Dor

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Capela San Hashirama, São Francisco - Eua

(Missa de sétimo dia)

As velas tremulavam suavemente, lançando sombras dançantes pelas paredes frias da Capela San Hashirama.

Eu me encontro sentada no banco de madeira polida, minha figura envolta em um véu de tristeza e saudade.

As palavras do padre ecoam ao meu redor, mas tudo o que consigo ouvir é o som ensurdecedor do vazio deixado pela partida de Naruto.

Meus dedos se enroscam no tecido do lenço que segura minha face, tentando conter as lágrimas que ameaçam transbordar a qualquer momento.

Olho para o altar à minha frente, onde uma fotografia de Naruto sorri para mim, um sorriso congelado no tempo que parece zombar da minha dor.

Lembro-me dos momentos felizes que compartilhamos juntos, das risadas que ecoavam pelos corredores da nossa casa e dos sonhos que construímos lado a lado.

E agora, tudo o que resta são lembranças dolorosas e um vazio que parece impossível de preencher.

Sinto um aperto no peito ao lembrar da última vez que vi seu sorriso, da última vez que segurei sua mão, da última vez que ouvi sua risada contagiosa.

A dor da perda parece insuportável, uma ferida aberta que nunca cicatrizará completamente.

Nossos familiares e amigos ainda não chegaram, ja estou aqui há algum tempo, não choro mais, sinto que ja esgotei todo meu estoque lacrimal, porém a dor aqui dentro continua a me dilacerar inteira, é difícil até mesmo de respirar.

Me aproximo do altar, pego a foto em minhas mãos, meu Naru, meu eterno Naru, por que ele insistiu em ir pros Alpes?

Ele era um aventureiro incurável, sempre metido em algum esporte incrível, ainda me lembro de quando ele me pediu em casamento em pleno ar, tínhamos pulado de paraquedas e em meio as nuvens eu fique noiva, isso foi há dez anos e agora estou aqui, ele me deixou fazendo o que mais amava, esquiar.

- Ele tava bonitão nesse dia.

Ouço a voz suave e conhecida, a mão pousadas em meu ombro me dando apoio.

- Sasuke.

- Hina.

Recebo um abraço de Sasuke, depois ficamos ali lado a lado, em total silêncio, noto as lágrimas correrem pelo rosto pálido, um choro silencioso mas ao mesmo tempo também me parece um grito ensurdecedor.

Eu não o vi chorar nem mesmo no velório, embora não tenha tido um corpo pra velar, Naruto e mais quatro esquiadores foram engolidos pela avalanche em Bariloche meses atrás, o resgate fez tudo que podia pra tentar chegar aos corpos.

- Você não podia ter deixado a gente aqui Dobe, não podia.

- Sasuke.

- Desculpa Hina, eu vim pra te dar apoio e não te deixar pior mas é que, como vai ser sem ele?

- É a pergunta que me faço todos os minutos, eu não tenho resposta pra isso.

- Isso não é justo, vocês se amavam tanto. Eu sinto muito.

- Obrigada por estar aqui, é importante pro Naru.

- Nunca imaginei passar por isso, enterrar meu irmão, doi demais Hinata.

Sasuke vai até o banco, se senta de cabeça baixa, eu permaneço ali próxima do altar, quero continuar pertinho do meu Naru, até o fim.

O resto de nossos amigos e familiares chegam aos poucos, cumprimento todos no automático, Sakura se aproxima com a pequena Sarada nos braços, olho pro Sasuke e a tensão entre eles é nítida.

- Hina...

- Obrigada por vir Saky.

- Eu nunca te deixaria amiga, ainda mais nesse momento.

- Obrigada, oi Sarada, está tão linda.

A pequena Uchiha sorri com os dois dentinhos sobressalentes, é a cópia fiel do pai, Sasuke a pega no colo e só então algum sorriso sai de seus lábios.

O sino toca anunciando que a missa está prestes a começar, ajeito o lenço em minha cabeça e me junto aos meus pais e meu irmão Neji, ainda não sei se estou pronta pra me despedir do amor da minha vida.

...

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