Faço o meu preparo de todos os dias antes de realizar uma cena. Respiro fundo, 3 vezes. Ajusto meu tom de voz de acordo com a emoção que quero passar. Visualizo a mim na pele da personagem, e me esforço para fazer expressões convincentes. Já posso me ver vestida com a mesma roupa que ela usaria nessa ocasião.
É isso, estou pronta. Pronta mais do que nunca para me desfazer de mim e assumir as dores e traumas que essa personagem, tão humilhada por ela mesma, sofreu.
Decido começar somente da parte que eu falo, e na hora da prova poderei contar com um colega que fará papel de apoio.
-- Como eu faço então? Hã? Por acaso você acha que é fácil simplesmente mudar um sentimento de uma hora para a outra? É fácil para você seguir em frente, porque desconfio que nunca chegou a me amar de verdade. Mas tudo bem, não tem problema. Foi só uma crise, meu amor, vamos passar por isso juntos. Fomos feitos um para o outro, meu amor. E, meu amor, eu não acho que... -- espera, eu repeti "meu amor" quantas vezes?
Caralho.
Fico frustrada por errar e tenho que respirar fundo mais de uma vez. Tudo de novo. E de novo. E de novo, até ficar bom. De novo. Estou me preocupando demais, até porque falta meio ano para entrarmos de férias, mas eu sou obrigada a ser assim. Não vou parar até estar aonde eu quero: meu lugar como estrela de Hollywood, e meu rosto estampado nos catálogos gigantescos dos cinemas.
Também não vejo a hora de sumir daqui.
Eu estava novamente prestes a encenar, porém meus olhos vaguearam sem rumo pela sala de dança assim que senti uma presença estranha -- um tanto negativa -- me observar. E lá estava ela, parada na porta entreaberta, olhando fixamente para mim. Na verdade, não era nenhuma assombração, só um muleque esquisito que eu discuti outro dia.
-- Perdeu alguma coisa?
Ele não responde.
Que saco. Eu só vim até a sala de dança porque sabia que não teria ninguém aqui. Preciso de um espaço para ensaiar, e não posso fazer na frente dos meus colegas atores, na sala de atuação. Ele não pode só se mandar daqui?
-- Garoto, vai ficar aí me encarando? Me dá licença porque eu quero ensaiar em paz.
Vou até a porta para fechá-la, mas ele de repente dá dois passos e adentra a sala. Continua me olhando feito um sociopata.
-- O quê você quer? Diz logo.
Dá de ombros.
-- Só estava passando.
-- Eu preciso da sala.
-- É sua. Fique a vontade.
-- Como? Se você está aqui. -- cruzo os braços e o olho de cima a baixo, não é tão maior do que eu.
-- Ah. Não é a minha intenção te deixar desconfortável. Vou embora.
-- Ótimo.
-- Mas antes...
Ai que ódio.
-- Seu nome é Eleanor, não é? Eu tenho certeza disso, porque te mandei um convite para uma festa na mansão da minha família.
-- Você mandou? Eu não recebi. -- minto -- Por que me daria um convite se eu insultei você?
-- Pra você ir até lá e se desculpar.
Ergo uma sobrancelha. Quem ele pensa que é?
-- Ainda espera que eu faça isso?
-- Não precisa mais ir à festa, não vou te convidar de novo. E o pedido de desculpas pode ser depois do fim de semana.
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Destruição Viciosa
Novela JuvenilÉ possível que mentiras, apostas, mentes confusas e paixões repentinas destruam amizades de longa data? A vida no Colégio Alternative estava indo ótima para essas meninas, até a hora em que um grupo de melhores amigos - os meninos mais populares da...