Elin Pallas
-Não precisa ficar com medo, as tias daqui do abrigo são boazinhas, prometo vim buscar você viu. É só o tempo das documentações que a assistente social está fazendo sair. - Dona Amélia faz carinho em minha cabeça e solta um suspiro leve.
Ainda era bem cedo e já estávamos em frente a casa bem grandonda que ficarei enquanto dona Amélia não puder cuidar de mim. Estou com muito medo é tudo tão estranho e desconhecido.
Estou com muita, muita saudade da minha mãezinha, é uma dor no peito que não consigo descrever, pior do que todas as crises de pânico que já tive, porque mesmo que os dias passe ela não passa.
Graças ao meu querido e bondoso Deus, dona Amélia e o Senhor chefe dela eu pude me recuperar.
Pensado nele...Dona Amélia disse que ele me ajudou no momento que cheguei em sua casa e me levou para o hospital. O senhor chefe parecia ⁸mau também, mais me ajudou, e eu nem consegui agradecer.
-Do..dona Amélia.. não.. não preci..cisa se preocu..cupar comigo, eu..eu sei que a senho..ra tem mui..tá co..coisa pa...para fazer e não quero atrapalhar..- Tento não gaguejar e procuro falar o mais correto possível, quero que dona Amélia saiba que não sou sua responsabilidade. Embora meu interior grite e quer que ela me proteja e me segure firme. Porém eu sei que ela não tem obrigação disso.
Não posso ser um fardo para outra pessoa.
-Meu amor...Eu estou fazendo isso porque eu quero, porque você merece e porque você é um doce de menina. Por mim eu levava você hoje. Mais como vamos para outra cidade e como eu moro agora na casa do Dr. Eduardo eu preciso ver esses detalhes.
-Eu en..entendo titia.., des..desculpe Dona Am..mélia.- baixo minha cabeça com a confusão que fiz em chamar dona Amélia de titia, haa como eu queria que ela fosse alguém da minha família mesmo, sinto minhas bochechas quente de vergonha e medo dela não ter gostado, mas me surpreende com um abraço quentinho.
-Gostei do titia- Ela sorrir para mim e meu coração se aquece por um pouco.- Pode me chamar assim, sempre quiser.- Não consigo esconder o sorriso e a abraço de volta, meu rosto vai de encontro ao seu colo quente e fofinho, fecho os olhos e me acalento e por um momento penso que é o colo de minha mamãe e não consigo segurar o choro.
E choro, achei que não teria mais lágrimas para derramar e descobrir que posso ter um mar dentro de mim ainda para colocar para fora.
Silenciosamente, titia me consola em frente aquela grandona e entranha casa que ficarei a espera dela.
Adentramos e uma moça gordinha e baixinha nos recebeu. Ela era boazinha e fazia eu sorrir com suas brincadeiras. Ela foi mostrando a titia aonde as meninas dormiam e aonde eu ia dormir junto com elas, aonde íamos comer nossas comidinha e um grande jardim.
Achei muito bonito o jardim, as meninas brincando de idades variadas. Fiquei com muita vontade de ir até lá. Foram poucas as vezes que brinquei quando criança com outras crianças. Eu também não tiver muitos brinquedos depois que papai morreu.
-Quer ir lá?- A moça fofinha aponta para as meninas.- Tenho certeza que elas vão gostar de você!
Eu balanço negativamente a cabeça.
-Ela é tímida é tudo muito novo para ela- Titia sorri novamente para mim e eu fico com menos medo por casa disso.
-Então vamos dona Amélia e Elin, para minha sala para finalizarmos o processo.
...
-Acredito que em torno de uma semana eu consiga o documento que mostra que o local que em moro está apto para receber uma tutelada, renda também. - Dona Amélia diz séria e eu tento entender o que elas estão falando, embora eu estivesse com dúvidas eu não quis interromper e atrapalhar.
- Outra coisa.- A senhora fofinha olha diversos papéis e acha alguma coisa e mostra a dona Amélia.- Precisando uma um segunda opção como responsável.
-Porque?- sinto a tensão se formar entre as mulheres e fico tensa, será que talvez sem isso eu não consiga sair dessa casa grandona?
-A idade da senhora é um pouco avançada, e talvez surja uma implicação com relação a isso.
-Entendo vou providenciar. Muito obrigada.
....
Chegou a hora a dona Amélia partir foi doloroso mais a esperança que ela retorne e me leve para junto dela foi maior de que o desespero de está sozinha de novo.
O dia passou lentamente não consegui comer e não consegui conversar com nenhuma das meninas daqui. Na verdade fiquei com receio delas fazerem algum tipo de brincadeira de mal gosto porque causa da minha gagueira ou por que não consigo andar direito.
A noite chegou me deito no quarto grande junto com as outras meninas, a roupa que titia Amélia comprou para eu dormir e tão lindinha, um vestido rosa bem carinho, um pano fininho e macio com lacinhos nas manguinhas, as meias rosas como nuvens e o ursinho que ela também comprou me mantiveram quente nessa noite fria.
Não consigo dormir, tenho medo que os pesadelos venham e eu possa acordar alguém por isso estou tentando me manter acordada.
Alguém me balança divagar e me viro assustada.
-Elin, vinheram te buscar, vão te levar para casa, levante vamos logo.- Uma das cuidadoras que estava com as meninas me chama, fico tão feliz, não posso acreditar que dona Amélia tenha sido tão rápida.
-Vamos logo não podemos demorar.- A cuidadora me puxa gentilmente pelo meu braço.
-Ce..certo, vou arrumar rapidinho minha bolsa.
-Não precisa, a gente arruma pra você só vamos.- Ela me guia pelos corredores a passos rápidos estou feliz que nem me encomodo em tropeçar em meus próprios pés. Só deu tempo de pegar o ursinho. Olho para meus pés e me dou conta que também só estou de meias.
-Vamos Elin, estamos demorando. - A moça me conduz até uma saída e lá estava alguém me esperando.
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-Um Lugar para Pallas-
ChickLit-Meus pulmões queimam a cada respiração, sinto-me tonta, porém obrigo minhas pernas a continuarem correndo. Parece uma eternidade que estou a fugir, meu corpo não responde mais as investidas para proseguir mesmo sem um destino certo. Paro contra vo...