(Narração pela autora).
As manhãs no colégio Alternative eram comuns e, na maior parte do tempo, agradáveis. Ali os estudantes não tinham que se desgastar tanto com as matérias fundamentais, pois davam prioridade ao extracurricular. Cada um deveria decidir o que queria fazer e então organizar seus estudos em cima disso. Haveria apenas uma prova no final de cada semestre para verificar se estavam indo bem, e se desejavam trocar de curso.
Era como uma pré-universidade. Sendo assim, os alunos estavam tranquilos naquela semana seguinte ao ano novo.
Logo no jardim do colégio, local onde todos se reuniam, estavam Lexi e Eleanor sentadas em um banco. Ambas optaram por não usar o uniforme oferecido pela escola, assim como a maioria dos estudantes. A conversa fluía bem, e isso se dava pela alternância entre a profundidade e a palhaçada dessas duas.
Depois que elas se encontraram, poucos minutos antes da aula, entraram em um tema sobre seus familiares. Então Eleanor aproveitou para contar como conseguiu destruir um jantar de natal em família na semana retrasada.
-- Não entendo como uma simples pergunta seria capaz de estragar um jantar em família. -- Lexi diz, desembrulhando uma barrinha de cereal. Nesta manhã ela optou por prender seus cachos em um rabo de cavalo baixo, e estava linda com a jaqueta verde que sempre costuma usar.
Eleanor revira os olhos.
-- Você não conheceu toda a minha família, Lexi. Discutem por qualquer coisinha.
-- Não conheço sua família, mas conheço você. -- Estreita os olhos para a amiga -- O que você perguntou?
Eleanor pega a barrinha de sua mão e dá uma mordida.
Sua personalidade condizia com sua escolha de roupas. Logo hoje, ela pegou a primeira camisa que viu. Uma que dizia "fumar faz bem para o meio ambiente porque mata os seres humanos", e também uma calça cargo preta. Eleanor não ligava para a opinião alheia, pois sabia que estava no caminho certo das coisas. Ela era esforçada, corajosa e confiante.
Ela responde à amiga, antes de dar um sorrisinho sacana:
-- Perguntei quem da família eles sacrificariam a jogar de um avião.
-- Meu Deus, Eleanor! -- Repreende, porém querendo rir.
-- Ah, não me julga. Nem é para tanto. -- diz, devolvendo a barrinha para Lexi -- Eu só quis fazer um teste.
-- Queria ver se eles matariam um ao outro ali mesmo?
-- Não. Um teste para ver como eles reagiriam à situação de não saber em quem confiar. -- Eleanor dá de ombros -- Sabe, para me ajudar nas aulas de atuação.
-- Você é doida, Lea.
-- Não tanto quanto eles. Você tinha que ver, Lexi, ninguém se ofereceu como sacrifício. Todo mundo apontou para o meu tio, a princípio, por conta do peso extra. Depois começaram com uma lista e marcaram até o meu nome. O meu nome! E era a minha mãe quem estava escrevendo.
-- Uau.
-- Pois é. "Família".
Lea revira os olhos. Por mais que pareça que a situação a incomodou, ela já se acostumou com o caos de sua família.
Elas conversam mais um pouco, e não demora muito para que o sinal -- uma música do Coldplay -- toque. Uma multidão de alunos apressados entram correndo pelas portas. Lexi e Eleanor vão andando em passos lentos para não serem atropeladas por eles.
O interior do colégio é um espaço comum e aconchegante. Os alunos podem se sentir a vontade para personalizar seus armários com o que quiserem, o que traz aos corredores um ar mais jovial e alegre. As portas das salas são todas numeradas e possuem as listas de chamada coladas à parede. Os professores são os únicos obrigados a usar o uniforme, mas isso só os torna parecidos com alunos, pois a maioria dos contratados têm até 35 anos.
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Destruição Viciosa
Roman pour AdolescentsÉ possível que mentiras, apostas, mentes confusas e paixões repentinas destruam amizades de longa data? A vida no Colégio Alternative estava indo ótima para essas meninas, até a hora em que um grupo de melhores amigos - os meninos mais populares da...