Elin Pallas
Escuto ao longe palavras desconexas povoarem a minha mente enquanto sinto uma maciez não costumeira sob meu corpo. Meu corpo está tão relaxado e pesado que mal consigo me mover, porém um pisca-alerta soa em minha cabeça-Mãe!
Forço meus olhos a abrirem a claridade logo chega a minha visão me causando desconforto, no impulso tento me levantar, minha mãe está em perigo, eles me pagaram -Minha mente fervilha, porém algo impede que eu levante, uma mão está levemente me impulsionando para abaixo de encontro novamente a maca.
- Minha criança você não pode se mover assim querida. Deite novamente, você está muito debilitada, já já alguns amigos vem conversar com você tudo bem?
- Ma..mas, dona Ame..melia minha mamãe, vim te..te pedir ajudar..uns homens maus en..entraram lá em ca..casa e machuram ela e eu fugi..por fa..favor ela pre..precisa de ajuda.- Me sento novamente, não queria está ali parada, eu querida ver minha mãe, queria que fossem logo ajuda-la. O desespero toma conta do meu corpo, eu sabia que no fundo algo de muito ruim havia acontecido.- Do..na Amélia, pu..favor. -Agarro em sua mãos e tento me levantar.
Dona Amélia se encosta na cabeceira da maca me puxando uma um abraço e faz uma carícia em meus cabelos.
-Xiuuu...minha pequena, vai ficar tudo bem, já foram lá em sua casa, jajá algumas pessoas vão vim conversar com você viu. Eu estarei aqui, não deixarei você sozinha.
-E..e minha mamãe?- A olho com expectativa. -Eu..eu posso vê co..como ela está?
Dona Amélia não diz nada e me abraça mais forte, sinto seu coração bater mais rápido, sua mão passa suavemente em meus cabelos.
-Do.dona Amélia.. po.favor? Começo a tremer, sinto meu corpo fora de controle e meu peito dói. Minha boca fica seca, a aperto com mais força.
- Meu amor, sabia que conheço você desde de que nasceu? Seus pais embora fossem discretos eram excelentes vizinhos, seu pai passava aqui e deixava algumas verduras sempre que ia vender na cidade. Pallas tinha um coração doce e bondoso como você. - Uma lágrima correu em meu rosto, ouvir sobre meu pai era um misto de emoções, saudades, dor e amor. - Depois que seu pai partiu eu não vi você nem sua mãe mais. As raras vezes que te vi pude claramente perceber que você se tornou tão bela quanto ela. Você a perfeitamente a mistura dos dois. Linda como sua mãe e uma doçura sensível como seu pai.
Não estava entendendo o porque que der repente dona Amélia estava falando dos meus pais, mas meu coração de certa forma estava sendo confortado.
- Eu mesmo vizinha e por trabalhar em outra cidade a via poucas vezes, porém sempre que podíamos eu e meu esposo conversávamos com sua mamãe. Dava para vê o quanto ela te amava e ia fazer de tudo da forma como ela podia e sabia para te proteger. A morte do seu papai foi difícil para ela.
-Po..posso vê a minha mamãe? -A olho suplicando..po..porque eu não posso vê-la?
-Sua mamãe pediu para você me entregar uma carta não foi?
-Hurru...
-Eu vi a carta, porque eu procurei seus documentos para dar entrada aqui no hospital.
Olho em volta, eu não tinha percebido ainda. Havia algo preso em meus braços, eu estava com curativos em toda parte e um vestido daqueles que usamos quando fazemos exames. Fui poucas vezes ao médico. Não gostava eu tinha medo e minha mamãe pouco me levava. Quando eu ficava doente era com as ervas que tínhamos no sítio que mamãe cuidava de mim.
-Elin, na carta sua mamãe pediu para cuida de você, pelo menos até você poder se cuidar sozinha.
-Po..porque? -Pergunto aflita me soltando do abraço. - Aonde mamãe está?
-Minha pequena menina, sua mamãe infelizmente...eu sinto muito Ellin...
Sentir uma dor tão grande. Novamente perdi alguém em que eu amava mais do que a minha própria vida. Eu não era nada e não tinha ninguém. Nem sei explicar como eu estou me sentindo.
Sozinha, perdida, com medo. Sem as pessoas que eu amo e sem o amor delas. Gostaria de poder não acordar mais, desejei por incontáveis vezes que isso acontecesse. A cada vez que abria os olhos naquele hospital a morte era algo que eu desejava.
Mais dona Amélia estava lá com um colo quente e um afago suave me consolando e se não fosse ela não saberia o que fazer. Eu ainda não sei o que fazer na verdade , não sei para onde vou e como vou sobreviver. Não tenho mais casa, nem mãe ou pai, não sei me cuidar sozinha, nunca sair do sítio, não terminei o ensino médio, nunca tive contato com muitas pessoas, tenho problemas emocionais e físicos. E pensar nisso além da dor da perca me trás muita ansiedade.
-Quebra de tempo-
- Criança - Dona Amélia senta na maca e passa as mãos quente pelo meu rosto em forma de carinho. Carinho esse que recebo com ânsia.- Está sentindo alguma dor?balanço a cabeça em negação.
-Que bom querida, você vai receber alta hoje.- Meus olhos se abrem, estou nervosa, para onde eu irei, passei 15 dias no hospital, não consegui ir ao sepultamento na minha mamãe, foi extremante doloroso ter que ficar repetindo para aqueles polícias o que aconteceu. E agora não sei para onde vou.
-Eu..eu vou voltar pa..para minha casa?
- Não querida, eu vou cuidar de você.- Amélia abrir um sorriso que esquenta meu coração.- Só que antes você vai ficar em um abrigo, mais por pouco tempo. Uma assistente social vai avaliar as nossas condições.
-O..o que isso quer dizer? Não po..poderei fi..car com a senhora?
- Não é isso querida, é porque eu já sou idosa sabe? E eu acabei de vender minha casa aqui, eu vou morar em outro lugar, será na casa no meu patrão e você embora já seja uma jovem quase de maior, precisa de alguns cuidados ai essas coisas precisam ser vistas direitinho.
-Hurru..- Abaixo a cabeça triste, não entendia bem o que dona Amélia queria dizer, mais confio nela e eu não teria outra escolha.
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-Um Lugar para Pallas-
Чиклит-Meus pulmões queimam a cada respiração, sinto-me tonta, porém obrigo minhas pernas a continuarem correndo. Parece uma eternidade que estou a fugir, meu corpo não responde mais as investidas para proseguir mesmo sem um destino certo. Paro contra vo...