Capítulo XII - Orações Não Serão Suficientes

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No coração da capital, Dannah estava ajoelhada em um templo adornado com vitrais coloridos que capturavam a luz do sol, projetando sombras multicoloridas no chão de mármore. O santuário estava vivo com a presença dos ascendentes, homens e mulheres vestidos em túnicas brancas que se moviam graciosamente, ajudando os necessitados, distribuindo comida e oferendas, e guiando orações fervorosas.

Dannah, de olhos fechados e cabeça inclinada, murmurava suas orações em um tom de súplica. "Gothba, proteja Beorth. Que ele retorne são e salvo dessa guerra..." Ao seu redor, o murmúrio das preces de outras pessoas se mesclava ao som suave de harpas tocadas pelos músicos do templo.

Depois de algum tempo, Dannah sentiu uma presença imponente atrás de si. Ela se virou e ficou de pé rapidamente, curvando-se em uma reverência formal. A Rainha Everza Annloc estava diante dela, seu semblante vazio e os olhos carregados de uma sabedoria fria e distante. Everza vestia uma longa capa azul real que arrastava no chão, adornada com bordados dourados que representavam a linhagem dos Annloc.

— Vossa Majestade, — Dannah disse, mantendo a cabeça baixa em respeito.

— O que faz aqui, Dannah? — perguntou Everza com um tom curioso, mas sem emoção.

— Estou aqui para pedir proteção a Gothba para seu filho, Beorth. — Dannah respondeu, erguendo os olhos para encontrar os da Rainha.

Everza olhou ao redor, observando os ascendentes em sua movimentação constante. Após um silêncio breve, ela disse com um toque de amargura:

— Ultimamente, orações não estão sendo suficientes.

Dannah franziu a testa, surpresa com a declaração.

— O que quer dizer, Vossa Majestade?

A Rainha suspirou, o olhar fixo em um ponto distante, como se revivesse memórias dolorosas.

— Orações não salvaram meus pais. Se realmente deseja proteger meu filho, terá que aprofundar mais em seus desejos. Transformá-los em garantias válidas.

— Vossa Majestade, perdeu a fé em Gothba? — Dannah hesitou antes de perguntar:

Everza balançou a cabeça lentamente.

— Não perdi a fé. Acredito em Gothba, mas talvez ele tenha outras convicções. — Seus olhos se estreitaram enquanto olhava diretamente para Dannah. — Se realmente deseja proteger Beorth, vá atrás de um homem chamado Gavorn Lezek. Ele pode aliviar suas preocupações.

— Farei o que for necessário para garantir a segurança de Beorth. — Dannah, com uma expressão de determinação renovada, assentiu.

Everza deu um leve aceno de cabeça, uma sombra de um sorriso triste nos lábios, antes de se virar e sair do templo, deixando Dannah em seus pensamentos, ponderando sobre as palavras enigmáticas da Rainha. A jovem noiva, agora com um propósito mais claro, decidiu que encontraria Gavorn Lezek, acreditando que essa busca a aproximaria da proteção que tanto desejava para seu amado.

Do outro lado, Beorth estava montado em seu cavalo, sentindo a chuva leve e fria que caía sobre o campo de batalha. As gotas se misturavam com o suor em sua testa, formando pequenos riachos que desciam por seu rosto. O céu estava coberto por nuvens cinzentas, dando um tom sombrio ao cenário diante dele. Eles estavam próximos da vila de Brakhar, o objetivo de sua investida.

Um batedor retornara havia pouco, ofegante, com a notícia de que o exército inimigo estava posicionado nos arredores da vila, pronto para defendê-la. Niegel, com seu porte imponente e armadura reluzente, ergueu a voz sobre o murmúrio dos soldados.

— Todos se preparem! — ordenou Niegel. — Vamos tomar o controle deste lugar e seguir em direção ao lorde inimigo, Jarl Sverrik.

Beorth permanecia tenso, a ansiedade e a responsabilidade pesando em seus ombros. Ele se forçou a manter a calma, tentando não pensar em Maya e no que essa batalha poderia significar para ela e para a aldeia fronteiriça que ele tanto prezava.

O Crepúsculo Das CorujasOnde histórias criam vida. Descubra agora