Sementes

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A menina caminhava distraída, olhando para o céu e imaginando desenhos nas nuvens. Até que ela chegou aonde desejava, o grande Prado Encantado, encontrando lá mais um grupo de pessoas, rostos desconhecidos até então, totalmente indiferentes ao fato dos diversos ataques dos Grimes ao reino. A menina observava tudo com grande curiosidade, cada detalhe do prado. Ela já havia o visitado antes mas na Terra de Ninguém, tudo é mutável, tudo é novo, até mesmo para os habitantes. 

Ela sorriu ao perceber que ainda haviam sementes em seu bolso, logo se apressou para plantá-las. Todos ali conversavam e riam, era possível ouvir o canto dos pássaros e outros inúmeros sons, podiam até ouvir o som - o tilintar - dos raios de sol chegando a eles e, iluminando. As coisas eram assim naquela Terra de Ninguém.

Logo que a menina colocou as sementes sobre a terra, surgiram lindas flores laranjas. A garota sorriu ao ver seu trabalho completo. E agora precisava ir, não havia destino certo, um novo caminho seria traçado, como disse, tudo é sempre novo aqui. 

Se despedindo dos outros ela se foi, e mesmo seguindo suas pegadas que já desapareciam, nada era como antes, nenhuma árvore estava no mesmo lugar, nenhuma flor ou qualquer outra coisa. A menina se assustou quando ouviu passos atrás dela, se virou rapidamente para encontrar o perigo, se preparando para correr se fosse necessário. 

Ela respirou aliviada ao ver que era uma menina de cabelos castanhos, quase da cor dos dela, e um pouco mais alta. A outra menina parecia envergonhada mas logo deu alguns passos a frente. 

- Me desculpe, eu não queria te assustar. - a menina mais velha disse. 

- Tudo bem. - a pequena riu - Só não faça mais isso. 

As duas riram e a menina mais velha continuou a dizer: 

- Foi você quem plantou as flores laranjas no Prado Encantado? 

- Sim. - a pequena logo respondeu. 

- Eu adorei, são tão adoráveis e me fizeram sorrir. 

- Ah, obrigada. Que bom que gostou. - ela riu. - Mas não tem nada demais.

- Pode não ter para você - a mais velha dizia. - mas para mim teve. 

- Se assim diz... 

- E assim eu digo. 

- Prazer, eu sou Claryssa. 

- Olá Claryssa. - ela sorriu. - Eu sou Lígia. 

- Você tem um belo nome. - Claryssa disse.

- Você também. - Lígia sorriu. 

- Pode me chamar de Clary. 

- Certo, Clary. 

As duas passaram a caminhar juntas, conversando sobre diversos assuntos, rindo e brincando. Apesar da diferença de idade, as duas se entendiam como ninguém, foi uma amizade instantânea, não sei qual é a mais madura ou a mais infantil, só sei que de algum modo as duas se faziam muito bem, como uma família, irmãs. E enquanto uma era mais reclusa e sensata, a outra era mais alegre e "saltitante". Uma sempre foi o oposto da outra e ao mesmo tempo eram quase a mesma coisa, uma completava a outra. 

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