Medusa é uma semideusa diferente, condenada a suportar o peso de uma maldição a qual ela não tem culpa. Sua vida roda em um ritmo diferente, mas vira de cabeça para baixo com a notícia de sua descendência divina.
Em sua busca pela identidade, Medusa...
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"ela não era um ouriço?"
O barulho de risadas de crianças era alto, assim como a reclamação de pessoas impacientes em uma fila. O vento fresco batia em meu rosto, empurrando meus fios soltos pelo rabo de cavalo na direção de meu rosto, enquanto eu continuava sentada no chão de madeira de braços cruzados. O instrutor estava ficando impaciente e reclamou com minha mãe, mas ela o cortou gritando para esperar e se agachou ao meu lado.
— Cassie, vamos - ela colocou as mãos em meus braços, tentando me mexer mas eu mal me virei para encara-la. — Borboletinha, você não tem que ficar assim, eu vou estar com você o tempo todo, tudo bem? Faz isso pela mamãe.
Eu continuei em silêncio, e ela suspirou.
— Filha, eu paguei por isso, ouviu? Você não pode simplesmente dizer que não quera essa altura do campeonato, estamos aqui e vamos fazer isso juntas, eu seguro você se você cair. Eu prometo que te levo aonde você quiser depois disso, mas você tem que colaborar.
Meus braços cruzados continuaram firmes, e minha visão se focou apenas nos pinheiros verdes balançando abaixo de nós.
— Cassie, eu não consigo entender você se não falar comigo. Por favor, olha pra mim.
Meu acidente tinha sido a menos de seis meses atrás, a cicatriz ainda era visível em meu pescoço e o resto de meu braço esquerdo. Eu estava escutando cada vez menos, e um dos meus ouvidos já não funcionava mais. Eu estava brava com minha mãe, não por causa disso, mas porque as crianças que me viam achavam que eu era estranha e tinha problemas, e ela me trouxe para o lugar mais lotado com crianças da minha idade: uma área de acampamento ao ar livre.
Ela estava tentando me fazer descer de tirolesa, eu estaria segura o tempo todo com o cinto de segurança e se eu não soltasse a tirolesa, e de qualquer jeito havia uma rede de proteção no chão a poucos metros. Mas eu me sentei no chão da torre e fiquei grudada ali por pelo menos 20 minutos, sem me mexer e sem tirar a careta que eu estava fazendo.
— Tem gente que merece querendo descer, moça - resmungou um homem da fila.
— Cala a porra da boca e espera a sua vez, babaca! - gritou minha mãe. — Cassie, vem, vamos descer. É seguro, é rápido, você vai gostar depois que ir.
Eu balancei a cabeça em negação.
— Cassie, o que você quer? Eu juro que perdi as esperanças de te convencer, então só fala comigo. Por favor, as pessoas estão querendo ir, borboletinha.
