Capítulo 1: A Manhã Dourada

5 1 1
                                    


Os primeiros raios de sol da manhã pintavam o céu com tons de rosa e dourado, anunciando um dia promissor no vilarejo de Valedourado. Clara acordou com o canto suave dos passarinhos e o aroma fresco das flores que entrava pela janela aberta de seu quarto. Ela se espreguiçou lentamente, saboreando os momentos tranquilos antes do início de mais um dia de colheita.

Vestindo sua blusa azul favorita e a saia vermelha que havia herdado de sua avó, Clara se olhou no espelho e sorriu. Hoje seria um dia especial, um dia para celebrar a colheita das maçãs que ela havia cuidado com tanto carinho durante o ano.

Descendo as escadas de madeira rangente, Clara foi recebida pelo aroma inebriante do café fresco que sua mãe, Dona Helena, já havia preparado. A cozinha da casa era simples, mas aconchegante, com prateleiras cheias de compotas e pães caseiros. Dona Helena, com seu sorriso caloroso e olhos brilhantes, estava ocupada preparando um bolo de maçã, uma tradição da família para a época da colheita.

- Bom dia, meu anjo, - disse Dona Helena, ao ver Clara entrar na cozinha. - Hoje o dia promete ser lindo, perfeito para a colheita.

- Bom dia, mamãe, - respondeu Clara, dando um beijo carinhoso na mãe. - Estou tão animada! Espero que tenhamos uma boa colheita este ano.

Após um café da manhã reforçado, Clara pegou sua cesta de vime e saiu para o campo. O ar estava fresco e puro, e ela podia ouvir o som distante das folhas balançando ao vento e dos riachos murmurantes. Caminhando pelo pomar, Clara sentia uma profunda conexão com a terra e com cada árvore frutífera que ali crescia.

No pomar, as maçãs brilhavam como jóias sob o sol da manhã. Clara começou a colher as frutas, escolhendo cuidadosamente as mais maduras e vermelhas. Enquanto trabalhava, ela cantava uma antiga canção folclórica, cuja melodia alegre ecoava pelos campos e atraía a atenção dos animais da fazenda.

Logo, o som de cascos se aproximando fez Clara levantar a cabeça. Era Joaquim, um jovem fazendeiro e amigo de infância, montado em seu cavalo branco, Estrela. Ele acenou alegremente e se aproximou com um sorriso no rosto.

- Bom dia, Clara! Vejo que começou cedo hoje, - disse Joaquim, desmontando do cavalo.

- Bom dia, Joaquim! Sim, o dia está perfeito para a colheita, - respondeu Clara, sentindo seu coração bater um pouco mais rápido ao vê-lo.

Os dois amigos começaram a trabalhar juntos, conversando sobre as novidades do vilarejo e rindo das lembranças da infância. Cada maçã colhida representava mais do que apenas alimento; era um símbolo da união e da prosperidade que aquela terra lhes proporcionava.

Enquanto Clara e Joaquim continuavam a colheita, o sol subia lentamente no céu, aquecendo o campo e banhando tudo com uma luz dourada. As risadas e conversas dos dois preenchiam o ar, tornando o trabalho árduo mais leve e agradável.

- Você se lembra daquela vez que tentamos construir uma casa na árvore? - perguntou Joaquim, rindo ao lembrar da memória.

- Como poderia esquecer? Passamos uma semana inteira juntando madeira e ferramentas, apenas para perceber que não sabíamos nem por onde começar, - respondeu Clara, rindo também. - Foi quando seu pai veio nos ajudar e acabou fazendo quase tudo sozinho.

- Sim, mas foi divertido mesmo assim, - disse Joaquim, olhando com carinho para Clara. - Esses momentos são preciosos.

Clara sorriu, sentindo a mesma sensação de felicidade que tinha quando criança. Havia algo especial em compartilhar esses momentos com Joaquim, alguém que conhecia tão bem e com quem tinha tantas lembranças. Enquanto continuavam a colheita, o som dos cascos de cavalo se aproximando novamente chamou a atenção deles.

O Encanto da Colheita: Um Dia no CampoOnde histórias criam vida. Descubra agora