16 · Outra vida

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Lucas

Nossa semana em Cuba estava sendo incrível, mas como em toda viagem, nem tudo são flores. A tensão que sentíamos em relação a Camila acabou sendo o catalisador para uma briga que nenhum de nós esperava.

Tudo começou durante um jantar em um restaurante pitoresco no coração de Havana. Estávamos discutindo os planos para o dia seguinte quando o assunto de Camila voltou à tona.

- Eu só acho que você exagerou um pouco, Lucas. - Helena disse, claramente irritada. - Ela estava apenas sendo amigável.

- Amigável? - Respondi, tentando manter a calma. - Helena, você viu como ela estava me olhando. E todas aquelas vezes que ela me tocou sem motivo?

- Talvez você esteja vendo coisas onde não tem. - Ela retrucou, levantando a voz. - Não precisa agir como se todo mundo estivesse atrás de você.

- Isso não é verdade! - Minha voz começou a se elevar, sentindo o calor da frustração. - Ela estava claramente flertando, e você sabe disso.

- Ah, então agora a culpa é minha? - Helena disparou, os olhos faiscando de raiva. - Você está sempre achando que todo mundo está interessado em você. Que arrogância!

- Arrogância? Estou tentando proteger o que temos! - Respondi, quase gritando. - Desculpe por querer que você se sinta segura!

- Segurança? Você está é sendo possessivo! - Ela gritou de volta. - Não preciso que você me diga o que fazer ou como me sentir!

A discussão escalou rapidamente. As palavras ficaram mais afiadas e os olhares, mais frios. A noite, que começou com sorrisos e promessas de aventuras, terminou com uma amarga tensão. Voltamos para a pousada em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

Quando chegamos ao quarto, a atmosfera estava pesada. Helena pegou seu travesseiro e algumas roupas, virando-se para mim com uma expressão de frustração.

- Acho melhor dormirmos em quartos separados esta noite. - Ela disse, a voz trêmula de emoção contida.

- Helena, não precisamos chegar a isso. - Tentei argumentar, mas ela já estava decidida.

- Lucas, por favor. Só esta noite. Preciso de um tempo para pensar.

Assenti, sem dizer mais nada, e vi Helena sair e fechar a porta atrás de si. O quarto parecia incrivelmente vazio sem ela. Deitei na cama, tentando dormir, mas os pensamentos não me deixavam em paz. A culpa e o arrependimento me consumiam. Olhei para o relógio: já passava da meia-noite.

Finalmente, incapaz de aguentar a distância e a sensação de que estávamos nos afastando, levantei-me e fui até o quarto dela. Bati suavemente na porta, esperando que ela ainda estivesse acordada. Após alguns segundos, ouvi passos hesitantes e a porta se abriu. Helena estava lá, os olhos inchados de tanto chorar.

- Lucas? O que você está fazendo aqui? - Ela perguntou, a voz um sussurro.

- Não consigo mais dormir brigado com você. - Respondi, a sinceridade transparecendo em cada palavra. - Não podemos deixar uma briga estragar o que temos. Me desculpe, Helena. Não quero perder você.

Ela me olhou por um momento, como se estivesse decidindo o que fazer. Então, deu um passo para o lado, permitindo que eu entrasse.

- Eu também não quero perder você. - Ela disse, fechando a porta atrás de mim. - Mas precisamos aprender a lidar melhor com essas situações.

- Eu sei. - Concordei, segurando suas mãos. - Prometo que vou melhorar. Vamos resolver isso juntos.

Helena assentiu, e nos abraçamos, deixando que a proximidade curasse as feridas abertas pela briga. Deitamos juntos na cama, e eu a segurei firme, como se o mundo pudesse desmoronar e nós ainda estaríamos seguros um nos braços do outro.

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