8:13 am.
Onde estou?
Procuro ao redor. Algum sinal de vida? Vestígios de o quê aconteceu noite passada ou como vim parar aqui? Mas que lugar é esse?
Ok, deixa eu me encontrar. Estou em uma varanda, no chão sob a luz do sol. Acordei sobre uma manta que nunca vi antes, e a parte que não está por baixo de mim, me cobre por inteiro. Tudo o que sinto são dores nas pernas e atrás, na lombar. E também tem... Ai, que dor de cabeça! Deve ser o barulho dos carros lá embaixo, que não param de buzinar. Ué...
Olho lá embaixo, através da varanda de vidro. Por que tem carros parados em frente a casa? E por que os motoristas estão sorrindo para mim? Será que é para mim?
Me viro para trás tão rápido que minha cabeça dói. Não tem ninguém. Apenas uma porta que dá para dentro da casa. Assim que vejo meu celular no chão, pego para olhar a hora e o dia -- perdi totalmente a noção de tempo e espaço. O minuto muda de 14 para 15. Oito e quinze! Eu devia estar na escola, hoje tem a aula do curso de moda.
Tiro a manta e me apresso para levantar, mas... Cadê minhas roupas? Estou só de calcinha. Procuro pelo chão, coçando a cabeça para lembrar onde deixei. Devem estar no quarto.
Assim que mais buzinas tocam eu corro para abrir a porta. Pervertidos safados! Em plenas oito da manhã? Espero que não tenham fotografado meus peitos! Porém, a porta não abre.
Tento girar a maçaneta, mas nada. Bato com insistência.
-- Ei! Alguém abre essa porta!
Mais buzinas.
Soco a porta. Ninguém abre.
Me viro tapando os seios e penso em outra alternativa. Não tem nenhuma escada para puxar lá para baixo. Tudo o que vejo que me impede de pular dessa altura, é uma mini árvore crescendo no chão. Respiro fundo.
-- Você vai cair daí, menina! -- um motorista grita -- Deixa que eu te pego e levo no meu carro.
Com isso mais deles riem rondando a casa. Nem morta eu vou pegar carona com algum desses pervertidos. Então eu faço o inevitável. Prendo o celular na calcinha, ao quadril, e me apoio na varanda.
Passo uma perna após a outro para fora, e estou mais próxima de cair. O suor frio faz uma linha fina na testa, mas aí eu pulo para acertar a mini-árvore.
Não acerto. Só consegui agarrar num galho que se partiu dela com o meu peso, o que amenizou um pouco a queda. Só devo ter ralado a bunda e os cotovelos.
-- Ai. -- Me levanto do chão e tento não ligar para nenhum dos carros loucos.
Avisto minhas roupas espalhadas, formando uma trilha até a porta principal. Vou correndo e cato uma por uma, vestindo-as ali mesmo na entrada.
Murmuro para mim mesma quando estou pegando a bolsa:-- Quem foi o maluco que me deixou assim?
Saio correndo em busca de um ponto de ônibus, me xingando internamente por todo o caminho de volta para casa.
(...)
-- Quer dizer que você acordou seminua na varanda de desconhecidos, e não se lembra de nada do que aconteceu? -- Bárbara pergunta como quem se segura para não rir.
Eu consegui chegar à escola depois que saí de lá -- na terceira aula, mas cheguei. Realmente não havia ninguém na casa, descobri depois de toda algazarra dos carros e ninguém saiu para ver o que era. Se eu estivesse contando isso para um homem, ele só notaria que eu saí de fininho da casa de alguém, tal qual uma prostituta.
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Destruição Viciosa
JugendliteraturÉ possível que mentiras, apostas, mentes confusas e paixões repentinas destruam amizades de longa data? A vida no Colégio Alternative estava indo ótima para essas meninas, até a hora em que um grupo de melhores amigos - os meninos mais populares da...