One Shot 11. Vinho & Discussão

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P.O.V. Juliana

Eu observava o pôr-do-sol, sentada no terraço da mansão dos Carvajal. O céu estava tingido de laranja e rosa, mas eu não conseguia apreciar a beleza da cena. Valentina, ao meu lado, segurava uma taça de vinho, e eu podia sentir a tensão no ar. O silêncio entre nós era pesado.

Ela estava distante, com a expressão fechada e os olhos vermelhos. Eu notei a aspereza nos seus gestos, o modo como ela segurava a taça com força demais, quase como se estivesse tentando se controlar. Eu sabia que algo estava errado.

— Valentina — comecei, com a voz baixa — Você tá bem?

Ela não respondeu de imediato, apenas deu um gole no vinho e manteve os olhos fixos no horizonte. Eu podia ver a linha de tensão em sua mandíbula, o esforço em manter uma fachada.

— Val — insisti, tocando levemente seu braço — Você sabe que pode falar comigo, certo?

Finalmente, ela se virou para me encarar. Seus olhos estavam vermelhos e vidrados, e eu senti um aperto no coração. Eu conhecia esse olhar. Era o mesmo que Valentina tinha nos piores momentos, aqueles que eu temia que estivessem voltando.

— Eu estou bem, Juliana — respondeu, com a voz mais áspera do que o habitual — Só... Eu só preciso de um tempo.

— Você tá diferente, Valentina — eu não estava convencida — O que está acontecendo?

— Não é nada que você precise se preocupar, Juls. Só estou lidando com coisas demais.

— Você se drogou antes de vir pra casa?

Eu sentia um nó na garganta. A pergunta saiu antes que eu pudesse me conter, mas era algo que eu precisava saber.

Ela não respondeu imediatamente. Em vez disso, ela tomou outro gole do vinho, olhando para o horizonte. 

— Não é nada demais, Juliana — suavizou a voz — Só preciso de um tempo pra mim.

Eu respirei fundo, tentando manter a calma, mas a preocupação e a frustração estavam se acumulando dentro de mim. Eu precisava de respostas.

— Valentina — disse, com a voz mais firme dessa vez — Você se drogou antes de vir pra casa?

— Quantas vezes você vai me perguntar isso, Juliana?

Ela se virou abruptamente, com os olhos brilhando de raiva. Praticamente gritou, levantando-se com tanta força que a taça caiu, derramando o líquido vermelho no chão. Fiquei de pé também.

— Quantas vezes forem necessárias até você me dar uma resposta honesta, Valentina!

— Eu já disse que estou lidando com coisas — retrucou — Por que você simplesmente não pode confiar em mim?

— Porque eu te conheço, Val — respondi, com as mãos tremendo — Eu sei quando você está escondendo algo de mim, e eu tô preocupada!

Ela começou a andar de um lado para o outro, com as mãos correndo pelo cabelo em gestos agitados. Ela não estava apenas perdida, mas também vulnerável.

— Você acha que é fácil pra mim? Você acha que eu não sei que tô fodendo tudo?

— Eu só quero te ajudar, Valentina. Você precisa ser honesta comigo.

— Honesta? — riu amargamente — Você quer honestidade, Juliana? Sim, eu usei drogas. Porque às vezes eu não sei lidar com tudo isso! Com a pressão, com as expectativas, com tudo!

Eu senti as lágrimas brotarem em meus olhos. Dei um passo à frente, tentando alcançar minha namorada, mas ela recuou.

— Não — Valentina disse, com a voz mais baixa agora — Não toca em mim agora. Eu não quero ser consolada!

Juliantina - Construindo Uma Vida (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora