Medusa é uma semideusa diferente, condenada a suportar o peso de uma maldição a qual ela não tem culpa. Sua vida roda em um ritmo diferente, mas vira de cabeça para baixo com a notícia de sua descendência divina.
Em sua busca pela identidade, Medusa...
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"o dia da vingança"
O meu nome é Medusa Kouris. Se eu sou uma criança problemática?
É, pode se dizer que sim.
Nasci em 22 de junho durante uma tempestade, a enfermeira que ajudou no meu parto era supersticiosa e disse que isso era um sinal de mau presságio em minha vida, mas minha mãe discorda. Ela me deu o nome Medusa, e eu sei o que podem estar pensando.
"Por que uma mãe daria o nome de um monstro da mitologia grega para uma criança?"
Medusa vem do grego antigo e significa proteger, é um nome lindo e muitas crianças da Grécia Antiga tinham esse nome, não apenas a górgona. O nome se tornou famoso e amaldiçoado pela história de Perseu e Medusa, mas só porque alguém tem um nome feio ou estranho não quer dizer que a pessoa seja tão ruim assim.
Também sou surda e muda. Quando pequena eu acabei sofrendo um acidente em outra tempestade. Eu estava em um campo de uma fazenda com minha mãe, estávamos tentando morar no interior, até a tempestade, e enquanto eu corria para a casa um raio caiu ao meu lado e queimou partes do meu corpo, inclusive minha garganta. Minha audição foi prejudicada até o ponto em que eu a perdi totalmente, recorrendo ao uso de aparelhos auditivos, mas minha voz não teve livramento e fiquei muda.
Enquanto fui, crescendo minha mãe queria me ensinar em casa, mas como ela não tinha dinheiro para contratar professores e não sabia como fazer uma aula ela me colocou em uma escola pública. E então o bullying começou.
As crianças caçoavam de mim por causa de minhas cicatrizes, porque eu era muda, porque meu cabelo é volumoso e embaraça fácil, e porque eu era sozinha. A única companhia que eu tinha era Percy, ele era filho da melhor amiga da minha mãe, e praticamente nos tornamos melhores amigos desde que nascemos. Nunca estudamos na mesma escola por motivos que eu nunca soube, mas sempre que voltávamos para a casa após sermos expulsos passávamos o dia inteiro juntos — isso é, até voltarmos a escola.
Enquanto fui crescendo aprendi a me acostumar com o bullying e as dificuldades na fala, me tornei fluente em libras mas ainda aprendo algumas pequenas gírias. Minha única dificuldade é quando desligo o aparelho auditivo e tento ler os lábios das pessoas, consigo identificar apenas poucas palavras mas o suficiente para entender uma frase.
Infelizmente fui diagnosticada com TDAH e dislexia, e isso infelizmente ajudou para ter mal convívio com meus colegas e professores. Minha mãe tentou me dar livros para me ajudar a melhorar a dislexia, tive aulas com professores especiais da escola para o TDAH, mas nada melhorou.
