Medusa é uma semideusa diferente, condenada a suportar o peso de uma maldição a qual ela não tem culpa. Sua vida roda em um ritmo diferente, mas vira de cabeça para baixo com a notícia de sua descendência divina.
Em sua busca pela identidade, Medusa...
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"primeiro dia, primeiros problemas"
Acordei em um salto de um pesadelo. Eu estava caindo em um buraco negro que se abriu em uma praia, e ao longe uma voz gritava meu nome — foi arrepiante. Percebi que minhas asas estavam abertas mas logo foram relaxando, então cocei os olhos e vi meu cobertor do outro lado do chalé.
Após a noite anterior, Quíron havia me explicado tudo. Ele me apresentou o diretor do acampamento, ou sr. D — ou mais conhecido como Dionísio —, e me contou a verdade sobre deuses gregos ainda existirem. Ele me contou que eu era filha de algum deus, mas era impossível se dizer qual sem ser realmente determinada por tal deus.
Minha estadia temporária até essa revelação seria no chalé de Hermes, o deus dos viajantes. Me instalei na noite anterior, recebendo olhares hostis de alguns colegas, e tendo um saco de dormir no chão como cama.
Enquanto recolhia meu cobertor, os campistas que precisavam passar por mim me contornavam com mais espaço que o necessário, e ouvi cochichos e risadinhas dos que saíam pelas portas do chalé. Eu tentei não ligar para isso e apenas peguei meu cobertor do chão, o dobrando e colocando por cima de meu saco de dormir.
— Tá tudo bem? - me virei ao ouvir a pergunta, vinda de um garoto ao qual eu ainda não conhecia.
Um garoto alto e moreno se levantou, vindo em minha direção com passos lentos. Ele tinha uma cicatriz no rosto que dava profundidade ao seu olhar escuro, parecendo alguém que não gostava de ser incomodado. Eu assenti para ele e me virei de costas, arrumando meus travesseiros com furos.
— Todo mundo aqui tem, sabia... - continuou ele, me fazendo virar para encara-lo. — pesadelos. Recorrentes e intensos, é normal por aqui. E sonhar acordado, TDAH, e dislexia. Os semideuses enxergam a realidade de forma diferente dos humanos. Acho que pela primeira vez você é igual a todo mundo, eu acho.
Ele observou minhas asas com curiosidade, mas não fez comentários. Eu me levantei me espreguiçando, observando minhas asas fazerem o mesmo. Retirei um pedaço de pena do travesseiro de meus chifres, o jogando de lado.
— Desculpe, não fomos apresentados - o garoto estendeu sua mão. — Sou Luke Castellan, o conselheiro do chalé de Hermes, deus dos viajantes. Você é a Medusa, certo?
Eu apertei sua mão e assenti.
— O Percy me contou sobre o seu problema de fala, eu sei um pouco de libras mas não sei se vai ser o suficiente.
"Se conhece o básico já basta." - sinalizei em movimentos lentos para ele, tentando ver se entenderia.
— Acho que sim - ele abriu um sorriso, indicando que entendeu meus gestos. Eu sorri de volta.
