Mudanças acontecem

359 29 106
                                    

Eu sentia um calor ardente a minha volta, junto com ventos fortes, não conseguia enxergar nada direito. Uma luz cegante e pequenos "grãos" tentando entrar em meu olhos me impediam de abri-los, mas assim que consegui vi a areia em grande quantidade e o vasto vazio da minha terra natal.

Vi alguns flashs muito rápidos de partes da minha vida antes de vir pro Brasil, da minha infância nas ruas até o dia em que morri. Era doloroso assistir meu próprio fim, totalmente esmagado por uma enorme pedra.

Lentamente, o cenário começou a mudar, era um local familiar, uma rua bem vazia. Me sentia perdido, meio desclocado, como se aquele não fosse o meu lugar.

Até uma voz ecoar em minha mente, ela era doce e acolhedora, vi um garoto ao meu lado, seus olhos brilhavam de uma forma diferente.

—A quanto tempo, Ravi. —Ele se tornou um treco feito de sombra, parecia algum tipo de demônio.

Vi a bela luz de seus olhos se tornar ameaçadora,  como se quisesseme caçar, como se me caçasse há tempos. Ele me segurou pelo braço, sua cara continha um sorriso, eu sei que ele escondia intenções sombrias.

—Você sumiu por anos, por quê? —Sentia ele apertar cada vez mais o meu braço. —Você confia em mim, não confia? Por que nunca me responde?

Tudo o que eu queria era fugir, consegui me soltar e rapidamente me afastei, vendo o céu se escurecer em velocidade anormal. Ainda podia ouvir os passos dele atrás de mim, cada vez mais próximos.

Virei uma esquina e me escondi atrás de um carro na esperançade despistá-lo, meu coração disparado e minha respiração desregulada. Eu estava desesperado, a única coisa que consegui fazer foi pegar meu telefone e tentar ligar para alguém, qualquer pessoa. Meus dedos tremiam tanto que mal conseguia digitar os números.

—Por favor, me ajude... —Sussurrei, lágrimas escorrendo pelo rosto. —Yuna, por favor...atende.

Aguardei um pouco, mas o tempo de espera encerrou. Eu estava sozinho, perdido no meio da rua, com frio e medo. O rosto do homem aparecia em meu aquela escuridão, seu sorriso era cruel.

De repente, tudo parou, mas ainda meio distorcido. As cores eram opressivas, as risadas das crianças soavam como gritos de desespero. Ele estava ali, porém, agora tinha uma expressão gentil.

"Por que ele é assim?"

Por algum motivo, eu ainda queria gritar, mas nenhum som sairia. Sentia-me pequeno, impotente diante das sombras ao meu redor, que pareciam tentar me sufocar, enquanto ele só assistia.

—Está contente? Pessoas ruins merecem esse tipo de coisa, mas ainda há tempo de mudar. —Tinha lábia e sabia dialogar, mas não disse seu nomе, me parecia familiar.

—O-o que? Do que está falando!? —Eu me senti cada vez menos a sanidade, já não conseguia distinguir se isso era real ou não.

—Do que estou falando? Bem engraçado você dizer isso depois de me abandonar, que tipo de amigo você é, Raviel? —Vi seus olhos verdes brilharem, com toque mínimo de azar,
e um pouco de morte trazido de outro lugar.

Antes de mais nada perdi a consciência...

[Fim do pesadelo]

Despertei com um sobressalto, meu coração batendo forte no peito, minha respiração totalmente irregular. Olhei o ambiente em volta, eram as paredes do meu quarto, mesmo sabendo disso pânico do pesadelo ainda me dominava. As palavras de Nolan ainda ecoavam em minha mente, havia somente a sensação de descontrole.

Sentei-me na cama, ofegante, empurrei meu cabelo para trás com a mão, sentido o suor em minha testa. Eu tentava dissipar quaisquer pensamentos ruins e me recompor logo, mas o silêncio do quarto não ajudava.

A Minha Canção Favorita Onde histórias criam vida. Descubra agora