Ligadas pelo amor - Narol

Tensão

oiii, tá aqui mais um, espero que gostem. boa leitura!

Natalia

- Então quer dizer que houve mesmo uma troca e a Júlia não é sua filha biológica? - perguntou Helena, a voz cheia de incredulidade e preocupação. Ela estava sentada no sofá de couro da sala de estar de Natalia, com uma taça de vinho na mão, a postura relaxada, mas os olhos fixos na amiga.

Natalia suspirou profundamente, sentindo o peso da verdade se instalar mais uma vez sobre seus ombros. Ela olhou para a amiga de longa data, cuja expressão alternava entre choque e empatia, e tentou encontrar as palavras certas. Era difícil falar sobre isso, mas sabia que Helena estava doida para saber o que aconteceu na reunião.

- Sim, Helena, houve uma troca. Eu ainda mal consigo acreditar - respondeu Natalia, a voz trêmula. Ela apertou a ponta dos dedos contra as têmporas, tentando aliviar a pressão na cabeça. - Nós fomos à clínica, e quando a outra família entrou na sala... meu Deus, foi uma certeza instantânea, foi como se eu estivesse em um mundo refletido, como se olhasse para um espelho.

Helena arqueou uma sobrancelha, tentando processar a informação. Ela balançou a taça de vinho, observando o líquido vermelho rodopiar.

- Um espelho?

Natalia assentiu, os olhos fixos no chão, como se ainda estivesse vendo a cena se desenrolar diante dela.

- Sim. Júlia se parece tanto com a mãe biológica dela, Carol. É assustador. Os mesmos olhos, o mesmo sorriso... até alguns gestos que ela faz. Foi como se eu estivesse vendo uma versão da Júlia que eu nunca conheci.

Helena balançou a cabeça lentamente, absorvendo cada detalhe. O ceticismo inicial deu lugar a uma compreensão mais profunda.

- E como você se sentiu? Digo, ao ver isso tudo?

Natalia hesitou, passando as mãos pelos cabelos em um gesto de frustração e cansaço. Seus dedos tremiam levemente, refletindo o turbilhão de emoções que sentia.

- Assustada, confusa... e, de certa forma, aliviada. Pelo menos agora sabemos a verdade. Mas ao mesmo tempo, tô morrendo de medo de perder a Júlia. Ela sempre foi minha filha, mesmo que agora eu saiba que não é de sangue.

Helena segurou a mão de Natalia, apertando-a com força, seu toque firme e reconfortante.

- Ninguém vai tirar a Júlia de você, Nat. Ela é sua filha em todos os sentidos que importam. Sangue não faz uma família. Amor faz.

Natalia sentiu as lágrimas queimando seus olhos, mas ela se recusou a deixá-las cair. A força das palavras de Helena a confortou um pouco, mas havia algo que ainda a incomodava profundamente. Ela sabia que Helena estava certa, mas a realidade era mais complexa do que qualquer frase de conforto poderia expressar.

- Obrigada, Helena. Eu sei que você está certa. Mas ainda é sufocante aceitar a ideia - Natalia disse, sua voz tremendo ligeiramente. Ela olhou para a janela, onde a luz do sol começava a desaparecer, lançando longas sombras pela sala.

Helena acenou com a cabeça, demonstrando sua compreensão, e em seguida encarou Natalia, a curiosidade evidente em seu olhar.

- Mas e a outra garota? Por que você ainda não falou sobre ela? Como ela é?

Natalia respirou fundo, sentindo um aperto no coração ao lembrar da menina. Era uma dor que ela não conseguia explicar, um misto de perda e descoberta que a deixava atordoada.

- Ana Luiza é... complicada. Ela é idêntica a mim quando eu era mais jovem, aí que entra a parte do espelho para mim também. Sarcástica, rebelde. Ela tem um ar de independência que eu reconheço, mas parece mais contida do que Júlia. Acho que ela está tendo dificuldades em processar tudo isso, e não posso culpá-la.