito por ajuda mas não tenho resposta, eu estava sozinho, aquela voz ecoa em minha cabeça, e dessa vez posso ouvir oque ela diz.

- Acorda - era suave.

Sinto algo me puxar para trás, sinto um frio na barriga, o impacto da queda logo foi sendo amenizado pelos lençóis da cama, abro os olhos e vejo que estou em meu quarto, o cheiro de bolo recém assado predominava por todo o ambiente, olho ao redor e sinto um alívio, vejo se meu corpo também está bem e sorrio ao vê-lo como antes, um barulho de algo batendo na porta me chama a atenção, olho o relógio e vejo que são seis da tarde.

- Acorda filho! Vem comer! - minha mãe gritava do outro lado.

Levanto e calço meu sapato. Me aproximo da porta e assim que a abro sinto um frio percorrer minha espinha, era o mesmo corredor de antes, e a sombra estava lá no final dele me esperando.

- NÃO! NÃO!.

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